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A Resenha de Antropologia

Por:   •  21/5/2023  •  Abstract  •  1.301 Palavras (6 Páginas)  •  75 Visualizações

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No primeiro capítulo de o Pensamento Selvagem, Lévi Strauss compara o pensamento dos selvagens com o pensamento científico moderno, o primeiro ponto a ser observado é o de que para o autor o alcance das classificações do pensamento selvagem se dão em um âmbito mais concreto, enquanto que as formulações do pensamento científico se dão em preceitos abstratos, formulados através do que a ciência busca estabelecer como conhecimento. O autor também contesta a idéia de que o pensamento selvagem é capaz apenas de classificar o que lhes é útil baseado no trabalho de vários etnógrafos e viajantes, o autor prova e mostra a complexidade do pensamento de diversas tribos como por exemplo, os hannunos das filipinas que classificaram 450 categorias de animais organizadas por semelhança. Lévi Strauss conclui que um pensamento tão sistematicamente desenvolvido não pode estar simplesmente atrelado à função de utilidade prática das coisas, ou seja, isso indica que já no ideário selvagem havia a necessidade de se pensar por pensar, o objeto da classificação não diz respeito apenas à uma questão de ordem prática, mas também à uma necessidade intelectual de organização do mundo. O mundo sem uma correta discriminação das coisas seria semelhante ao caos. O autor demonstra como há a inserção de uma ordem no mundo e como as coisas precisam ser organizadas e classificadas para ser possível pensar e relacionar, e isso é inerente tanto ao pensamento selvagem, quanto ao pensamento científico moderno, a classificação e ordenação do mundo se faz necessária para que se evite a idéia do caos. Durante muito tempo, aprouve-nos mencionar línguas às quais faltam termos para exprimir conceitos como os de "árvore" ou de "animal", ainda que nelas se encontrem todos os nomes necessários para um inventário detalhado das espécies e das variedades. Mas, ao recorrer a esses casos como apoio de uma pretensa inépcia dos "primitivos" para o pensamento abstrato, omitiam-se outros exemplos que atestam não ser a riqueza em nomes abstratos unicamente o apanagio das línguas civilizadas. Em todas as línguas, aliás, o discurso e a sintaxe fornecem os recursos indispensáveis para suprir as lacunas do vocabulário. Eu ainda me recordo da hilaridade provocada entre meus amigos das ilhas Marquesas... pelo interesse demonstrado pelo botânico de nossa expedição de 1921 em relação às "ervas daninhas" sem nome que ele coletava e queria saber como se chamavam . Como nas linguagens profissionais, a proliferação conceitual corresponde a uma atenção mais firme em relação às propriedades do real, a um interesse mais desperto para as distinções que aí possam ser introduzidas. Essa ânsia de conhecimento objetivo constitui um dos aspectos mais negligenciados do pensamento daqueles que chamamos "primitivos". Se ele é raramente dirigido para realidades do mesmo nível daquelas às quais a ciência moderna está ligada, implica diligências intelectuais e métodos de observação semelhantes. Nos dois casos, o universo é objeto de pensamento, pelo menos como meio de satisfazer as necessidades. Mas, ignorando o segundo e considerando exclusivamente a primeira, a velha aristocrata havaiana nada mais faz que retomar, por conta de uma cultura indígena, invertendo-o a seu favor, o mesmo erro cometido por Malinowski quando pretendia que o interesse dos primitivos pelas plantas e animais totêmicos era-lhes inspirado unicamente pelos reclamos de seu estômago. Um traço característico dos negritos, que os distingue de seus vizinhos cristãos das planícies, é seu inesgotável conhecimento dos reinos vegetal e animal. Esse saber não implica somente a identificação específica de um número fenomenal de plantas, pássaros. O negrito está completamente integrado em seu ambiente e, coisa ainda mais importante. O agudo senso de observação dos pigmeus, sua consciência plena das relações entre a vida vegetal e a vida animal. São ilustrados de maneira impressionante por suas discussões sobre os hábitos dos morcegos. É assim que os negritos pinatubo conhecem e distinguem os hábitos de 15 espécies de morcegos. E não é menos verdade que sua classificação dos morcegos assim como a dos insetos, aves, mamíferos, peixes e plantas repousa principalmente nas semelhanças e nas diferenças físicas. Quase todos os homens enumeram com a maior facilidade os nomes específicos e descritivos de pelo menos 450 plantas, 75 aves. Mesmo uma criança pode muitas vezes identificar a espécie de uma árvore a partir de um mínimo fragmento de madeira e, mais ainda, o sexo dessa árvore, segundo as idéias que os indígenas mantêm a respeito do sexo dos vegetais, e isso observando a aparência da madeira e da casca, o cheiro, a dureza e outras características do mesmo tipo. Dezenas e dezenas de peixes e conchas são conhecidos por termos distintos, assim como suas características próprias, seus costumes e as diferenças sexuais dentro

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