¬Análise Crítica dos Processos de Modernização e o Racismo Epistêmico Positivista nos Processos de Pós Independências Latino-americanos;
Por: deadboysbr • 15/9/2021 • Exam • 1.706 Palavras (7 Páginas) • 183 Visualizações
Análise Crítica dos Processos de Modernização e o Racismo Epistêmico Positivista nos Processos de Pós Independências Latino-americanos;
Por Hirlan Delfino Lopes de Alcântara.
Durante o século XVIII, a Europa apresentaria um processo de modernização como um processo de emancipação da imaturidade pela a razão do processo crítico. Esta, por sua vez, seria regional e eurocêntrico, ignorando quaisquer aspectos culturais e político do mundo. O que tornaria a cultura europeia o centro do sistema mundial e apresentando outras culturas como sua periferia.
Assim, podemos observar na foto [f.1] um homem branco, Francês, sendo carregado por uma mulher indiana em um cesto. Este homem, era o François Pierre Rodier, Administrador colonial da França Indochina, que estava fazendo uma visita territorial (não-oficial) na área onde hoje é Myanmar. Em seu diário pessoal, descreve o seu espanto com a população que carregava nas costas crianças e idosos, bem como itens gerais em grandes quantidades em cestos. A esposa do tradutor e guia de Rodier é a mulher desta imagem, ele alegava que sua esposa era forte o suficiente para carregá-lo.
Empiricamente, a mulher foi oferecida para este serviço. Porém, não podemos descartar a possibilidade de que so fora ofertada para este serviço para agradar o Administrador, por se tratar de uma visita não-oficial, não temos documentos que comprovam esta fala, e sim apenas o diário de Rodier, que apresenta apenas o olhar do colonizador. Mas, metaforicamente, está analise pode nos levar a compreender a relação da Europa como um toldo, em relações a outras culturas. Por sua vez, o processo de colonização, foi um massacre para todos os povos e repleto de epistemicidios, com uma tentativa de apagar a história desses povos, considerados bárbaros. Está mulher, pode ser o símbolo que tentaria comprovar a inferioridade desses povos e a servidão dos mesmos, e o Rodier, o símbolo forte de mestre colonizador conquistador.
“Poder-se-á compreender que, ainda que toda cultura seja etnocêntrica, o etnocentrismo europeu moderno é o único que pretende identificar-se com a “universalidade-mundialidade”. O “eurocentrismo” da Modernidade é exatamente a confusão entre a universalidade abstrata com a mundialidade concreta hegemonizada pela Europa como “centro””. DUSSEL, Enrique. Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas;
Não só, mas também, há de se perceber que a Europa como continente, se mostrava cheia de ego conquiro [1] prático, que impôs sua vontade sobre as suas colônias, o que trouxera, em grande medida, acúmulos de riquezas, conhecimentos e experiências, que acumulará desde a conquista da América Latina. Sendo assim, nascendo o processo irracional que se oculta a seus próprios olhos. Ou seja, a “Modernidade” é a justificativa de uma prática irracional de violência.
Não Obstante, Enrique Dussel, apresenta uma segunda visão da “Modernidade”, num sentindo mundial e consistiria em definir a determinação fundamental do mundo moderno. Ou seja, em prática nunca houve História Mundial até 1492, inicio das operações do “sistema-mundo”, antes disso, os sistemas culturais coexistiam entre si. Apenas com a expansão portuguesa desde o século XV, que atinge o extremo oriente no século XVI, e com a invasão europeia na américa hispânica, todo o planeta se torna o “lugar” de “uma só” História Mundial.
“Propomos uma segunda visão da “Modernidade”, num sentido mundial, e consistiria em definir como determinação fundamental do mundo moderno o fato de ser (seus Estados, exércitos, economia, filosofia, etc.) “centro” da História Mundial. Ou seja, empiricamente nunca houve História Mundial até 1492 (como data de início da operação do “Sistema-mundo”) Antes dessa data, os impérios ou sistemas culturais coexistiam entre si. Apenas com a expansão portuguesa desde o século XV, que atinge o extremo oriente no século XVI, e com o descobrimento da América hispânica, todo o planeta se torna o “lugar” de “uma só” História Mundial (Magalhães-Elcano realiza a circunavegação da Terra em 1521)” DUSSEL, Enrique. Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas;
Esse Eurocentrismo esteve presente muito forte no ideal elitista de políticos e intelectuais na América Latina, ansiosas por alcançar os ideais de civilização e progresso europeus, inspiraram-se em teoria racialistas e positivistas desenvolvidas durante o séc. XIX, na Europa. Nessa perspectiva, as elites latino-americanas buscaram definir o que estariam dentro e o que estariam fora deles. Diante disso, sua intelectualidade procurou meios de mudar essa situação, entretanto, as propostas estiveram muito pautadas nas teorias cientificistas europeias.
É importante esclarecer que se parte da ideia de que, as teorias racistas e o positivismo, na América Latina, encontraram-se muito entrelaçados, formando um complexo “tecido” de ideias e práticas, tanto que, é difícil identificar os limites entre ambos. O positivismo e essas ideias racistas estavam totalmente seguras de que a ciência triunfara e se pautavam no conhecimento cientifico para formular suas teorias e métodos de ação.
As teorias racialistas baseavam-se em três pressupostos fundamentais: o primeiro partia da ideia de que os homens pertenciam a diferentes grupos denominados de “raças”; o segundo se refere à ideia de que o individuo era determinado pelo grupo ao qual pertencia; e, por último, a defesa de uma hierarquia entre as raças. Cada “raça” seria composta por homens que possuíam alguma unidade física, que determinaria características psicológicas e culturais. Sendo assim, essa hierarquia foi estabelecida a partir dos estudos da história das sociedades europeias, que, de acordo com os teóricos racialistas, revelavam uma inferioridade de outros povos, pertencentes a outras raças em relação aos europeus. Tais ideias traziam conceitos como “seleção natural” e “sobrevivência dos mais fortes”, estendida para o plano social. A configuração desse pensamento, está relacionada ao entusiasmo classificador do século XVIII, herdado pelo o positivismo.
O positivismo na américa latina se tornou mais forte entre as elites durante os processos de independências dos estados nacionais, tais “facções” das elites, os denominados liberais e conservadores. Aliado às ideias racistas, o positivismo, influenciou significativamente a intelectualidade. O cerne das proposições racistas mais recorrentes, foi organizado a partir do pensamento positivista, com a institucionalização do estado em fins do século anterior, os intelectuais positivistas latino-americanos assumiram a função de determinar o “contingente” nacional, o que significava estabelecer os que estariam presentes e os que ficariam de fora do projeto político. Indígenas, negros e mestiços, estavam associados à ideia de crise e fracasso frente ao progresso. Diante disso, muitos intelectuais culparam o povo pelo o atrasado do continente, uma vez que os percebiam incapazes de assimilar a ciência e a técnica. Eventualmente, foi formulado uma tese afim de “europeizar-se” a população latino-americana. A tese de branqueamento se constitui num processo de eugenia e se daria a partir de três fatores: influxo de imigrantes, estimulo à miscigenação e abandono da população negra, egressa da escravidão.
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