Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens – Jean-Jacques Rousseau
Por: Lucca Meireles • 28/9/2019 • Seminário • 2.036 Palavras (9 Páginas) • 399 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO[pic 1]
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA
ADMINISTRAÇÃO: 2019.2 / SEMESTRE 2019.2
DISCIPLINA: Fundamentos de Sociologia
DOCENTE: Jonatas Ferreira
DISCENTES: Álvaro José Numeriano de Sá Gomes, Beatriz Maria Tavares Silva, Jefte do Nascimento Fernando (Não compareceu no dia da apresentação do trabalho, 22/08), Raiza Joana do Nascimento
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O discurso de Rousseau fala sobre a origem da desigualdade entre os homens e divide esse texto em duas partes, falando sobre as três desigualdades primordiais: desigualdade física x natural, rico x pobre, senhores x escravos.
Rousseau explica que nossa primeira desigualdade, a desigualdade física e natural não é algo que possa ser mudado, já que foi algo determinado pela natureza e os homens aprenderam a viver com isso, algo que engloba idade, saúde e força. Ele define o direito natural em função do homem natural original, direito esses que são: A preservação do próprio indivíduo e o sentimento de misericórdia. O primeiro sentimento do homem seria a existência e preservação própria, vivendo das coisas da natureza e é isto que Rousseau defende: O homem em seu estado natural não possuía nenhuma maldade e deveria ter continuado nele, já que ter ido viver em sociedade e evoluir suas criações fez com que nascesse as desigualdades sociais e os sentimentos ruins em seu âmago.
De acordo com Rousseau, o homem natural era solitário, vivendo apenas do que a natureza lhe proporcionava e não pensava no futuro, mas em seu presente, era calmo e era naturalmente bom, sendo guiado pela compaixão e seus instintos eram baseados apenas em fome e dor, fazendo assim com que suprissem suas necessidades dia após dia, com um detalhe que o diferenciava dos outros animais, que seria a sua liberdade e sua perfectibilidade, a habilidade se sempre se aperfeiçoar. Foi assim que o homem conseguiu viver na natureza, onde mesmo que lhe faltasse alguma característica, ela seria compensada por outra, também sempre aprimorando suas habilidades, sem a completa noção do que seria as desigualdades.
Rousseau diz que a desigualdade entre os homens começou com a criação de sociedades. O primeiro progresso da desigualdade entre os homens foi a propriedade privada. Segundo as ideias de Rousseau, a partir do momento em que um homem toma para si alguns pedaços de terra, criando um direito próprio, onde os outros homens simplesmente aceitam, na maioria das vezes por terem medo de se rebelarem contra, pois, segundo ele, tudo é de todos e a terra não é de ninguém, inúmeras desgraças humanas teriam sido evitadas, ai já começa o primeiro passo para a desigualdade da propriedade privada. Não sendo mais uma desigualdade física e sim de privilégios, onde os homens passaram a ser mais ricos que outros, mais respeitados, mais poderosos e com isso instaurando a sociedade civil, onde o homem passa cada vez mais se afastar de como eram no início.
Consoante a isto, ele diz que não via motivos para que o homem natural vivesse em sociedade, dizendo que o homem se tornou mau quando foi levado para o social. Nessa crítica ao homem ter passado de um homem natural para o homem civil, Rousseau também fala sobre uma necessidade que foi criada pelos homens, em relação ao cuidado com a saúde e a natureza. Como exemplo, ele fala de animais que quando são machucados, não se utilizam de outro meio que não seja o tempo, esperando que suas feridas sejam curadas com o passar dos dias. Contrário a isto, ele fala das criações do homem no meio da medicina e da farmácia, onde todos necessitavam de remédios e de cuidados, não ousando deixar que a natureza cumprisse seu curso e curasse seus machucados com o tempo.
Contudo, fatores externos como as variações climáticas, o tempo, as mortes e a própria criação da propriedade, fez com que fosse criado uma certa necessidade nos homens para que eles fossem viver em sociedade.
Essas pequenas sociedades pequenas acabaram por viver em certo conjunto de forma nômade, onde passavam um certo período em algum local e logo após se mudavam. Os homens tiveram que passar por certas dificuldades, como altura das árvores, concorrência por comida, armas naturais e assim, aprenderam a dominar obstáculos. Dito isso, é importante frisar que o homem vivia em conjunto com outras pessoas neste momento, porém não por terem algum sentimento de relações pessoas e apego familiar, mas sim por outras necessidades, realmente como um animal, pois foi nesse momento que perceberam que haviam outras pessoas mais fortes, mais rápidas e mais inteligentes, assim podendo viver em grupos para se ajudarem. Os que não fossem mais úteis ou saudáveis, eles deixavam para trás.
Com essa ideia de necessidade e procriação, foi passada a ideia de propriedade em geração e geração, até se tornar o que conhecemos hoje. Assim que a população humana aumentou, estendendo a quantidade de pequenas sociedades, os trabalhos também aumentaram, desse modo, se aperfeiçoaram a se cuidarem nos frios rigorosos, a criar armas melhores, a descobrirem o fogo. Nisso, também começaram as comparações pessoais e a autoafirmação, tanto como a inferioridade e a noção de serem superiores aos animais, que agiam com impulso de perigo.
Neste período das eras vivendo juntos, foi quando nasceu o amor conjugal (mesmo que o amor romântico seja algo recente, ideia surgindo apenas no Romantismo) e o amor paterno. Nesse ponto, essas pequenas sociedades já haviam se tornado famílias, mudando a forma de viver dessas pessoas e também foi nessa época em que começou a separação dos trabalhos por gênero, onde os homens concentravam-se nas caças e as mulheres na agricultura que não era bem conhecida naquela época da forma que conhecemos hoje.
Em conformidade com isso, também foi nascendo a comodidade e o sedentarismo do homem, começando a sua transição de um nômade para alguém que tivesse uma acomodação fixa. Eles se comunicavam por gritos, gestos e ruídos e eles precisavam de uma “língua” em comum para que pudessem se comunicar, assim nascendo alguma linguagem por necessidade da sociedade. Também foi quando se aumentou os sentimentos ruins do homem, como vaidade, desprezo, vergonha e inveja, nessa época de comparações entre os homens. No caso, relacionando isso com o fato de que o homem não possuía sentimentos ruins e fatores externos (nesse caso, a questão de propriedade) foi o que fizeram ele se tornar ruim.
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