Durkheim - As religiões são constituídas por “um sistema solidário de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas
Por: naomifz • 15/4/2017 • Resenha • 590 Palavras (3 Páginas) • 381 Visualizações
Segundo Durkheim, as religiões são constituídas por “um sistema solidário de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas – isto é, separadas, interditas – crenças comuns a todos aqueles que se unem numa mesma comunidade moral chamada Igreja”. A religião articula rituais e símbolos que têm o efeito de criar entre indivíduos afinidades sentimentais que constituem a base de classificações e representações coletivas. As cerimônias religiosas, nesse sentido, cumprem um importante papel ao colocarem a coletividade em movimento para a sua celebração, uma vez que elas aproximam os indivíduos, fazendo-os relembrar que pertencem a um mesmo grupo; multiplicam os contatos entre eles; tornam-nos mais íntimos. Assim, o conteúdo das consciências muda, mantendo os membros unidos entre si pela energia intrínseca aos sentimentos sociais. Vê-se que a sociedade envolve os indivíduos no fenômeno religioso e que, por meio dos ritos – que exprimem modos de conduta desse fenômeno –, torna-se mais viva e atuante na vida de seus membros. O ser social dos homens se renova. Portanto, a religião é vista como um fenômeno coletivo, tendo sua existência baseada em um conjunto de praticas e representações. Para Durkheim, a sociologia da religião também está referida a uma teoria do conhecimento e à questão da coesão social. Os ideais expressos nas crenças religiosas são, pois, os ideais morais em que se baseia a unidade da sociedade. Sempre que os indivíduos se juntam num ritual religioso, estão a afirmar a sua fé na ordem moral de que depende a solidariedade mecânica dessa sociedade. Na visão de Durkheiam, a religião se divide em duas esferas: o sagrado e o profano. O primeiro é todo o ser cuja aproximação requer preparação e cuidados especiais, já o segundo, são os seres com os quais se podem relacionar sem qualquer precaução. A esta crença básica da religião, Durkheim introduz a concepção do ritual - procedimento pelo qual a pessoa deve se conduzir na presença de objetos sagrados. A dualidade sagrado-profana, assim, faz da religião uma realidade intelectual e os rituais fazem dela uma força moral. Os ritos positivos do ritual religioso contribuem para a consolidação moral do grupo, contrabalançando o fato de os indivíduos procurarem satisfazer nas atividades cotidianas da vida os seus próprios interesses egoístas, o que os leva a afastar-se dos valores morais em que assenta a solidariedade social.
No filma “A Vila”, a questão da existência de elementos sobrenaturais é usada como forma de coação e controle social, de forma análoga ao pensamento de Durkheim sobre a religião como força de coesão social. O filme retrata a criação de uma comunidade rural cercada por uma floresta, totalmente afastada da sociedade capitalista – já que esta é dominada pela violência e pela preocupação constante com o dinheiro. Essa comunidade se sustenta através de um mito: o das criaturas com as quais existe um pacto de não agressão e respeito ao espaço alheio. Essa sociedade, por ser pequena e por não ser complexa, torna-se extremamente coesa, tendo como base os seus próprios costumes. Nesse contexto, a coesão social se dá pela existência de uma forte consciência coletiva, uma vez que todos os seus membros possuíam os mesmos princípios. A ideia da existência de criaturas sobrenaturais, chamados por “Aqueles de quem não mencionamos”, apesar de isolar a comunidade rural, une os indivíduos em que nela vivem, transformando-se em uma crença social dessa sociedade. Segundo Durkheim, isso seria a concepção da função social da religião, uma vez que conclui que a função substancial da religião é a criação, o reforço e manutenção da solidariedade social.
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