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Gari: Um Ser Invisível na Sociedade Contemporânea

Por:   •  30/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  931 Palavras (4 Páginas)  •  331 Visualizações

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Instituo Federal do Maranhão

São Luís, 05 de fevereiro de 2017

Aluna: Beatriz Coelho Silva Pereira – 610 – Comunicação Visual

Disciplina: Português

Gari: Um ser invisível na sociedade contemporânea

Nestes tempos midiáticos, onde paradoxalmente fica tão difícil achar algo que vale à pena investir em tempo na TV, peguei-me assistindo um programa do SBT chamado "Conexão Repórter" que tratava sobre os garis ou coletores de lixo. Diante de tal programa, encontrei-me a pensar sobre a invisibilidade social do gari.

Com o crescimento das cidades a quantidade do lixo produzido é enorme nos grandes centros urbanos, e hoje se faz necessário a implantação de politicas públicas que busquem soluções para manter a higiene e a limpeza das cidades e para isto é necessário investimento em diversas áreas, mas principalmente, na de mão-de-obra (coletores de lixo) . Garis são homens que passam dia e noite vasculhando as ruas, à cata de entulhos. Compenetrados, cabeças baixas, tentando esconder-se dos olhares de pessoas que passam, atentos ao que estão fazendo, no nosso benefício, eles apenas trabalham. Sempre os encontramos recolhendo os entulhos nas ruas e  inclusive nos veículos coletores de lixo.  

O trabalho dos garis é bastante desgastante fisicamente (e a probabilidade de se adquirir doenças e sofrer acidentes é muito alta), mas a limpeza do espaço público é fundamental para a sociedade. Contudo, entre as profissões mais discriminadas e cheias de preconceitos, encontra-se a de ”coletor de lixo”, “gari” ou “lixeiro”. No que concerne ao preconceito pela relação de trabalho, o Gari é o que mais perece perante a sociedade. Nas ruas eles passam despercebidas, como se fossem apenas sombras, pessoas excluídas e invisíveis, enfrentando intempéries, cães ferozes, perigos de contaminação com cortes de cacos de vidros e produtos ácidos, contaminações do lixo hospitalar e outros tipos de desgraças, mas mesmo assim eles nos prestam um inestimável serviço.

As pessoas em geral evitam falar com eles ou ajudá-los. Na matéria do programa citado anteriormente, um gari comentou que uma moça afirmou "Que era para limpar bem a calçada, para que o cachorro dela não comesse o lixo". Resumindo: na sua ótica, o cachorro valia mais do que um ser humano. Um produtor do SBT passou alguns dias de gari, recebeu instruções, mas não aguentou a pesada jornada de trabalho que envolvia em média 21 Km de corrida, além de levar um elevado peso do lixo até o caminhão. O desrespeito é patente. Motoristas estacionam o carro na calçada e reclamam de ter que tirá-lo para o caminhão passar. Pessoas na rua se negam à falar com os garis quando eles perguntam algo e só se aproximam se for para pedir informações na rua. Raríssimas são as exceções de pessoas que dão água e comida para esses trabalhadores que recebem o salário de R$ 800,00 e estão sujeitos à se cortarem com as garrafas e as lâmpadas, xingados e ignorados pela população.

Um professor de uma de minhas disciplinas do curso técnico comentou-me sobre uma dissertação de mestrado e depois tese que mostrou a invisibilidade social desses trabalhadores. Por oito anos um pesquisador acadêmico vestiu seu uniforme de Gari e varreu as ruas da Universidade de São Paulo – USP – para provar sua tese de mestrado sobre a “invisibilidade pública” que trata da função social do outro, uma vez que as pessoas só enxergam a função em detrimento do seu executor e quem não possui uma posição distinta vira mera sombra de um ser na coletividade. Em uma entrevista ao Diário de São Paulo, o pesquisador afirmou que professores da USP que o cumprimentavam no dia a dia não o enxergavam quando este estava trabalhando na limpeza, muitos passavam e até esbarravam nele e não o reconheciam sob as vestes da invisibilidade. Diante desta situação constrangedora ao buscarmos no mais profundo de nossa memória não há quem não se lembre de ter ouvido de uma professora dizendo, de forma pueril e inconsciente, que deveríamos estudar se não quiséssemos ser “lixeiros”. Devido a vários fatores sociais, o operário do meio ambiente acaba por se sentir como personagem do estrato mais baixo. A imagem negativa aliada ao grande esforço físico, o sofrimento psíquico diretamente ligado à vergonha e humilhação cooperam para o alto índice de alcoolismo entre os coletores.

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