O Contexto Ditadura Militar
Por: João Miguel Lobo Lotufo • 28/6/2017 • Ensaio • 2.569 Palavras (11 Páginas) • 294 Visualizações
Cáp.1- Contexto Ditadura Militar.
A ditadura militar no Brasil teve inicio no dia 1 de Abril de 1964, porém preferem dizer que ocorreu no dia 31 de Março para assim um dos dias mais importantes da história do país não cair no dia da mentira. Para se entender o contexto do país é necessário entendermos também, a situação mundial daquela época.
Após o fim de Segunda Guerra mundial, o mundo estava dividido em dois blocos políticos: bloco Ocidental pró – EUA e bloco Oriental pró- URSS e este momento histórico foi denominado guerra fria, marcado pelo medo de um confronto nuclear entre as duas potências. Os EUA tinham uma política externa muito bem definida de acabar com qualquer possibilidade de haver mais países que aderissem ao Socialismo Soviético, como Cuba, após a Revolução Castrista. O Brasil era um importante aliado dos EUA, e a aproximação dos ideais comunistas era vista como uma grande ameaça.
Em 1964, o então presidente do Brasil João Goulart, mais conhecido como Jango fez um discurso polêmico sobre reformas (agrárias, tributárias, na educação e saúde). Essas reformas tinham o intuito de acabar ou de diminuir a desigualdade social presente no país, para muitos, esse discurso de Jango foi considerado um discurso com ideais comunistas.
No dia 25 de março de 1964, marinheiros se revoltaram contra medidas disciplinares determinadas pelo Ministério da Marinha e se entrincheiraram na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio. Fuzileiros enviados para prender os rebeldes se juntaram aos marinheiros, que carregaram nos ombros seu comandante, o almirante Cândido Aragão. Jango desautorizou o ministro da Marinha que mandara reprimir a rebelião e anistiou os revoltosos.
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Figura 1- revolta dos marinheiros.
No dia 30, o presidente foi ao Automóvel Clube do Rio para uma reunião da associação dos sargentos. Foi aclamado ao chegar, sentou-se ao lado do líder da rebelião dos marinheiros e fez um discurso incendiário. Os conspiradores, que assistiram ao discurso pela televisão, viram na associação de Jango com militares insubordinados o rompimento de princípios essenciais das Forças Armadas, o respeito à hierarquia e à disciplina interna.
O general Olympio Mourão filho telefonou a companheiros em outros estados para avisar que ele estava enviando seus soldados com a missão de tirar Jango do cargo de presidente da República (militares, políticos, empresários conspiravam ao governo a muito tempo, principalmente os militares cuja nunca foram confiaram em Jango).
Segundo Fernando Henrique Cardoso em uma entrevista a revista Veja SP
(...) “No primeiro momento, muita gente estava com medo que o Jango desse um golpe. O Jango não iria dar golpe nenhum porque ele não tinha condição para dar golpe, e muitos percebiam que não “existia” mais governo. Então as pessoas que tem mais noção do processo político começam a ficar com medo e querem ordem. No começo era mais uma busca por ordem, do que uma quebra do regime autoritário. E aos poucos o povo foi sentindo essa autoridade, anti – democracia. Aí quando veio o AI-2 já foi um susto e quando veio o AI-5 foi mais do que um susto.”.
No fim das contas, Jango não deu nenhum passo para romper com a legalidade, mas sua aliança com a esquerda assustou os conservadores e contribuiu para unir os vários grupos que conspiravam contra o seu governo.
O governo dos Estados Unidos acompanhou tudo de perto. Temendo que o Brasil fizesse como Cuba e aderisse ao bloco comunista, os EUA contribuíram para desestabilizar Jango ao financiar seus adversários no Congresso e começaram a discutir em 1963 a possibilidade de uma intervenção militar no país. Na hora decisiva, os americanos desencadearam a Operação Brother Sam, enviando uma força naval para apoiar os golpistas. Como o golpe se consumou logo e sem resistência, ela voltou para casa quando ainda estava a dez dias de distância da costa brasileira.
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Figura 2- frota americana.
Jango caiu em dois dias, sem que fosse disparado um tiro contra o governo. As tropas de Mourão possuíam pouco armamento e com isso demoraram horas para se mover. Outros soldados foram enviados pelo governo para conter os rebeldes, mas mudaram de lado assim que se encontraram, Oficiais que juravam fidelidade ao governo também mudaram de lado. Sentindo-se acuado Jango fugiu para Porto Alegre (RS) onde ficou por uns dias e depois acabou indo para o Uruguai onde por lá ficou. Com isso o presidente do congresso Auro de Moura Andrade declarou vagas para os cargos de presidente e vice da República.
Para o Jornal Folha de S. Paulo o governo de Jango pode ser descrito
(...) como uma sucessão de crises políticas, em que o presidente não conseguiu conciliar demandas de movimentos sócias e grupos conservadores que se enfrentavam em um ambiente de aguda radicalização. Foi um período turbulento em que tanto a direita como a esquerda demonstraram desprezo pelas regras do jogo democrático e pouco interesse em compromissos. (Edição Especial 50 anos da Ditadura Militar) .
Os militares chegaram ao poder sem saber direito o que fazer. Alcançado o objetivo principal, que era afastar João Goulart e seus aliados, a prioridade dos golpistas passou a ser promover uma limpeza nas instituições, para exterminar comunistas e outros adversários de quartéis e repartições públicas e do Congresso.
Quem começou a dar ordens foi o general Arthur da Costa e Silva. Chefe de um departamento inexpressivo e sem tropas, ele se autonomeou comandante-em-chefe do Exército no dia 1º de abril e assumiu a frente do Comando Supremo da Revolução, que também incluía um representante da Marinha e um da Aeronáutica. A junta baixou um ato institucional que deu aos militares poderes excepcionais para perseguir seus inimigos e convocou o Congresso Nacional a se reunir em dois dias para eleger um novo presidente que concluísse o mandato de Jango.
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Figura 3- Arthur da Costa e Silva no centro da imagem.
Cerca de duas semanas depois do golpe, a junta militar liderada por Costa e Silva cassou o mandato de 40 membros do Congresso Nacional, muitos desses mandatos eram de aliados de Jango como o Governador Miguel Arraes, um dos principais se não, o principal aliado de Jango no Nordeste. No caso de Arraes ele foi deposto por tropas que o levaram do palácio do governo até a prisão. Para os militares o comunismo (esquerda) não seria tolerado e eles deixaram isso muito claro, torturando, matando e prendendo pessoas.
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