PROVA DE TEORIA ANTROPOLÓGICA CLÁSSICA
Por: Tayná Santos • 7/8/2021 • Trabalho acadêmico • 1.869 Palavras (8 Páginas) • 114 Visualizações
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PROVA DE TEORIA ANTROPOLÓGICA CLÁSSICA
GRUPO I: 2- A noção de representações coletivas serviu como uma espécie de conceito- chave para pesquisadores diversos que fizeram parte ou dialogam de forma direta com a chamada Escola Sociológica Francesa. Entre tais pesquisadores, destacam-se nomes como Durkheim, Mauss, Hertz e Lévy-Bruhl. Discorra sobre a importância de tal noção nas análises dos referidos autores:
A escola sociológica francesa, surgiu no final do século XIX e focou seus estudos nas representações coletivas e na metodologia científica, tendo como uma das maiores referências o intelectual, Émile Durkheim. Os teóricos dessa escola, esforçaram-se para explicar que os indivíduos expressam representações que são sociais, isto é, coletivas. Dessa forma, o intuito era compreender as determinações do social no indivíduo.
O primeiro autor é Durkheim, que veio de uma tradição racionalista, baseada na teorização e marcado pela divisão social do trabalho. Pensar a divisão em Durkheim, é pensar também em formas de organização social, visto que antes de classificarmos outros, classificamos nós mesmos, e essa classificação, necessariamente gera uma hierarquização.
Quando Durkheim discute a divisão social, não se refere apenas ao trabalho, mas expressa também a imagem de um homem dividido entre corpo e alma. De um lado, possui sensações estritamente individuais e por outro, com pensamento conceitual e ação moral. O pensamento conceitual e a ação moral, ancoram-se em representações coletivas que são oriundas da associação entre os homens.
Desse modo, a representação coletiva aparece como uma categoria de entendimento: são um produto coletivo que depende de uma longa e contínua cooperação (gerações), isto porque são uma sócio-gênese, parte de um processo de maturação.
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Ora, as coisas sagradas têm uma autoridade que impõe às vontades individuais como efeito da operação psíquica de síntese das consciências individuais em que se dá sua gênese. Os estados mentais gerados nesse processo encarnam-se em idéias coletivas que penetram as consciências individuais permitindo sua comunicabilidade. Para além das manifestações da biologia humana, esses estados da consciência “(...) nos vêm da sociedade; eles a traduzem em nós e nos atam a alguma coisa que nos supera. Sendo coletivos, eles são impessoais; eles nos dirigem aos fins que temos em comum com os outros homens” ( DURKHEIM, p.328).
Durkheim, acreditava que as representações coletivas davam formas à consciência moral e ao pensamento lógico, já que o indivíduo seria uma abstração que só se torna realidade no meio social. O autor utilizou a religião e a divisão binária e bipartida, para buscar compreender aspectos da representação coletiva.
Marcel Mauss, foi outro autor pertencente à escola de sociologia francesa, influenciado pelo pensamento de Durkheim. Mauss, traz o debate da ideia de reciprocidade, em que tudo começa quando alguém dá algo a alguém. Para ele, quem é que dá, quem é que recebe e quem retribui a dádiva é o grupo social, a coletividade.
Por isso, a representação coletiva em Mauss está intrinsecamente ligada à dádiva, pois os sujeitos que trocam, não são sujeitos individuais, mas coletivos. Por isso, quem dá se sente grande, porque dá em nome do grupo, dos ancestrais e etc. São relações entre pessoas, mediadas por coisas, deste modo, “as coisas” seriam o meio, um esforço para se estabelecer relações, visto que o que importa não são os objetos trocados, mas os sentidos e os laços.
As pessoas são as teias de relações que estabelecem, assim, dar não é uma atitude de generosidade, você não dá porque é bom, mas você dá por reconhecimento. Uma espécie de interesse desinteressado que busca mostrar grandeza nas relações humanas, não através da ideia de levar vantagem, mas sim de honrar a coletividade que se tem, visto que ao dar, você representa coletivamente seu grupo, ancestrais e etc.. Assim sendo, Mauss buscou demonstrar que o valor das coisas não pode ser superior ao valor da relação, que é fundamental para a vida social.
Outro autor pertencente à escola de sociologia francesa, é Robert Hertz que estudou os
sistemas de representação, buscando entender se havia alguma espécie de autonomia do social, para compreender o que era inato ou adquirido pelo homem. A ideia do autor considerava que o homem por não suportar o vazio, criava categorias de classificação.
Destarte, em seu trabalho sobre a preeminência da mão direita, o autor questiona: por que classificamos uma das mãos como melhor? Apesar das alegações comuns à época que giravam em torno de questões anatômicas, o autor acreditava que havia influências externas ao organismo, de causas sociais, religiosas entre outras. Para sustentar seu argumento, o
teórico diz que a mão esquerda é fraca porque é desprezada e não desprezada porque é fraca, já que em caso de acidente com a mão direita, a esquerda se desenvolve.
Assim, o autor conclui que a desteridade é um ideal construído coletivamente em que a na categoria de representação coletiva, a mão mais forte faz oposição, partindo de uma concepção dualista entre o sagrado e o profano - conceito usado por Durkheim em as formas elementares da vida religiosa -.
O autor questiona então, com isso, como o corpo poderia escapar dessa dualidade que
governa tudo e é construída coletivamente. Por isso, a representação coletiva em Hernz aparece no fato da constituição de uma consciência coletiva. Segundo ele, a causa da polaridade entre direita e esquerda estava além do indivíduo, mas na consciência coletiva.
A consciência coletiva seria o conjunto de crenças e sentimentos comuns de um grupo. Portanto, segundo Hertz a desteridade seria um resultado cultural, em que o desenvolvimento da mão direita teria características morais.
O último autor a ser discutido nesta questão, é Lévy-Bruhl que trabalhou com o pensamento pré-lógico do primitivo, segundo o Lévy, para o primitivo é na natureza da existência que os sistemas místicos operavam. Havia uma indiferença para os primitivos das causas segundas, pois todo o destino estava definido por essas potências místicas.
Dessa forma, para Bruhl o pensamento pré-lógico opera como a ideia de que tudo está ligado, não havendo uma diferença entre o plano material e sobrenatural e nem uma separação entre o profano e o sagrado como discute Durkheim. O teórico discute então, a lei da participação em que existe a ideia de um sistema cosmológico em que tudo está ligado e tudo faz parte do todo, mesmo que aparentemente sejam coisas distintas, posso estar aqui e aí, sem contradições.
A partir disso, podemos pensar sobre a forma da constituição da representação coletiva em Lévy-Bruhl em que o outro está em mim, eu no outro, sem que eu ou outro sejamos confundidos. O feiticeiro e o animal estabelecem uma relação tal que o feiticeiro se torna o animal, sem se confundir com ele. Observamos que a representação coletiva aparece como um processo de mediação, no ponto de vista do intelectual, essas representações possuem funcionamentos próprios e independentes que se distinguem e se articulam das representações construídas pelos indivíduos isoladamente.
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