Resenha Crítica: Saberes Localizados: A questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial
Por: Jaqueline Alcantara • 6/8/2019 • Resenha • 963 Palavras (4 Páginas) • 2.290 Visualizações
Resenha Crítica: Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial
O artigo “Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial” de Donna Haraway questiona como o conceito de objetividade é elaborado pelo feminismo contemporâneo. A autora retrata que as autoras e cientistas feministas têm se debruçado no construtivismo social e no empirismo feminista na intenção de refutar a objetividade inalcançável e tecnocientífica proposta por filósofos-homens-brancos.
Estruturada no construtivismo social, Haraway retrata o caráter retórico da ciência e como a ideia de uma objetividade constrói um discurso científico que desvia atenção para temas de interesses da ideologia dominante. Por um lado, então, estudos recentes sobre a ciência e tecnologia tornaram disponíveis um argumento muito forte sobre a construção social de todas as formas de conhecimento, mais especialmente, e com maior segurança, das formas científicas (p.8). Então, exemplificando, o conhecimento é feito como movimentos de poder e não movimentos em direção à verdade, segundo a autora, a ciência é uma questão de retórica já que tudo se trata apenas de textos. Haraway comenta que os projetos de criação de conhecimento confiável a respeito do mundo "natural" não podem ser entregues ao gênero paranoico ou cínico da ficção científica. Quem tem interesses políticos não pode permitir que o construcionismo social se desintegre nas emanações radiantes do cinismo" (p.10).
Na segunda parte do texto - a persistência da visão- a autora reitera que a objetividade feminista significa saberes localizados, ou seja, a objetividade deve nomear onde se está e onde não se está um conhecimento localizado e responsável. Ou seja, posicionar-se é a chave do conhecimento de forma que implica em responsabilidade por práticas que nos capacitam. Em consequência, a política e a ética são a base das lutas pela contestação a respeito do que pode ter vigência como conhecimento racional. (p.27).
A autora entende o feminismo como a ciência de sujeitos múltiplos que carrega uma visão e posicionamento crítico e somente o feminismo poderia contribuir para esta mudança de visão.
Na pré-história observa-se que homens e mulheres tinham tarefas sociais de acordo com o sexo biológico, como por exemplo, os homens ficavam encarregados da caça, da pesca, enquanto as mulheres do cultivo das plantas. No decorrer da história foi se construindo uma sociedade patriarcal em que os homens tinham um papel central e as mulheres um papel secundário em que as colocava em inferioridade. A consolidação dessa estrutura foi durante a Roma Antiga no qual o indivíduo daquela época tinha sob seu poder as mulheres, os filhos e os escravos. De acordo com Joan Scoot, “o patriarcado é uma forma de organização social onde suas relações são regidas por dois princípios basilares: as mulheres são hierarquicamente subordinadas aos homens, e os jovens estão subordinados hierarquicamente aos homens mais velhos, patriarcas da comunidade”. Apesar das mudanças sociais a partir de atos revolucionários como a Revolução Francesa em que a sua famosa frase pedia Liberdade, Igualdade e Fraternidade em todas as esferas sociais, ainda se observa que as bases de subordinação e de superioridade ainda estão presentes no mundo contemporâneo, seja em meio social, profissional ou familiar.
O patriarcado atribuiu a imagem da mulher de cuidadora do lar e responsável pela educação dos filhos enquanto os homens são responsáveis pelo sustento familiar. Hoje, as mulheres, buscam uma carreira, entretanto se deparam com diferenças de salários e como conciliar os
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