Funk e Erotização Infantil

Mc Brinquedo, Mc Pikachu e a erotização infantil: música “Vai Safada”

        Quando crianças conquistam projeção nos meios artísticos há uma preocupação que tende a aumento no que diz respeito a formação das mesmas, pois sendo um ser em formação – naturalmente frágil –  tudo o que é vivenciado será refletido no caráter que está sendo construído.

        Há várias crianças na atualidade que são MC’s, dentre eles há dois que serãousados aqui como exemplo: Mc Pikachu e Mc Brinquedo, atualmente com 17 e 15 anos, respectivamente. Ambos cantam músicas com teor sexual e em seus clipes trazem uma erotização da imagem, uma banalização do sexo, uma industrialização do erotismo, usam mulheres bonitas, com roupas minúsculas; os Mc’s são, agora, adolescentes, e são esses adolescentes que estão vendendo essa imagem tão erótica. São crianças e adolescentes que são expostos a um ambiente vulnerável, longe de ser o ambiente familiar que eles deveriam crescer e formar o seu caráter. Eles não estão preparados e não são maduros o suficiente para agüentar o que o mundo do entretenimento pode trazer. Essas crianças estão tendo sua inocência e sua infância roubadas.

Não há ética em permitir que pré-adolescentes sejam expostos em ambientes vulneráveis, cantando músicas com palavras obscenas e fazendo gestos obscenos, enchendo os bolsos dos empresários de dinheiro.

Na época em que os MC’s citados estouraram (2015) o Ministério Público chegou a proibir o show de outro funkeiro mirim (Mc Pedrinho) e Pikachu e Brinquedo também estavam ameaçados. O empresário na época deu declarações de que seus agenciados não iriam mais cantar músicas com apelo sexual. Brinquedo na época tinha apenas 13 anos, desde então tinha sumido um pouco dos holofotes. Agora, com 15 anos, voltou ao cenário do funk ousadia junto com o Pikachu.

Nos casos dos MC’s os pais estão envolvidos diretamente na difusão equivocada e distorcida da imagem dos seus filhos, cabendo ao Ministério Público intervir. A decisão foi ocasionada por denuncias que foram feitas por diversas promotorias da infância e da juventude.

O que chamou bastante atenção foi a quantidade de dinheiro que o empresário dessa geração do funk ousadia estava adquirindo. Além disso a profissão de funkeiro virou profissão dos sonhos na periferia, os garotos não querem mais ser jogadores de futebol, a “bola da vez” é ser cantor de funk.

Essa linha tênue entre o funk e a apelação sexual faz com que a gente sempre espere por letras e atitudes desse movimento cultural que sejam mais explícitas, violentas, mais agressivas do que as atuais, afinal não há limite para o desejo sexual e para as pulsões, ainda que de fato deve existir um cuidado quanto a quem está recebendo este tipo de conteúdo.