VALORES NO JORNALISMO ATUAL
Por: KAROLINE25 • 14/12/2016 • Dissertação • 2.650 Palavras (11 Páginas) • 310 Visualizações
Universidade Do Estado Do Rio De Janeiro
Comunicação Social
Legislação e Ética em Jornalismo e em Relações Públicas
Geraldo Condé
OMBUDSMAN E A ÉTICA JORNALÍSTICA:
CASO FOLHA DE SÃO PAULO
Karoline Moraes
Milena Cadó
Rebeca de Souza
Yasmin Benedetti
Rio de Janeiro – RJ
2016
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ……………….............................................................................................2
2. INTRODUÇÃO À MATÉRIA DA FOLHA DE SÃO PAULO...................................................3
3. POSICIONAMENTO DA OMBUDSMAN ...............................................................................4
4. DISCUSSÃO DE VALORES NO JORNALISMO ..................................................................6
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................7
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................9
1. INTRODUÇÃO
- Os meios de comunicação e seus profissionais, assim como possuem o caráter de manter informada a população, também possuem um poder de influência muito grande sobre a sociedade. Um discurso veiculado em uma grande mídia ou por algum comunicador, pode atingir milhares de pessoas, e todo o seu processo de elaboração, apuração e transmissão precisa ser delineado de forma ética e profissional. Hoje em dia, é comum o questionamento sobre a ética nos meios de comunicação. Em um tempo em que a “audiência” parece ter um peso maior do que a qualidade do que é veiculado; o caráter opinativo se sobrepõe ao informativo e a verdade parece deixar de ser o objetivo maior quando interesses privados estão em jogo, o público vem se mostrando cada vez mais contrário e desconfiado em relação à imprensa.
Para compreender como a ética aplicada à comunicação funciona, é necessário primeiramente entender como se definem a ética e a moralidade em nossa sociedade. A palavra ética deriva do grego ethos – que significa caráter – e representa um conjunto de princípios e valores morais que organizam a conduta dos cidadãos, tanto no âmbito individual quanto em sociedade. É construída com base nos valores históricos, sociais e culturais e busca garantir um equilíbrio social e o bem comum. Já a moralidade, é um conjunto de costumes, regras e convenções que auxiliam cada indivíduo a compreender o que é bom ou mau no mundo ou ambiente social em que vivem. Em citação à Patterson e Wilkins (2008, p. 4), Plaisance (2011, p. 26) afirma que “a ética começa quando os elementos de um sistema moral entram em conflito", ou seja, quando a moral não consegue mais lidar com a complexidade de certos questionamentos ou temas, a ética procura fornecer uma base para o desenvolvimento das mesmas. A maior tarefa da ética, acima de tudo, é “esforçar-se para fornecer explicações “plenas” tanto em relação ao que devemos fazer como em relação a porque devemos fazê-lo” (Plaisance, 2011, p. 26).
No caso do Jornalismo, por exemplo, cujo papel social é informar ao público sobre um determinado fato ou assunto, a conduta esperada é que se diga sempre a verdade – do contrário, o profissional de comunicação estaria violando um valor moral e sendo “antiético”. Segundo Bucci (2006), a ética jornalística não define como um jornalista deve se comportar, mas estabelece os valores que o guiam no seu fazer jornalístico. Dessa forma, a ética no jornalismo não lida diretamente com a produção da informação, mas sim com as consequências do que é publicado. No fim, a decisão ética é individual, mas deve ser pautada pelo bem comum.
Com isso, acabam surgindo casos em que o profissional precisa tomar decisões que podem afetar uma ou mais partes envolvidas. Afinal, o que é o certo a se fazer? O que se acredita como certo ou o quê, segundo o código de ética da empresa ou da profissão seria o melhor para todos? Essa tomada de decisões e suas consequências são definidas como um dilema ético.
A partir dessas definições e teorias, este trabalho apresenta um estudo de caso jornalístico, em que se busca investigar e refletir sobre os dilemas éticos presentes na notícia e como isso afeta a prática do fazer jornalístico nos dias atuais.
2. INTRODUÇÃO A MATÉRIA DA FOLHA DE SÃO PAULO
No dia 16 de julho de 2016, o site da Folha de S.Paulo publicou uma manchete cujo título afirmava que 50% dos brasileiros preferiam a permanência do presidente interino Michel Temer à volta da presidente afastada Dilma Roussef. Baseada em uma pesquisa feita pela Datafolha entre os dias 14 e 15 de julho, a matéria destacou o apoio de metade dos cidadãos brasileiros a Temer e utilizou gráficos e dados estatísticos como provas de confirmação desses dados. O problema era que outras pesquisas do Datafolha apontavam um índice de 60% de rejeição à atual gestão e mais ou menos o mesmo percentual de pessoas favoráveis a novas eleições. Vários leitores e jornalistas começaram a questionar a veracidade das informações veiculadas pela Folha, principalmente ao observar que não havia sentido nos dados divulgados em comparação com a maioria das pesquisas, a não ser que a população tivesse subitamente mudado de opinião.
Os jornais online The Intercept e Tijolaço indicaram que havia fraude na manchete e atribuíram a culpa ao “movimento da mídia hegemônica em prol do golpe” (Moretzsohn, 2016). As evidências estavam no fato de que os sentidos das respostas estavam distorcidos, como se pessoas entrevistadas tivessem respondido a outras perguntas. Por exemplo, no caso da pesquisa que dá título à matéria, a pergunta foi feita como se não houvesse outra opção que não fosse Dilma ou Temer e, na veiculação da informação, a Folha omitiu essa pergunta e expôs o resultado como se dentre muitas opções, a população fosse favorável ao governo Temer. A realidade é que a população se mostrou favorável porque só havia a opção permanência de Temer até 2018 ou o retorno da presidente Dilma. Em nenhum momento foi perguntado se os entrevistados preferiam uma nova eleição, e os 3% que responderam dessa maneira, só o fizeram porque sugeriram essa opção ao invés de se posicionarem “pró Dilma” ou “pró Temer”. A verdadeira pergunta era “Na sua opinião, o que seria melhor para o país: que Dilma voltasse à presidência ou que Michel Temer continuasse no mandato até 2018?”, porém a que foi erroneamente veiculada na primeira página do site da Folha dizia “O que seria melhor para o país?”, um caso claro de distorção e manipulação da pesquisa.
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