A TRANSVALORAÇÃO DOS VALORES EM NIETZSCHE
Por: Augusto César Afonso Ferreira • 22/4/2016 • Trabalho acadêmico • 1.305 Palavras (6 Páginas) • 2.372 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ALUNO: AUGUSTO CÉSAR AFONSO FERREIRA
TRABALHO DE ÉTICA
TEMA: A TRANSVALORAÇÃO DOS VALORES EM NIETZSCHE
1-INDRODUÇÃO
Nietzsche foi um dos principais pensadores do século XIX, tendo destaque nesse trabalho o que concerne a sua filosofia moral. Dois de seus importantes livros refletem sobre o tema, a saber "Genealogia da moral, uma polêmica" e "Para além do bem e do mal. Prelúdio de uma filosofia do futuro". A cultura ocidental, suas religiões em especial a tradição judaico-cristã e a filosofia socrático-platônica são temas de crítica recorrente no pensado de Nietzsche. O filósofo critica o cristianismo e o budismo como as duas religiões de decadência, porém cada uma por razões distintas. A primeira exerce um papel fundamental na mudança de valores ocorrida no tempo, sendo explicitar tais mudanças e suas condições de possibilidade o objetivo desse trabalho.
O filósofo tem o ateísmo consigo como um instinto e tenta ao longo de sua obra derrubar os preconceitos e a hipocrisia criada pela política, religião e a moralidade tradicional. Para Nietzsche nos refugiamos atrás de máscaras para suportamos nossa realidade hostil e ameaçadora. Ele tem como seu método investigativo a genealogia, que visa estudar a origem, evolução e disseminação de terminado fenômeno. Na "Genealogia da moral" Nietzsche mergulha na história da moralidade, questionando o valor atribuído a tal e a própria ideia de bem e mal.
2- DESENVOLVIMENTO
Vontade de poder é uma das principais noções para se entender o pensamento de Nietzsche, através desse conceito concebe o mundo como um campo um campo de forças que se conflituam a todo a instante para se afirmar no mundo. Nesse plano de fundo é importante entender a pluralidade dessas forças, tanto quantitativamente quanto qualitativamente, ela se expressa de um forma relacional, ao se controlar com outras vontades de potência, transformando o mundo em uma incessante luta por poder. Tal inevitavelmente gerou dois tipos de classes que vão ser fundamentais na mudança de valores que ocorre ao longo da história.
Nietzsche para fundamentar sua crítica a tradição moral vigente, tenta identificar a origem dos valores morais e o possibilitou tal surgimento. Nietzsche como filólogo de formação busca a origem da palavra "Bom" e posteriormente da palavra "mal". Até o momento ninguém havia traçado a origem de tais conceitos. As teses de Nietzsche vão em direção opostas a psicologia inglesa, que ligava o conceito de bom ao conceito de útil, tendo uma perspectiva utilitarista e não histórica do fenômeno.
Dessa forma as ações altruístas ganharam valor, conferindo o sentido de "boas" a quem elas eram úteis, porém os motivos para ser altruístas foram esquecidos, se tornando ao longo do tempo ações boas em sim mesmo. Para Nietzsche o bom não se ligava ao útil, combatendo as teses utilitaristas, mas se ligava a nossa força de se afirma no mundo, se ligava ao sim, de modo que o que é relevante é a força não a utilidade.
As forças de poder se sobrepões umas as outras gerando uma classe que consegue efetuar sua vontade no mundo (nobres) e uma classe fraca e apenas reativa(pebleus/escrava). A moral da primeira classe se baseava na afirmação da vida, porém foi contaminada pela moral ressentida dos sacerdotais. A transvaloração surge de uma reinterpretação e a reavaliação da moral nobre feita pela classe sacerdotal, a substituindo por uma moral que privilegia a conduta do homem comum.
O homem pebleu sofre por não conseguir efetuar sua vontade no mundo, ela carece de poder. Incapaz de experimentar a felicidade ativa, procura uma explicação para seu sofrimento, acredita que através de tal explicação será capaz de apaziguar seus sentimentos. Nesse contexto surge a figura sacerdotal, que através da figura de Deus e das religiões oferece alguma explicação e promete uma felicidade eterna após a morte. Através da reinterpretação sacerdotal dos valores morais, se da a transvaloração dos valores. O homem nobre é considerado ruim porque é poderoso, e sua simples existência ameaça os mais fracos, já o homem pebleu é considerado bom porque é fraco.
A reinterpretação sacertadotal, por intermédio da ideia de Deus, coloca a ideia de felicidade vinculada a recompensa e de infelicidade e o sofrimento como castigo por nossa desobediência. Invertendo então a concepção sadia de Deus, inventado para agradecer a boa fortuna, agora é utilizado como vingança contra os mais fortes. Nietzsche diz "Enquanto toda moral nobre nasce de um triunfante Sim a si mesma, já de início a moral escrava diz Não a um 'fora', um 'outro', um 'não-eu' - e este Não é o seu ato criador. Esta inversão do olhar que estabelece valores - este necessário dirigir-se para fora, em vez de voltar-se para si - é algo próprio do ressentimento; a moral escrava sempre requer, para nascer, um mundo oposto e exterior, para poder agir em absoluto - sua ação é no fundo reação" (Genealogia da moral, primeira dissertação, 10).
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