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O Caráter oculto da saúde

Por:   •  10/7/2018  •  Resenha  •  535 Palavras (3 Páginas)  •  226 Visualizações

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RELATORIO: O caráter oculto da saúde / GADAMER HG.

Marcos Vinicius Mota

A essência do ser humano parece exigir a superação da morte, e o caráter finito da vida faz a necessidade de se acreditar na imortalidade da alma e no reencontro no além. Ao pensamento reflexivo deve algo tão inconcebível como evidente o fato da verdadeira superação da morte residir na ressurreição dos mortos, aos crentes uma suprema certeza, e aos outros algo inconcebível, mas não tão inconcebível como a morte.

O iluminismo científico, como aquele do mundo antigo, encontra seus limites no fato inconcebível da morte, e o que a nossa experiência humana pode desempenhar diante de nós tem sido o crescente domínio das coisas através de uma corporeidade instrumental.

A intervenção na presença da doença, que ameaça  a manutenção harmoniosa da vida, busca recuperar o equilíbrio perdido não apenas do ponto de vista biológico, mas também da situação de vida. Nessa situação, a responsabilidade médica inclui o conjunto da inserção da pessoa na vida familiar, social e profissional. A “recuperação” seria a reintrodução do paciente em sua antiga posição na vida cotidiana.

A ordem rítmica de nossa vida vegetativa, a qual todos vivemos nunca se tornará totalmente substituível pela corporeidade "instrumental" proporcionada por nossa experiência humana - tampouco como jamais poderemos eliminar a morte. Porém, podemos reprimi-la na consciência.

A presente obra atesta que a doença afasta o indivíduo do exterior, fazendo-o voltar-se ao interior. Esse distanciamento que o indivíduo faz em relação a si mesmo quando adoece é considerado como uma atitude inteligente. O doente busca um equilíbrio produzido através de um equilíbrio perdido por meio de um não-querer-perceber a doença, pois a doença significaria exclusão da vida.

Podemos ocultar e reprimir, fazer e substituir muitas coisas, mas mesmo o medico que, com os recursos fantásticos da substituição mecânica e automática de aparelhagens, sabe como ajudar a superar as fases criticas da vida orgânica, vê-se, no final, perante a opressora decisão de quando ele dará a permissão de, ou deverá abdicar daquela ajuda instrumental para a manutenção da vida em estado vegetativo, a fim de honrar a pessoa como ser humano.

É de se pensar que se o corpo não experimentasse sua vitalidade e sua decadência, talvez não se refletisse sobre a alma. Pensar sobre a alma garante a possibilidade de superarmos a morte e entende-la como o que une os mortais aos imortais. Através de promessas ligadas aos pensamentos religiosos e mitológicos nos aproximamos dos deuses - a forma mais elevada de ser vivo.

Na arte de curar a partir da experiência grega, o tratamento do corpo pelo médico não é possível sem o tratamento da alma, ou ainda mais, que talvez nem sequer isso baste, mas que ele também não é possível sem o saber sobre o total.

A ciência moderna e seus avanços biotecnológicos se apresentam em dupla face: uma face de positividade, percebida pelo salto na produção e nas descobertas científicas no campo dos problemas e do cuidado em saúde, e, na outra face, a negatividade, que reduz o conhecimento em saúde a simples variáveis mensuráveis e o cuidado à pessoa humana a seus aspectos fisiopatológicos, e aqui reside a critica do autor.

REFERÊNCIAS:

GADAMER HG. O CARÁTER OCULTO DA SAÚDE. Petrópolis: Editora Vozes; 2006.

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