O ELO ENTRE REAL E SUBJETIVO
Por: flaviiacunha • 6/4/2016 • Trabalho acadêmico • 663 Palavras (3 Páginas) • 203 Visualizações
TEXTO I:[pic 1]
Figura1http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/curiosidades-historicas/files/2014/11/magritte-cachimbo.jpg
TEXTO II:
“SÓCRATES –(...) Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem.”- “Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam?”. “- E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos? Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram. - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via. Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?”.
Fragmentos do texto retirados do livro: A República (Livro VII; Platão).
O elo entre o real e subjetivo
A famosa pintura intitulada “Isto não é um Cachimbo” (Ceci n’est pas une Pipe) pertence ao pintor belga René Magritte. Na imagem vê-se um cachimbo e logo abaixo uma frase afirmando que não se trata de tal objeto. A obra faz parte de uma série de pinturas intitulada: A Traição das Imagens (La Trahison des Images) cujo autor retrata o ícone que representa um cachimbo e não o próprio utensílio para fumar. Ou seja, uma pintura de um cachimbo não é, de fato, um cachimbo. Trata-se de um trabalho extremamente paradoxal e filosófico, pois não imita o real, mas representa a realidade repetindo-a e transformando-a, trazendo a tona questões debatidas por filósofos de renome como Michel Focault, Platão e Aristóteles.
É possível relacionar este quadro ao Mito da Caverna, alegoria que se encontra na obra “A República” escrita pelo filósofo grego Platão. Ao analisar a metáfora, percebe-se que a caverna simboliza o mundo das aparências, as sombras projetadas no fundo são as percepções sensíveis do indivíduo, os grilhões e correntes representam os preconceitos, opiniões e crenças; a luz do sol, a verdade; o mundo iluminado é a realidade; o instrumento que liberta o prisioneiro e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros, a filosofia (do grego: desejo pelo saber).
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