Resenha Crítica: O Direito a Ternura
Por: leandroaraujo123 • 14/7/2023 • Resenha • 1.827 Palavras (8 Páginas) • 124 Visualizações
Credenciais do Autor
Luis Carlos Restrepo é psiquiatra, filósofo e escritor colombiano. Nasceu em 1954, em Filandia, município do departamento do Quindio.Foi professor em diversas faculdades do país. Seu trabalho gira em torno de uma reflexão sobre a liberdade humana, que abrange os campos da psiquiatria, educação, política e filosofia. Sua concepção de liberdade como encontro frutífero com o acaso é o eixo em torno do que redefine a prática da psiquiatria, a vida familiar e o exercício da cidadania. Também desenvolve conceitos complementares como o valor central de ternura, ecologia humana e emergência da singularidade, sem quebrar a interdependência entre sagrado e como uma figura de consciência na sociedade de massas contemporânea.
Combinou seu trabalho como um pensador com uma intervenção social contra problemas como a toxicodependência, violência e constrangimento emocional, que prevalece no mundo contemporâneo. Em 1997, chefiou a Cidadãos Mandato para a Paz, um movimento civil que mobilizou dezenas de milhões de colombianos que colocou uma votação para a paz e pôr fim à violência. Entre agosto de 2002 e março de 2009 atuou como Alto Comissário para a Paz do governo da Colômbia.
Autor dos livros: Libertad y locura (1983); La trampa de la razón (1986); El derecho a la ternura (1994); La fruta prohibida (1994); Ecología humana (1996); Semiología de las prácticas de salud (1996); El derecho a la paz: proyecto para un arca en medio de un diluvio de plomo (1997); Ética del amor y pacto entre géneros (1998); Memorias de la tierra (1998); Mas allá del terror: abordaje cultural de la violencia en Colombia (2002); El retorno de lo sacro (2004); Viaje al fondo del mal (2005).
A obra
No trajeto de volta da universidade observei o movimento de carros e pedestres. Percebi que eram muitos os carros com apenas uma pessoa e pouco o numero de pedestres. Imediatamente lembrei-me do livro, que na sua essência explicita os fatores que excluem a ternura da prática cotidiana. Um bom exemplo é esse fato, o individualismo que restringe os laços sociais e consequentemente prejudica o meio ambiente.
O livro “O direito à ternura” de Luis Carlos Restrepo é um denso retrato da realidade. Dividido em 20 capítulos que apresentam como a ternura desempenha importante papel em todos os campos da vida e como nós a omitimos.
O capítulo um “O público e o privado” apresenta que o direito à ternura é íntimo, pessoal, no sentido que existe em cada pessoa e é ela que deve exercê-lo. O autor ressalta que a lógica do público e privado exclui a lógica do afeto. E também que as políticas públicas interferem na vida pessoal.
“Falácias epistemológicas” narra quais são os temores ao falar da ternura; um exemplo é a suposta efeminação do homem terno. Mostra que o afeto não deve ser um ato exercido somente por alguns indivíduos e sim por todos. O autor enfatiza também que a escola afasta a ternura, ensinado que só se pode entender o outro “dissecado”, não compreendendo assim o ser vivo na sua singularidade.
Já o terceiro capítulo “Analfabetismo afetivo” destaca que a afetividade foi excluída do campo científico por ser considerada um estorvo. O afeto é colocado em segundo plano, apresentando assim o analfabetismo afetivo da cultura ocidental. A falta de ternura abrange todas as áreas da vida social (família, trabalho, política, economia, fé, entre outros).
No capítulo quarto “Herdeiros de Alexandre” o autor exibe o excesso de autonomia que a sociedade exige das pessoas. Compara o homem como um guerreiro que pensa apenas na sobrevivência, não possuindo afeto. Destacam neste capítulo as estórias de Alexandre e Indra; guerreiros de épocas distintas, mas que aprenderam a viver sem demonstrar afeto pelo próximo.
“As loucuras permitidas” expõem que taxamos de loucos as pessoas sensíveis e procuramos respostas na ciência para explicar essas loucuras. A sociedade rotula de “normais” as pessoas que atendem bem aos automatismos e que não possuem reflexos próprios tornando-se apenas indivíduos controlados por outras pessoas. No capítulo também é exibido o resultado da paranóia: empresários e dependentes químicos que não possuem afeto e fazem tudo para alcançar o objetivo.
O sexto capítulo “A cognição afetiva” realça a latente separação entre cognição e afetividade. O conhecimento é limitado aos sentidos que mantém certa distância corporal. No processo de aprendizagem o tato e olfato são excluídos e os alunos utilizam somente a visão e a fala. O autor também destaca o aniquilamento da singularidade e das diferenças no processo de aprendizagem.
“Sentir a verdade” foca na ciência e na sensibilidade. A ciência é considerada o novo mito, uma opção ética e política, uma tentativa de mostrar como natural o que é uma criação cultural. Reforça que a sabedoria cotidiana depende dos sentidos e sentimentos. As diferenças radicais residem no plano sensorial.
O oitavo capítulo “O cérebro social” salienta que a cultura condiciona o nosso cérebro e o nosso conhecimento. Para desenvolver, o cérebro necessita de estímulos sensoriais e táteis que constroem o ambiente.
No capítulo nove “Agarrar e acariciar” as diferenças entre carinho e violência são destacadas. A importância do tato é fundamental, pois a forma como ele é utilizado modifica o contexto. Ao agarrar impomos a nossa vontade. Podemos agarrar com gestos, olhares e verbos. O ato de agarrar é um ato violento. Acariciar é o oposto de agarrar. Devemos contar com o outro. É um ato compartilhado.
O décimo capítulo “Retorno a Sabedoria” estabelece que o saber é a supremacia da ternura. Relembra que a separação entre cognição e afeição fechou a multiplicidade do saber. Indica que a ternura é um meio de bloquear nosso ódio e que afeto e respeito resultam em liberdade.
“Entre amor e ódio” salienta o sonho do amor impossível e a diferença dele e ternura. Amor é ódio, odiamos somente o que amamos. O amor apresenta estórias felizes, mas também traz feridas. Ele é uma projeção que fazemos de outro que não existe, não é real. A ternura é o termo médio entre amor e ódio.
O capítulo doze “Violência sem sangue” se refere à violência psicológica, ao preconceito. Um tipo de violência que não aceita as diferenças e impede o surgimento e crescimento delas. É a violência que rejeita o diferente, julga sem conhecê-lo e critica sem saber como é a realidade e vivência do outro.
O décimo terceiro capitulo “Casal: Tarefa impossível?” realça
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