Sobre diálogo de Teeteto
Por: Eliza311086 • 13/11/2018 • Trabalho acadêmico • 1.037 Palavras (5 Páginas) • 200 Visualizações
Opinião Falsa, Opinião Verdadeira e Saber no contexto da epistemologia platônica proposta no diálogo Teeteto
Elizandra Pires Neves
No Teeteto, um dos diálogos de Platão, Sócrates põe em discussão a questão “o que é conhecimento (episteme)?”. A esta questão Teeteto apresenta três definições que constituem o diálogo as quais são refutadas por Sócrates. A primeira definição trata a episteme como sensação; a segunda, como opinião verdadeira; e a terceira, como opinião verdadeira acompanhada da explicação racional ou logos.
Dada a primeira resposta de Teeteto que conhecimento é sensação, Sócrates refuta construindo argumentos baseados na teoria de Protágoras, que diz que o “homem é a medida de todas as coisas”, tratando as percepções individuais como verdade real para cada sujeito; e na teoria do Fluxismo de Heráclito, que se refere ao movimento constante de todas as coisas.
Para Platão, o saber, a ideia, é perfeita e estável. As sensações são particulares e diferentes para cada indivíduo. Cada sujeito tem em si o critério de diferenciação das coisas como, quente e frio, seco e úmido, por exemplo. E isso não leva a uma ideia estável, portanto não proporciona o conhecimento. Considerando ainda o movimento constante das coisas em acordo com a teoria do Fluxismo de Heraclito e o perpétuo devir de Parmênides, novamente a instabilidade torna impossível o alcance ao conhecimento.
Assim concluem que conhecimento não é percepção. Os órgãos dos sentidos são apenas canais para uma primeira impressão sobre o saber, um primeiro passo em direção ao conhecimento. Para Platão o saber se dará a partir da abstração e não somente pela sensação empírica. Então passam a buscar a definição de conhecimento na opinião.
Prosseguindo o diálogo, Teeteto define o conhecimento como opinião verdadeira. Sócrates então se detém a analisar a possibilidade do falso julgamento pelo indivíduo, da formação de opiniões falsas e de erros, já que pra ele, a opinião verdadeira, a princípio, é de fácil refutação.
Em acordo com o diálogo, a formação da opinião falsa consiste numa confusão da mente, num desajuste entre a sensação e o pensamento, entre percepção e o saber da alma, em que o indivíduo substitui uma coisa por outra. É um tipo de “outra opinião” resultada de uma opinião, que tem como consequência a afirmação de que uma coisa que é seja uma outra coisa.
Sócrates diz que no ato de pensar a alma discorre consigo mesma um discurso a cerca de suas análises, procedendo dialeticamente, ora interrogando, ora respondendo, até chegar a emitir um julgamento com segurança, uma opinião. Sendo assim é questionável a possibilidade de que alguém possa confundir dois objetos que estão na mente substituindo um pelo outro, ou confundir um objeto presente na mente com outro ausente. Assim, elimina a definição da opinião falsa como troca de representação.
Deste modo Sócrates nega a possibilidade do juízo falso. É impossível alguém saber e não saber, ao mesmo tempo, aquilo que sabe. Então ele recorre à memória para demonstrar a possibilidade do erro.
Sócrates sugere que na nossa alma, existiria algo como um “bloco de cera”, diferente em cada pessoa, o que implicaria em consequências em relação aos saberes contidos, em memória, em cada alma. Nesses blocos de cera, que podem ser maiores, menores, puros, impuro, duros ou moles, ficariam gravadas nossas sensações e pensamentos e teríamos a lembrança e conhecimento; e o que não fosse registrado seria esquecido ou ignorado. Nessa perspectiva, o conhecimento se daria a partir de uma percepção imediata que se tem de algo e do registro da sua respectiva imagem na memória da alma. Isso aumentaria as possibilidades de se julgar falsamente, pois Sócrates afirma que o saber difere da sensação, o que significa dizer que o saber é possível sem que haja uma percepção atual em relação ao objeto, ou seja,
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