A ANÁLISE DO MAPA GEOLÓGICO NO DISTRITO FEDERAL
Por: Flav10 • 18/9/2021 • Relatório de pesquisa • 1.514 Palavras (7 Páginas) • 214 Visualizações
ANÁLISE DO MAPA GEOLÓGICO NO DISTRITO FEDERAL
Flávio Ferreira Silva - Geologia Estrutural
CONTEXTO GEOLÓGICO
A área de estudo encontra-se na porção oriental - central do domo estrutural do Distrito Federal (Figura 1), neste local ocorrem metassiltitos com lentes de quartzito, correspondentes a sub-litofácies metarritmito argiloso (topo) da Formação Ribeirão Piçarrão (Campos, 2013) pertencente a sucessão psamo-pelítica carbonatada denominada Grupo Paranoá.
Figura 1- Mapa geológico do Distrito Federal (Freitas e Silva, 1995) com o polígono da área do trabalho.
O contexto estrutural do Distrito Federal é condicionado pelo padrão de sobreposição de dobramentos e pelos arranjos de sistemas de cavalgamento Paranã, São Bartolomeu/Maranhão e Descoberto.
No DF ocorrem cinco fases deformacionais sendo F1 relacionada a incipiente recristalização de filossilicatos paralelos a S0, seguido de uma fase F2 que apresenta geralmente dobras assimétricas (D2) com eixos N-S. A fase F3 é mais atenuada, sendo caracterizada por dobras de deslizamento flexural (D3) com direção axial N-S, em seguida ocorre a fase F4 com a atenuação progressiva da deformação iniciando a propagação de dobras suaves a moderadas (D4) com eixos normalmente orientados para N80W/18.
A sobreposição das fases D2/D3 e as dobras D4 resultaram no padrão típico de domos e bacias do Distrito Federal. Por fim ocorreu a fase de fraturamento F5 caracterizada como um evento descompressional similar ao de estruturação de orógenos em fase final (Campos et al. 2011).
METODOLOGIA
No campo a equipe desenvolveu o mapeamento geológico de detalhe e adquiriu as seções de Ground Penetration Radar (GPR) próximo às vias principais do Bairro Noroeste. Em campo a equipe coletou quatro perfis de GPR (Figura 2), somando aproximadamente 7,7Km de dados, com o objetivo de auxiliar o mapeamento geológico da área com os dados de subsuperficie.
Figura 2- Imagem aérea do Setor Noroeste (DF), com o posicionamento e a direção das linhas de GPR.
Na aquisição de dados usou-se o sistema SIR-3000 (GSSI) acoplado a uma antena blindada de 200MHz juntamente com uma roda odométrica. Na coleta de dados aplicou-se a técnica do afastamento constante (common offset) com o registro de traços a cada 5 cm, janela temporal de 300 ns, 1024 amostras por traço, e intervalo de amostragem temporal de 0,29 ns.
No processamento dos dados das seções GPR usou-se o software ReflexW versão 7.5, com a aplicação de ganhos e filtros de acordo com a necessidade de cada dado específico, com o objetivo de eliminar ruídos e realçar estruturas geológicas.
No cálculo da velocidade de propagação da onda eletromagnética para a área, usou-se uma seção de GPR obtida sobre um alvo com profundidade conhecida (uma manilha de concreto), calculou-se a velocidade do meio (0,1 m/ns) usando-se a equação do tempo duplo de transito com afastamento nulo entre as antenas (v=2h/t; v é a velocidade, h é a profundidade do alvo, e t é o tempo duplo de trânsito).
Na análise e na interpretação dos dados usaram-se os critérios de padrão de reflexão que levam em conta geometria e amplitude dos refletores. Nas seções de GPR reconheceram-se quatro padrões principais de reflexão (P1, P2, P3 e P4) relacionado às radarfácies presentes na área (Figura 3).
Figura 3- Padrões de radarfácies reconhecidos nas seções de GPR e usados nas interpretações.
O padrão P1 quase não apresenta refletores e possui baixa amplitude, sendo interpretado como uma possível camada superficial de solo com espessura entre 0,5 a 6m. Os refletores planos contínuos e inclinados com alta amplitude representam o padrão P2, os refletores com padrão P3 são semelhantes a P2, porém apresentam amplitudes moderadas a baixas, estes dois padrões são reconhecidos como camadas da lente de quartzito do topo da Formação Ribeirão Piçarrão. Os refletores descontínuos e horizontais de baixa a média amplitude entre regiões com ausência de refletores foram interpretados como o padrão P4 referente aos metassiltitos da Formação Ribeirão Piçarrão (Figura 4).
Figura 4 – Parte de uma seção de GPR referente a linha 3, com a identificação e os limites entre os padrões de reflexão encontrados na área.
RESULTADOS
No mapeamento geológico da área não foram encontrados afloramentos de metassiltitos. O quartzito aparece diversas vezes na área como blocos soltos e não aflorantes, porém esta rocha foi encontrada in-situ em cinco locais diferentes sendo quatro afloramentos rasteiros e um localizado em uma escavação (Figura 5).
Figura 5 – Fotografia de quartzitos in-situ dentro de escavação com feição em “tubo” definindo uma possível dobra parasita, com medidas de 345/24° (dip-direction).
Os afloramentos rasteiros não demonstraram feições estruturais expressivas além do acamamento que por vezes apresentou um padrão dômico não possibilitando a identificação de acamamento ou foliação.
Na rocha que estava na escavação foi feita a identificação de fraturas e do acamamento além de uma possível feição de “tubo” indicando um possível dobramento parasítico com direção axial E-W onde apenas o flanco norte aflora.
O quartzito na área é muito friável com constituição mineralógica de apenas quartzo com granulometria variando de médio a grânulo, predomínio de areia média, grãos bem selecionados e sub-arredondados. A cor da rocha variou entre cinza a branca, em alguns locais apresentou-se rosado devido a maior quantidade de óxido de ferro.
Os solos caracterizados na área foram classificados em campo como latossolo vermelho e neossolo regolitico (>20% de argila), este segundo proveniente do intemperismo do quartzito. O mapeamento por meio de solos na área apresentou se impreciso devido a grande quantidade de escavações para obras que deslocam materiais por todo o local.
Nestes afloramentos encontrados foram aferidas cerca de 26 medidas do acamamento (S0), por meio da elaboração de estereogramas (acamamento S0 ; Figura 6) foi visto que todas as camadas encontradas apresentaram mergulho para norte com densidade máxima de 348/25° (dip-direction)
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