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Fichamento Teoria e Método Fenomenologia

Por:   •  16/12/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.680 Palavras (11 Páginas)  •  220 Visualizações

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 SUESS, R. C.; LEITE, C. M. C.. GEOGRAFIA E FENOMENOLOGIA: UMA DISCUSSÃO DE TEORIA E MÉTODO. ACTA Geográfica, Boa Vista, v.11, n.27, set./dez. de 2017. pp.149-171.

Autor do fichamento: Dandara Vilhena Delgado

Informações dos autores do texto-fonte:

O autor Rodrigo Suess é Professor da Carreira Magistério Público da Secretaria de Educação do Distrito Federal - SEEDF, componente curricular Geografia. Possui doutorado e mestrado em Geografia (UnB), atuando nas seguintes áreas: Estudo do conceito de Lugar; Geografia Humanista Cultural ou Humanista; Geografia, Música e Literatura; Geografia humanista e ensino de Geografia; Escola, cotidiano e espaço; Geografia Urbana, simbolismo e lugar.

        A autora Cristina Leite, é geógrafa, Doutora em Educação, com Mestrado em Gestão Ambiental e Especialização em Gestão do Território e Sensoriamento Remoto. Professora efetiva da Universidade de Brasília (UnB), atuando nas seguintes áreas: formação de professores na área de Geografia, bem como na análise das questões referentes ao ensino/aprendizagem desse campo disciplinar.

Ideia Central: Discutir a relação existente entre a fenomenologia e a Geografia identificando as contribuições analíticas para uma nova leitura do espaço geográfico. Esse elo demonstra que a fenomenologia contribui com esse campo do saber ao propor uma ruptura com as “verdades” das ciências modernas ao valorizar o mundo da vida e ao abrir espaço para uma gama de estudos que consideram as intenções humanas.

Objetivo: é analisar a relação intrínseca fenomenológica e a geográfica para compreender as relações que são tecidas no espaço geográfico.

Palavras-Chaves: Método. Geografia. Geografia Humanista. Fenomenologia

Síntese esquemática da obra:

  1. Introdução

A fenomenologia é o estudo dos “fenômenos”, é um arcabouço filosófico que procura compreender as essências dos fenômenos vividos de cada indivíduo ou grupo.

Tem como perspectiva crítica as “verdades” consagradas pela ciência racionalista no qual por meio dela se pode almejar outras formas de conhecimento, conhecer o mundo.

Por meio desse método considera-se o imaginário dos sujeitos, as fantasias, as representações, as percepções, o vivido e o experimentado.

É uma leitura apurada do espaço para além do físico natural, para tal, dividiu-se este trabalho em três momentos:

  1. As questões implicadas ao método, expondo como caminho de reflexão;  
  2. Desenvolvimento de um breve histórico sobre esse arcabouço filosófico e suas principais características;
  3. A relação da Geografia com a fenomenologia e suas implicações para análise do espaço geográfico.

  1. MÉTODO: visão de mundo

Os instrumentos intelectuais são relevantes para que o investigador possa ter uma apreensão da realidade objetiva que o cerca. Nesse sentido, as ciências sociais não escapam dessa lógica.  Discussões filosóficas que dominam a teoria do conhecimento, o método, a lógica e uma análise do movimento histórico são essenciais para debatermos a ciência hoje e sempre. Na ciência geográfica se faz necessário um aprofundamento teórico a respeito do método, tendo em vista, a realização de uma Geografia mais científica.

O método faz parte da ciência, é a consciência do imenso conteúdo da vida, da experiência, do pensamento. "É o conteúdo [...] que se reflete na forma e se 'reflexiona' no pensamento" (p. 117). Para Sposito (2004, p. 55) "o método não existe como uma entidade simples e desconectada da realidade científica". O método é apontado como caminho para reflexão, sendo que, na ciência geográfica é ele que permitirá pensar a produção do espaço de forma coesa e coerente.

Um mesmo objeto a ser analisado poderá assumir diversas reflexões, diversos caminhos, a depender do método utilizado. A partir do método a Geografia, como as demais ciências, se posiciona diante das suas abordagens em relação ao modo de pensar a produção da espacialidade.

  1. Fenomenologia

O trabalho Investigações lógicas que aparece publicado em duas partes, uma em 1900 e outra em 1901, por Edmund Husserl (1859-1938), inaugura o ponto de partida desse movimento. Para os dois primeiros, na Alemanha além do fundador, Martin Heidegger (1906-1976) desponta como um dos principais nomes, na França também surgiram grandes expoentes como Emmanuel Lévinas (1906-1976), Jean-Paul Sartre (1905-1980), Maurice Merleau-Ponty (1907-1960) e Paul Ricoeur (1913-2005) (SOKOLOWSKI, 2012).

O nascimento da fenomenologia acontece de uma tentativa de revisão fundamental e radical do conceito de ciência e de racionalidade e também da exposição existente na ciência convencional entre técnica e humanidade contemporânea. A fenomenologia pode ser de várias crenças, entre elas, que a mesma seria anticientífica, não baseada em análise e descrição, mas em uma espécie de intuição sem controle ou revelação metafísica. Para Heidegger (1986) a fenomenologia é considerada como a ciência dos fenômenos.

Cuja análise se efetua por meio de dois componentes: o fenômeno e o logos. O fenômeno é oposto ao encobrimento e apresenta várias facetas."fenômenos nunca são manifestações, toda manifestação é que depende de um fenômeno" (HEIDEGGER, 1986, p.59).

De acordo com Goto (2013), Husserl vai chamar esse método descritivo de procedimento fenomenológico, no qual o retorno "às coisas mesmas" é princípio fundamental. Esse resgate nos dirige a atenção diretamente ao fenômeno, isto é, ao aparente, a tudo aquilo que aparece imediatamente à consciência.  “Consiste aqui em retornar ao mundo prévio às teorizações, a um mundo que é vivo, originário e de onde parte toda posterior idealização científica" (GOTO, 2013, p. 41).  

[...]retornar "às coisas mesmas" é antes de tudo a desaprovação da ciência. [...] Tudo aqui que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada. Todo o universo da ciência é construído sobre o mundo vivido, e se queremos pensar a própria ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e seu alcance [...] Retornar às coisas mesmas é retornar a este mundo anterior ao conhecimento do qual o conhecimento sempre fala, e em relação ao qual toda determinação científica é abstrata, significativa, e dependente, como a geografia em relação à paisagem - primeiramente nós aprendemos o que é uma floresta, um prado ou um riacho (MERLEAU-PONTY, 2011, p. 3-4).  

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