O Pré Projeto de Geografia
Por: Jerhárde Oliveira • 9/11/2023 • Projeto de pesquisa • 3.597 Palavras (15 Páginas) • 91 Visualizações
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CENTRO DE CIÊNCIAS DO HOMEM
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
CLARICE RUFINO RIBEIRO
A RELAÇÃO DO TRÁFICO DE DROGAS NO TERRITÓRIO DO CONJUNTO HABITACIONAL DA LAPA. QUEM DOMINA?
Campos dos Goytacazes - RJ
2023
CLARICE RUFINO RIBEIRO
A RELAÇÃO DO TRÁFICO DE DROGAS NO TERRITÓRIO DO CONJUNTO HABITACIONAL DA LAPA. QUEM DOMINA?
Trabalho final apresentado como requisito para a conclusão da disciplina de geografia II.
Prof. Rodrigo Caetano
Campos dos Goytacazes - RJ
2023
1. OBJETIVOS
1.1. Objetivos Gerais:
Analisar a relação que o domínio do tráfico de drogas tem com o território geográfico, o espaço social e com as relações sociais dos moradores que vivem nesses espaços dominados e convive diariamente com o crime organizado.
1.2. Objetivos específicos:
● Conceituar o tráfico de drogas e o crime organizado;
● Conceituar e apresentar definições de território, espaço e lugar, a partir do pensamento geográfico;
● Analisar e compreender qual a relação existente entre eles;
● Descrever como se dá o domínio dos traficantes e de que forma ele acontece;
● Discutir aspectos importantes sobre as vivências e afetos dos moradores nesse espaço.
2. INTRODUÇÃO
Este projeto tem o intuito de tentar entender a relação empírica que o tráfico de drogas exerce no espaço e no território, ao lume da periferia da cidade de Campos dos Goytacazes, adotando como recorte facial o conjunto habitacional do bairro da Lapa.
Voltando-se a entender como se dá a relação territorial do tráfico nas comunidades e como os moradores desses locais e às famílias que convivem diariamente com essa relação de domínio, se sentem e se posicionam com essa situação, relacionando o lugar e espaço em que ele se desenvolve. Assim, tentar compreender: Qual influência o tráfico de drogas tem sob a vida dos moradores e nas relações sociais entre eles nesse espaço geográfico? E de que forma esse domínio acontece e se expande nesses locais?
O Território é usualmente definido por Geógrafos, como uma área do espaço delimitada por fronteiras a partir de relações de posse ou propriedade, seja ela animal ou humana. Segundo Manuel Correia de Andrade, a territorialidade, na sua compreensão, dá-se com a formação do Estado, sendo regionalizada histórica e diferentemente.
Em sua descrição e análise de aspectos da formação do Brasil, entre os séculos XVI e XX, há características da substantivação do território, revelando relações de poder, de apropriação, dominação e gestão. Há uma compreensão predominante do poder concretizado a partir das ações do Estado, no entanto, ele também reconhece o poder presente em outras relações sociais, o que significa um avanço considerável, ampliando a leitura e a compreensão do território combinando aspectos materiais e imateriais. (SAQUET, Marcos, 2010)
De acordo com o pensamento de Milton Santos (1978), é uma tarefa árdua encontrar uma definição única para espaço, e até mesmo para território, pois cada categoria possui diversas interpretações, sendo assim, qualquer definição não é uma definição imutável e fixa, ou seja, ela é flexível e permite mudanças. Isso significa que os conceitos têm diferentes significados, historicamente definidos, como ocorreu com o espaço e território.
O autor estudando o âmago das relações humanas como o território, define os conceitos de espaço, apresentado como fator social e não somente como um reflexo social. Milton Santos denomina-o como uma instância da sociedade, em suas palavras:
(...) o espaço organizado pelo homem é como as
demais estruturas sociais, uma estrutura subordinada
subordinante. É como as outras instâncias, o espaço,
embora submetido à lei da totalidade, dispõe de uma
certa autonomia. (SANTOS, 1978, p. 145).
Nesta perspectiva, o espaço precisa ser considerado como totalidade: é necessário compreender o conjunto de relações que formam o espaço, através dos processos históricos, tanto do passado como do presente.
Trazendo essa discussão para a Geografia Humana, ela abarca versões políticas, culturais, econômicas, regionais e entre outras. A partir dessa definição, podemos compreender o território em suas múltiplas escalas, ele pode ser muito amplo ou até muito específico, como os territórios de domínio dos traficantes em uma ou mais favelas e bairros. Portanto, a compreensão de um território irá depender da abordagem empregada e do que será nele estudado.
Embora o tráfico de drogas seja um fenômeno mundial, é importante refletir sobre as singularidades locais da inserção social e da organização do tráfico de drogas, tornando mais evidente e concreta a análise com base em constantes que caracterizam sua situação geral. (PONTES, 2009, p.78)
No que tange o domínio do tráfico de drogas sob o território, Pontes ressalta que:
“A cultura da droga apresenta alguns questionamentos quanto à natureza dos espaços
públicos e privados. Mas, para a cultura das drogas, a “rua” é o espaço de convivência de traficantes e gangues, uma vez que houve substituição das ruas e da cidade, como centros sociais, passando a ser o espaço da rua, o de vida e morte e de cultura da droga.” (PONTES, 2009, P. 74)
Sendo assim, fica evidente que a cultura das drogas influencia diretamente na vida social dos moradores e nos seus âmbitos de convivência, afetando também seus espaços de lazer e impactando na segurança dessas famílias, a qual muitas das vezes ficam submetidas a situações de risco.
3. DESENVOLVIMENTO
Esta pesquisa foi baseada nas vivências dos moradores do programa de moradia popular do Projeto Morar Feliz, especialmente do Conjunto Habitacional do Bairro Lapa, localizado no Município de Campos dos Goytacazes. Contextualizando como ocorreu essa transformação na vida e na vivência desses moradores e como se deu o fato do tráfico de drogas dominar este território, será abordado o contexto histórico que antecedeu as situações atuais e toda a dominação exercida hoje neste espaço social.
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