Brasil III - Coronelismo, Mandonismo, Clientelismo
Por: Nathalia Laurindo • 13/2/2019 • Trabalho acadêmico • 1.533 Palavras (7 Páginas) • 271 Visualizações
Questão C: Política dos governadores – Revisão crítica e coronelismo.
O presente trabalho pretende discutir acerca da revisão dos conceitos de coronelismo, mandonismo e clientelismo, conceitos que por hora são confundidos e utilizados de maneira equivocada. Para basear a discussão, se utilizará as os textos de José Murilo de Carvalho “Mandonismo, coronelismo, clientelismo: uma discussão conceitual.”, o capítulo primeiro de “Coronelismo, Enxada e Voto.” de Vitor Nunes Leal e o texto de Maria de Queiroz “. O Coronelismo numa interpretação sociológica.”.
O conceito do coronelismo então se dá pelo entendimento de um sistema que envolve desde o poder local até o federal, entendendo assim, que há uma troca de favores. O coronel era o intermediário entre o povo e o poder público, onde conseguia o poder por meio de privilégios e regalias.
Portanto, entendendo esse conceito, não se deve ser confundido o Coronelismo com algumas de suas características secundárias, no caso, o Mandonismo e Clientelismo. José Murilo de Carvalho conceitua os dois termos com base na interpretação de Vitor Nunes Leal, onde, o Mandonismo é caracterizado pelo chefe, o individuo que possui controle e poder sobre algo e consequentemente, domina a população, de forma incisiva, limitando-os o acesso à vida politica. Já o Clientelismo é caracterizado pela relação entre os políticos, que concede ao coronel privilégios para que o coronel consiga controlar a população e receber em troca o apoio politico.
Os três conceitos apesar de estarem relacionados, não são a mesma coisa. Cada um desses, conforme foi visto acima, tem suas características e ao mesmo tempo, possuem um dinamismo entre sí.
Esses sistemas de dominação se dá, segundo o autor José Murilo de Carvalho, pela diminuição dos poderes locais e pela nova organização politico/institucional, que voltavam-se para a centralidade do poder do Estado. O sistema de dominação foi conduzindo de maneira abrangente, atingindo todo o funcionamento público.
Segundo a autora Maria Isaura Pereira de Queiroz, o Coronelismo tem como origem após o Brasil império,que permitiu que os proprietários de terra comprassem títulos que os colocassem como líderes regionais, pois, o Estado ainda não tinha de forma estruturada um exército, para controlar todo o território. Portanto, a figura do coronel tinha como poder não só o de poder material, mas o político, e usava desses dois poderes para conseguir controlar a população, os chamados grupos de parentela, onde o coronel era o chefe do todo esse grupo.
Por fim, com o crescimento das cidades, o poder vai se desassociando da figura do Coronel, pois, este, perde a autoridade por ser um tipo muito arcaico de autoridade. Conforme foi visto, as relações de poder e as formas que estas se caracterizavam, eram muito complexas, não davam mais conta. No entanto, a figura do coronel se dissolve, abrindo assim espaço para um novo cenário politico, as camadas médias da sociedade entram no jogo, continuando todo o jogo político do passado, o termo conhecido como “modernização conservadora” algo tem que mudar pra que tudo fique da mesma forma.
Questão D: Religiosidade e política
A proposta desse esse texto é fazer uma discussão acerca dos movimentos religiosos da primeira República e assim, compreender as transformações políticas e institucionais presentes no mesmo contexto. Para fundamentar a discussão, o texto contará com o apoio bibliográfico dos textos: “Religião e Política No Alvorecer Da República” de Jacqueline Hermann e “Coronelismo, Enxada e Voto” de Victor Nunes Leal.
Para entender a analise sobre o caso dos movimentos, é preciso entender o papel da Igreja Católica frente a transformação política/institucional. Com a instauração da república no país, significou para a Igreja Católica o fim da interferência dos governantes em questões eclesiásticas, isso significava de certa forma, a independência dessa instituição, a liberdade de ação da Igreja distanciada do Estado. Porém, ao mesmo tempo configurou pela secularização da ordem pública, ou seja, como cita o texto de Jacqueline Hermann, a igreja perdeu de certa forma sua ação, pois foi limitada de atuar em medidas como a constituição republicana de 1890, que garantia, por exemplo, o reconhecimento e obrigatoriedade do casamento civil, impedimento de formação de novas comunidades religiosas entre outras ações que, de certa forma traz a perda de poder da Igreja Católica.
Porém, os esforços de manutenção do poder e da autonomia da Igreja, foram defendidos por parte de autoridades eclesiásticas, criando um movimento de reação às imposições frente a nova constituição. Tentavam de certa forma, agir de forma política para poder amenizar a secularização do Estado. Por isso, essa reação por parte da Igreja conseguiu de certa maneira, garantir que alguns poucos poderes continuassem em vigor. Apesar da constituição de 1891 ser de certa forma encarada de forma positiva para a Igreja, para o povo, era uma ofensa para a fé e religiosidade.
Devido a esse ambiente de instabilidade, alguns autores explicam o surgimento desses movimentos em questão: Juazeiros, Canudos e Contestado, entendendo assim que estes são de certa forma uma reação a todo o contexto apresentado.
Para Queiroz, como aponta o texto, a ausência de leis nas sociedades rústicas gera uma instabilidade, fazendo assim surgir esses movimentos messiânicos, que poderiam ser reformadores ou aqueles que conservavam o tradicional. Esses movimentos religiosos teriam como principal aspecto a função sociopolítica. Em outro ponto, Rui Facó, em sua obra importantíssima, aponta que o monopólio de terra e as problemáticas como miséria e pobreza, seriam o motor que impulsionava o surgimento desses movimentos, tendo apenas a religião como discurso, ou aparato. Já em outra lente, Monteiro aponta que a religião é a parte essencial das sociedades rusticas. Por meio da religião que a população construiu uma identidade própria.
Para entender os movimentos então é preciso compreender que “Os movimentos brasileiros, inserem-se no contexto de transformações sociais, políticas e econômicas que tiveram seu principio antes da instauração da republica” (MONTEIRO, 1982), entendendo isso, cabe observar os movimentos religiosos e seus líderes, começando por Padre Cícero, que com a ajuda do padrinho, consegue custear seus estudos, e até que consegue ser consagrado padre. A região do Juazeiro do Norte é onde ele se torna um líder que tem em sí, a figura mística representado. Não foi tolerado pelo clérigo católico e pelas elites e intelectuais como “centro de fanatismo”. Portanto, a figura dele transcendeu os limites religiosos, partindo para a esfera política. Tornou-se um representante mítico e poderoso, que só se encerrou (conforme aponta o autor Duglas) com a morte deste, que passe de fanático para santo.
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