O CASAMENTO NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Por: RchardRocha • 19/9/2018 • Artigo • 5.193 Palavras (21 Páginas) • 405 Visualizações
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE GEOGRAFIA, HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA - DEHIS
O CASAMENTO NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Ana Paula Alves dos Santos
Cristine Victoria de Jesus
Lohayne Nykelly Carvalho de Araújo
Monique da Silva Novais
Richard Rocha Dias
Resumo
O presente artigo visa elucidar os principais aspectos de como se dava o casamento no Brasil no século XIX. Assim, argumentaremos de forma que fique clara como eram as relações das pessoas antes e depois do casamento. De início, apresentaremos a obra principal, o texto base para a preparação do artigo, sendo este, o livro “Beije-me onde o sol não alcança”, da historiadora Mary Del Priore. Ademais, vincularemos o texto base com mais alguns textos complementares para que estes possam auxiliar no debate e no entendimento de como se davam essas relações, possibilitando uma descrição com maior riqueza de detalhes.
Palavras-chave: Casamento. Mulheres. Interesse.
Abstract
The present article aims to elucidate the main aspects of how marriage occurred in Brazil in the 19th century. Thus, we will argue in a way that is clear how the relations of the people before and after the marriage were. At the outset, we will present the main work, the basic text for the preparation of the article, this being the book "Kiss me where the sun can not reach", by the historian Mary Del Priore. In addition, we will link the base text with a few complementary texts so that they can help in the debate and the understanding of how these relations were given, allowing a description with greater detail.
Keywords: Marriage. Women. Interest.
1. Introdução
O casamento é alvo de grandes discussões historiográficas ao longo dos séculos. Neste artigo iremos trabalhar esse viés no século XIX, especificamente no Brasil Império. Explicar como esse ritual que faz parte do cotidiano da sociedade interfere e movimenta a mesma, com suas atribuições peculiares e distintas para as diferentes classes sociais e étnicas. Como essas relações de poder patriarcal era fator predominante para realização de tal ato nas classes mais abastadas; a relação dos dotes sempre acompanhada por um forte interesse financeiro; como acontecia às cerimônias; o amor entre os noivos, ou até mesmo a falta dele; os casamentos entre pessoas da mesma linhagem; a visão dos estrangeiros a cerca do casamento precoce; o papel da mulher ante tudo isso; o sexo no casamento e a interferência da igreja. Aspectos de grande importância para a sociedade.
Para entendermos um pouco mais sobre as relações do casamento naquele século, iremos usar como plano de fundo a obra da historiadora Mary Del Priore “Beije-me onde o sol não alcança”, sendo esta, um romance histórico.
2. O casamento na obra literária “Beije-me onde o sol não alcança”
O casamento é um tema bastante discutido há muito tempo, sobretudo, iremos estuda-lo de uma forma a compreender este acontecimento que permeia o imaginário da sociedade como um todo. A obra da historiadora Mary Del Priore “Beija-me onde o sol não alcança” trás como tema principal o triângulo amoroso entre um conde russo, uma baronesa do café e uma ex-escrava. Neste romance de história ficcional e onde se encontra alguns fatos verídicos a autora irá narrar essas relações com uma riqueza de detalhes que impressionam o leitor.
Logo no início da obra citada, iremos nos deparar com um relato descrito através de uma carta, onde o conde russo “Maurice” escreve a sua mãe e lhe conta a necessidade de arrumar uma esposa, essa necessidade estava intrinsecamente ligada ao fato de que ele possuía grande prestígio, porém estava praticamente falido devido à má administração de seus recursos.
O casamento tem sido objeto de pesquisas que favorecem a análise do imaginário cultural da sociedade, dos arranjos familiares e de estabelecer as uniões conjugais pelos interesses muitas vezes financeiros.
E isso fica evidenciado na obra discutida.
“Penso maman que esse é o lugar para enriquecer. Como diz o ditado “a rena conhece sua pastagem” só preciso de uma noiva que financie minhas ideias. Vamos esse final de semana para o vale do café onde reside a família de Luiz César. Soube que há uma constelação de moças casadoiras disponível. Verei o que encontro.” (PRIORE, p.36).
A fala do conde em relação às pessoas no Brasil quase sempre era carregada com um ar de superioridade. Ele faz críticas à cidade do Rio de Janeiro afirmando que por onde passava a cidade era repleta de negros. Evidência a beleza da irmã e menospreza os atributos de beleza das brasileiras, afirmando que tais moças eram despidas de graça.
A família de Maurice pertencia a um grupo seleto da sociedade francesa, nos relatos encontrados na obra, o conde vem até o Brasil acompanhado de sua irmã recém-casada com um brasileiro herdeiro de uma grande fortuna em café. Logo após a sua chegada, começam os preparativos na busca por uma esposa, e é a partir dessa caçada que a trama se desenrola. Ele é apresentado à família do cunhado, que eram pessoas de muito dinheiro, porém de origem humilde, suas economias principais era o cultivo do café.
Dentre essas pessoas estava uma prima, por nome Nicota, neta do barão de Piraí, que já haviam falecido vinte anos antes desses fatos. Essa jovem aparentemente não possuía grandes atributos de beleza, pelo contrário, ela era extremamente doente, e isso a fazia pensar que nunca se casaria. No entanto, ela possuía os atributos necessários para a realização do casamento, já que neste caso em especifico o seu dote era o que importava de fato.
“Meu noivo está contente. No meu dote seguem a fazenda Bela aliança e os sítios Velho, Maria Barbosa e Serrote. Do inventário de mamãe, recebi doze apólices da dívida pública. Do de papai, a quantia de vinte cinco contos de réis, na parte que lhe cabia da fazenda Bela Vista. Não sou noiva de pouco.” (PRIORE, p. 54).
A situação de casamento vivido pela irmã de Maurice, “Vera” era bastante favorável para a mesma. Já que ela havia se casado muito bem, seu marido era herdeiro de
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