O Departamento de Ciências Humanas
Por: Bea_rodriujaj12 • 31/1/2023 • Artigo • 1.446 Palavras (6 Páginas) • 71 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
Departamento de Ciências Humanas
Licenciatura em História
Disciplina: História da África
Docente: José Roberto
Discente: Beatriz Rodrigues Souza
Livro: A Manilha e o Libambo, de Alberto Costa e Silva
Tema: No Reino do Congo
Livro fichado: A Manilha e o Libambo : A África e a escravidão, de 1500 a 1700 / Alberto da Costa e Silva. - 2.ed. - Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011. Capítulo 03. ‘‘A escravidão entre os africanos’’ p.61-95.
“Com as necessidades de trabalho criadas pela invenção da agricultura, certos grupos passaram a aplicar aos prisioneiros de guerra, a fim de quebrar-lhes a vontade, os mesmos processos e os mesmos instrumentos que já usavam não só para controlar os animais, como o curral, a coleira, o cabresto, a peia, a chibata e a castração, mas também para distinguir a posse, como a marca a ferro ardente e o corte na orelha. A tese,por fascinante, provoca-me a propor o inverso: que a experiência de escravizar homens tenha sido aplicada na domesticação dos animais, sem recusar que os dois processos, em algumas culturas, possam ter andado de mãos dadas. Sabemos de muitos povos que praticaram a escravidão sem ter domado animais, a não ser como xerimbabos.“(p.61)
O Autor acredita que a escravização do homem teria tido origem no processo de domesticação dos animais. Segundo ele, ao domesticar os animais o homem usou os mesmos processos e instrumentos que usou para controlar os escravos: a coleira, o cabresto, a peia, a chibata e a castração, e para distinguir a posse, o corte na orelha e a marca com ferro ardente. No caso de escravos esses instrumentos serviu para humilhar e fazer sofrer os recém-capturados ou comprados.
“Variava, por exemplo, de região para região, de cultura para cultura e de grupo para grupo, o número de pessoas habitualmente aprisionadas e postas a trabalhar à força pelos captores. Em sociedades que se foram fazendo caracteristicamente urbanas, como a dos iorubás e a dos hauçás, haveria, desde o início, mais escravos do que em regiões onde o que se poderia pensar ser uma aldeota não passava de um conjunto de habitações de uma só família, isolado na paisagem, a confundir-se com os cultivos ou a envolver um curral.”(p. 62)
O autor afirma que a escravidão variava de região para região, de cultura para cultura e de grupo para grupo, o que nos leva a compreensão de que a escravidão africana se deu de diferentes formas. Havia a escravidão doméstica, que seria aprisionar alguém para utilizar sua força de trabalho, normalmente em uma agricultura familiar. Esse tipo de escravidão convinha para aumentar a mão de obra. A posse de escravos significava prestígio e poder para seus senhores.
“Essas formas de escravidão integrativas e domésticas, possivelmente as primeiras que conheceu a África, têm sido qualificadas de benévolas ou brandas — mas não por Suzanne Miers e Igor Kopy toff, que lhes reconhecem os rigores. Podem, com efeito, ser tidas por suaves, quando comparadas aos ferozes regimes escravocratas de Roma,Coreia, Cuba, Jamaica, sul dos Estados Unidos ou Brasil. Não deixam de possuir, contudo, as principais marcas de sofrimento da escravidão. ”(p.66)
Essa formas de escravidão se dava, principalmente, por meio da guerra, em que um vilarejo vencido em uma luta tinha parte de sua população escravizada. Essas pessoas aprisionadas se somavam ao vilarejo vencedor e se juntavam ao grupo de pessoas que cultivavam a terra, pois, em diversas culturas africanas, a riqueza se media pela quantidade de pessoas disponíveis para o cultivo da terra. Os “Escravos Domésticos” viviam no interior das residências tinham melhores condições de vida e tinham a relativa confiança de seus proprietários. Geralmente os cargos domésticos eram ocupados por escravizadas incumbidas de cuidar da casa, das crianças e inclusive, estar sexualmente disponível ao seu “Senhor”. Embora a escravidão na África fosse considerada branda se comparada com outros lugares não deixa de possuir as marcas de sofrimento da escravidão.
“A relação entre senhor e escravo é baseada na violência. Desde a origem. Desde o momento em que se desnuda quem vai ser escravo de sua identidade social. Desde o instante em que ele se torna “socialmente morto”. Como regra, é arrancado do meio em que nasceu e transferido para outro lugar, longe, com outros costumes, outra fé e outro idioma. Onde, também como regra, é humilhado e sujeito à peia e ao chicote.” (p.67)“
O senhor detém o domínio sobre o seu escravo, enxergando-o como uma propriedade e privando-o de sua liberdade, costumes, idioma, fé e de suas vontades. Nesse sentido, o destino de um escravo fica totalmente nas mãos de seu senhor.
“O escravo está à mercê do dono, que usa de seu trabalho como quer. A própria sexualidade não lhe pertence por direito, sendo o livre acesso sexual ao escravo, segundo Moses I. Finley, da essência da escravidão” (p.68)
O senhor podia tratar e usar do trabalho do escravo como almejasse. O escravo podia ser bem tratado, mas podia também sofrer grandes injúrias e mau tratos . Em geral, eram tratados com violência e desprezo. Além de não ter liberdade e perde sua cultura e forma de viver, sua sexualidade não lhe pertencia por direito.
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