Resenha Maria Stephanou
Por: Roberto Alexandre • 27/5/2017 • Resenha • 875 Palavras (4 Páginas) • 928 Visualizações
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Faculdade de Formação de Professores
Curso: História
Disciplina: Laboratório do Ensino de História IV
Docente: Helenice Rocha
Aluno: Roberto Alexandre
Resenha do texto: Instaurando maneiras de ser, conhecer e interpretar de Maria Stephanou.
Maria Stephanou em seu artigo oferece reflexões sobre currículo e o ensino de História, principalmente no ensino fundamental, analisando suas finalidades e resultados, comentando metodologias, citando autores e que caminho ou caminhos a prática tem levado, com a preocupação de que não só cabe ao currículo e a História o acúmulo de conteúdos, mas as possibilidades de transformações políticas e sociais que esta pode fazer e/ou criar. Evocando que gerações diversas têm em mente que história traz a sensação de algo memorizado e que se perde ao longo do tempo; deixando a sensação de nada ter sido aprendido por consequência da visão positivista de como se dá o ensino aprendizagem: linear, pronto, cronológico, estático e centrado em protagonismos. Particularmente a autora afirma, em primeiro lugar, que não existe receita para o ensino de história, o professor pesquisador deve pensá-la de forma variável e móvel de acordo com a necessidade dos educandos. Em seguida questiona a importância de privilegiar determinado assunto em detrimento de outro – quem, como e quando tratar de determinado objeto e suas implicações morais, sociais e de relações de poder – e suas consequências, pois o que se aprende na escola ecoa também no tipo de sociedade que se quer construir. Exemplo: A história etnocêntrica que põe o homem branco europeu como determinante dos fatos leva a acreditar que outros modos de vida e etnias não tem história ou é mera consequência deste. Em terceiro lugar a questão de como se vê o passado, como se este (fixo) oferecesse somente explicações para o presente, quando na verdade, segundo o texto, o passado não pode ser vivido de fato, pode-se supor analisar e fazer questionamentos de várias formas e visões diferentes. Mesmo os currículos de história sendo diversos, o historicismo é recorrente, que objetiva um passado pronto, verdadeiro, isento e acabado com características externas a realidade do aluno, concedendo autoridade exclusiva ao professor e o livro didático.
A história do Brasil é posta como exemplo do quanto o currículo escolar corresponde a instâncias de poder, tomando a análise de Pinsky (“Para o autor, a narrativa histórica contemplada nesses currículos foi marcada, desde seu início, por uma série de "equívocos".”), que aponta a negação de grupos sociais em detrimento de outro (o ocidental), centralizando fatos e não criticando suas condutas. Caracterizando história brasileira em fases como: a ideia de nação, a nação viável e história engajada; minimizando conflitos, construindo mitos e seguindo modismos, instituindo verdades sem críticas e impondo valores.
Outra dificuldade é a separação entre o que a academia discute e o que de fato apresentam o currículo mínimo e principalmente os recursos didáticos, como o livro didático, que moderno na apresentação gráfica não demonstra preocupação com a atualização de conteúdo, pois tem caráter puramente comercial; um mero produto. Algumas organizações curriculares são examinadas através da autora portuguesa Felgueiras em quatro tipos de programa: o programa cronológico, que valoriza um passado longínquo, mitos, “a versão oficiosa dos vencedores”; o programa linhas de desenvolvimento, que faz um recorte pequeno de uma parte da história, mas se assemelha ao cronológico na noção evolucionista e de desenvolvimento; o programa por quadros, que limita histórica e geograficamente o objeto, abandonando o caráter tradicional, mas implicando em não explicar mudanças e períodos e criando mais dependência das autoridades professor e livro e o programa por conceitos, que se caracteriza pela escolha de temas ou conceitos-chave a serem estudados, através de dois ou mais exemplos históricos (ex.: nacionalismo, feudalismo...). Enfim, são propostas, mas que não atendem plenamente as necessidades da quebra de tradição nas salas de aula e também não contemplam todas as lacunas para a estruturação de uma disciplina que por um lado resgate: contextualizando passado e presente e por outro deve construir a cidadania e mentes críticas dos educandos.
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