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Resenha: Sete mitos da conquista espanhola

Por:   •  9/5/2018  •  Resenha  •  593 Palavras (3 Páginas)  •  601 Visualizações

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Resenha: Sete mitos da conquista espanhola - RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola, cap. I e V

Almir Alcântara Lourenço

17.2.3221

Paola Figueiredo de Sousa

14.1.3867

O autor Matthew Restall, professor da Universidade da Pensilvânia, procura, em seu livro, desconstruir sete mitos consolidados sobre o processo de descoberta e conquista da América e povos nativos. Para realizar essa tarefa, utilizou-se de registros escritos realizados por espanhóis que participaram do processo de conquista, cartas de religiosos, biografias, filmes produzidos sobre o tema, relato de pensadores do século XVIII, abordagens historiográficas contemporâneas, enfim, uma gama de fontes históricas. Restall desmonta inúmeras “verdades” relacionadas ao processo de dominação ibérica sobre a América ao propor-se a comparar duas formas de descrever o que se passou: uma criada no decorrer do processo de dominação, e a outra, formulada em arquivos e bibliotecas sem éculos posteriores, ou seja, confrontando explicações sobre a conquista formuladas ao longo dos séculos XVI ao XX. Sugere algumas outras interpretações, as quais afirma também não serem infalíveis e eternas, o que não significa, segundo ele, que não possam revelar algo de verdade.

No primeiro capítulo denominado Um punhado de aventureiros – O mito dos homens excepcionais o autor questiona a ideia de que um pequeno número de homens “notáveis” teria conquistado a América e subjugado milhões de nativos. Restall argumenta que a necessidade de permissão real e de um contrato estabelecido entre a Coroa e o conquistador para a exploração do Novo Mundo estimulou a escrita de cartas, nas quais os colonizadores superestimavam suas atividades e feitos nas novas terras. Exaltando a si mesmos por meio das “Probanzas”, uma espécie de prestações de contas enviadas à Coroa, os colonizadores criaram o mito de homens grandes, corajosos e desbravadores, prontos a vencerem qualquer obstáculo. Religiosos, biógrafos e cronistas ajudaram a confirmar o mito em seus relatos. Segundo o autor, esses homens eram, em sua maioria, despreparados, mal treinados, insuficientemente armados e famintos, que fizeram da aliança com outras nações nativas suas aliadas para a sobrevivência e vitórias em batalhas.

No quinto capítulo, as palavras perdidas de La Malinche – O mito da (falha) comunicação, Restall questiona a tese de que a falta de comunicação teria levado ao
massacre indígena. O não conhecimento da língua, do idioma alheio, ocasionou
desentendimentos e dificuldades de comunicação que provocaram conflitos ocasionais, porém, isso não serve para justificar acontecimentos maiores. Apesar de gerar
interpretações diversas, os dois lados se entendiam bem quando o queriam fazer.
           Segundo o autor, uma ferramenta fundamental nesse processo de comunicação
foi o uso de intérpretes, que eram cooptados, treinados e utilizados. Alguns alcançaram
status e prestígio sendo inclusive citados nas cartas enviadas ao rei, como o caso de La
Malinche, intérprete e amante de Cortez, que o acompanhou durante anos. Entretanto, os
tradutores são tratados de maneira ambígua pelas fontes espanholas, ora ignorados, ora
valorizados e reconhecidos como eficazes e necessários.

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