Resumo texto "Nação e Civilização nos Trópicos" (Manoel Salgado)
Por: Thamara Borges • 15/7/2016 • Resenha • 1.475 Palavras (6 Páginas) • 2.094 Visualizações
"Nação e Civilização nos Trópicos" (Manoel Salgado);
O pensar a historia é uma das características do sec XIX. O discurso historiográfico ganha foro de cientificidade num processo em que a “disciplina” historia conquista definitivamente os espaços da universidade. Neste processo o historiador perde o caráter de homes de lettres e adquire o estatuto de pesquisador. No palco europeu, onde desde o inicio do século este desenvolvimento é observável, o pensar historia articula-se num quadro mais amplo, no qual a questão nacional ocupa uma posição de destaque. A disciplinarização da história guarda intimas relações com temas em torno do nacional. O caso brasileiro não escapará das influencias do modelo europeu e certamente trará conseqüências cruciais para o historiador em nosso país.
O lugar privilegiado da produção historiográfica no Brasil permanecera até um período bastante avançado do sec XIX, vincado a uma profunda marca elitista, herdeira muito próxima de uma tradição iluminista. Neste lugar onde o discurso histórico será produzido, desempenhará um papel decisivo na construção de certa historiografia e das visões e interpretações que ela porá na discussão da questão do nacional.
No processo de consolidação do Estado Nacional que se viabiliza um projeto de pensar a historia brasileira de forma sistematizada, A criação, em 1838, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, vem direcionar à realização deste empreendimento. Uma vez instaurado o Estado Nacional impunha-se como tarefa o delineamento de um perfil de “Nação Brasileira”, capaz de lhe garantir uma identidade própria no conjunto mais amplo das nações. Entretanto, a criação de um projeto nacional para uma sociedade marcada pelo trabalho escravo e pela existência indígena envolvia dificuldades, como alertava José Bonifácio em 1813.
Os letrados reunidos na IHGB,tem então a tarefa de pensar o Brasil segundo seus princípios, onde se encontra uma historia comprometida com o desvendamento do processo de gênese as Nação.
É de novo, certa postura Iluminista – o esclarecimento, em primeiro lugar, daqueles que o cupam o topo da priramide social, que por sua vez vão se encarregar do resto da sociedade.
Trata-se de precisar com clareza como esta historiografia definirá a Nação brasileira, dando-lhe uma identidade própria capaz de atual tanto externa quanto internamente. Assim que o Brasil de defini, define-se também o “outro” em relação a esse Brasil. Essa ideia não se assenta sobre uma oposição a antiga metrópole portuguesa; muito ao contrario, a nova nação brasileira se reconhece enquanto continuadora de uma certa tarefa civilizadora iniciada pela colonização portuguesa. Ao definir a Naçao Brás. Enquanto representante da ideia de civilização, esta mesmo historiografia definirá quem ficará excluído deste projeto por não serem ortadores da noção de civilização: negros e índios. Este conceito é eminentemente restrito aos brancos, que trazem uma marca excludente e uma carga depreciativa do outro.
Sentem-se continuadores da missão civilizadora dos portugueses, colocando o índio e o negro em um estado inferior. Nessa construção de uma identidade nacional, eles ficarão excluídos em um primeiro momento, sendo os negros por um longo período.
A fundação do IHGB em 21 de outubro 1938 permite entender a criação de uma instituição cultural nos moldes de academia, tento com projeto o traçar a gênese da nacionalidade brasileira. A marca é a soberania do princípio nacional enquanto critério fundamental definidor de uma identidade social.
A Nação cujo instituto histórico se propõe a traças, deve, portanto surgir do desdobramento nos trópicos, de uma civilização branca e européia, tarefa nada fácil, devido a realidade brasileira, muito diversa daquela que se tem como modelo.
A ideia da criação do instituto veiculada no interior da SOCIEDADE AUXILIADORA DA INDÚSTRIA NACIONAL (SAIN), criada em 1827, e que se propunha a incentiva o progresso e o desenvolvimento brasileiros. Pensam em integrar as diferentes regiões do Brasil, de forma a viabilizar efetivamente a existência de uma totalidade “Brasil”.
Definem duas diretrizes para desenvolvimentos dos trabalhos: a coleta e publicação de documentos relevantes para a história do Brasil e o incentivo, ao ensino publico, de estudos da natureza historia.
Por mais que tenha sido criado por iniciativa da SAIN, o Instituto organiza-se administrativamente independente, contará com a proteção do imperador, que terá como expressão um ajuda financeira. Tendo em vista que precisariam de verbas para realização de seus projetos especiais, tais como viagens exploratórias, pesquisas e coletas de material em arquivos...
A inauguração, a 15 de dezembro de 1849. De suas novas instalações, no Paço da Cidade, simbolizam um nova começo para a vida da entidade e marcam nitidamente um aprofundamento de suas relações com o Estado Imperial. A partir daquela data, o imperador, cuja presença nos trabalhos do IHGB limitava-se até aquele momento às reuniões anuais comemorativas de sua fundação, passa a ter uma presença assídua e participante, contribuindo desta forma para a construção da imagem de um monarca esclarecido e amigo das letras.
As mudanças foram essenciais para o processo de alargamento, consolidação e profissionalização do IHGB. A perspectiva de englobar na instituição estudos de natureza etnográfica, arqueológica e relativos às línguas dos indígenas pode ser explicada a partir da historia partilhada pelos intelectuais que a integravam. Presos ainda a concepção herdada do iluminismo, de tratar a historia quanto um processo linear e marcado pela noção de progresso, nossos historiados empenhavam-se na tarefa de explicitar para o caso brasileiro essa linha evolutiva. Com esses conhecimentos seria uma forma de se ter acesso a uma cultura estranha, cuja inferioridade em relação a “civilização branca” poderia ser através de
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