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Ruptura da Ordem Oligárquica na America Latina

Por:   •  30/3/2016  •  Resenha  •  4.637 Palavras (19 Páginas)  •  540 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia

História da América III

Liz Maggini Seraphim

Prova I

Questão 1

O Estado Oligárquico pode ser definido pela expressão político-administrativo de um modelo econômico de acumulação capitalista via setor primário-exportador, tendo características como a hipertrofia do aparato repressivo do Estado, exclusão da maioria da população dos órgãos de decisão, a eliminação dos elementos democrático-burgueses, entre outros. A partir de 1880 o processo de dominação das oligarquias regionais chegou ao ápice, pondo fim ao domínio dos caudilhos. Iniciando assim o processo de reconstrução do Estado e da unificação nacional, havendo diferenças em cada um dos casos.

O processo de modernização econômica da América Latina teve origem externa. Com o crescimento das economias dos EUA e dos países da Europa foi necessária uma maior demanda na quantidade de matérias primas, que eram encontradas nos países latino-americanos. Esta incorporação desses países atendia a divisão internacional do trabalho, onde cada país se especializou num determinado produto visando à exportação.

​Os camponeses latino-americanos foram definitivamente integrados à economia de mercado a partir da expansão do setor primário-exportador, mas sempre em condições de classe subalterna. Apesar do avanço capitalista no campo, os camponeses mantinham viva a memória da comunidade, transformada desde a conquista. Esta memória de um passado muitas vezes idealizado iria ditar os movimentos populares anti-oligárquicos do período.

​Argentina, Uruguai, Brasil, Chile e México tinham uma economia que evoluía e se diversificava, com a mão-de-obra assalariada imigrante e desenvolvendo cedo uma indústria. Cuba, Porto Rico, Peru, Equador, Costa Rica, El Salvador, Colômbia, Venezuela, Guatemala e México (que também se encaixa neste tipo de economia) eram bastante dependentes do mercado externo, utilizavam predominantemente a mão-de-obra escrava e eram monocultores. Já Caribe e América Central tinham economias de tipo enclave, onde uma empresa privada se estabelecia e explorava as reservas naturais do país.

​Apresentada a situação dos países da América Latina no final do séc. XIX início do XX, podemos discutir três processos de ruptura expostos em sala de aula da ordem oligárquica: a reforma do Uruguai, a revolução mexicana e a revolução nicaraguense. Foram manifestações contrárias ao autoritarismo, ao monopólio da economia, à monocultura, à dependência em relação aos centros industrias e contra a falta de desenvolvimento econômico. Durante todo o período de crise os governos oligárquicos representavam apenas os interesses do setor primário da economia e dos agentes do imperialismo monopólico, assim reforçavam as contrariedades.

​Na virada do século, a sociedade latino-americana passa a sofrer grandes mudanças causadas pela urbanização e pelo desenvolvimento econômico. Surgem novas necessidades e que fazem emergir uma indústria de beneficiamento de produtos primários e uma de produção de bens de consumo para trabalhadores, além de uma nova classe: a burguesia. Esta nova classe passou a apoiar um novo tipo de capitalismo, porque desejavam participar das decisões da política econômica e promover um desenvolvimento industrial. Por outro lado, o proletariado começava a se organizar influenciado pelo anarco-sindicalismo europeu e a Revolução Russa.

A burguesia, o proletariado e os setores médios urbanos começaram a questionar a falta de uma iniciativa para o desenvolvimento interno criado pelo sistema oligárquico dependente, o modelo econômico baseado no setor primário de relações pré-capitalistas. A aparição e o fortalecimento destas classes anti-oligárquicas associadas à Primeira Guerra e a Crise de 1929, levaram a instabilidade dos preços dos produtos primários, provocando à desagregação dos governos oligárquicos que progressivamente foram perdendo força.

O primeiro processo de ruptura aqui tratado será a reforma do Uruguai. Este país não viveu a revolução agrícola que antecedeu a primeira revolução industrial, não permitindo, deste modo, uma relação mais equilibrada entre o rural e o urbano. A maior parte dos imigrantes recém chegados no século XIX foram absorvidos pela sociedade urbana causando um vazio latifundiário no meio rural. Mas este vazio pôde ser compensado, já que o latifúndio uruguaiano se consolida pela criação extensiva de gado, que assegura taxas satisfatórias de lucro sem ocupar quantidades significativas de mão-de-obra. Dessa forma, as classes latifundiárias puderam evitar os problemas típicos das sociedades rurais latino-americanas: a procura de mecanismos para garantir a provisão de mão-de-obra (especialmente servil) e a “fome de terra” do campesinato, com sua sequela de conflitos sociais.

A análise histórica da política uruguaia da segunda metade do século XIX revela a existência de um setor dirigente político relacionado com as classes conservadoras. Estas se desligaram dos interesses econômicos reais – posse da terra, controle do comércio, sistema bancário, entre outros. Desde finais da década de 1850, a estrangeirização econômica do país, a posse da terra e a gestão comercial em mãos de estrangeiros tiveram um desenlace fundamental para a compreensão da formação do conservadorismo no Uruguai. Os atores dirigentes, – de um e de outro lado – economia e Estado, tinham escolhido uma “via média”: o sistema político não refletia o econômico – caso geral –, nem também fazia oposição frontal a ele – caso excepcional –, senão que era autônomo.

A divisão entre poder econômico e poder político, com seus respectivos atores dirigentes, provocou uma identificação efetiva: os Blancos com o poder econômico, e os Colorados e com o poder político. O Partido Colorado em 1916 havia deixado de ser um grupo burocrático voltado só por empregados públicos, para converter-se em um partido com a maioria de seus votos oriundos

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