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Um novo olhar sobre as Identidades e Políticas Coloniais no Rio da Prata

Por:   •  18/10/2015  •  Resenha  •  1.402 Palavras (6 Páginas)  •  902 Visualizações

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Nome: Mairy Moreira de Azevedo                                                                               Matrícula: 14216090156                                                                                                     Pólo: Cantagalo

Um novo olhar sobre as Identidades e Políticas Coloniais no Rio da Prata

Resenha crítica da obra de Garcia, Elisa Frühauf. “Identidades e Políticas Coloniais: guaranis, índios infiéis, portugueses e espanhóis no Rio da Prata, c.1750-1800”. Anos 90, Porto Alegre, v. 18, n. 34, dez. 2011, p. 55-76.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma resenha crítica do texto, da Doutora em História e professora da UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) Elisa Frühauf Garcia, intitulado “Identidades e Políticas Coloniais: guaranis, índios infiéis, portugueses e espanhóis no Rio da Prata, c.1750-1800”, no qual a autora analisa as relações que os nativos tiveram com os espanhóis e com os portugueses em regiões fronteiriças do Império Espanhol nas Américas, tomando o Rio da Prata como campus de seu estudo e de analise das disputas desses dois estados europeus pelo território americano em questão. A autora considera a visão historiográfica dessas relações simplista e dicotômica e busca em diversas obras e relatos historiográficos indícios que apresentem e expliquem outra visão na qual estejam presentes a complexidade e as tensões em que se deram tais relações.

DESENVOLVIMENTO

Em um primeiro momento a autora nos situa acerca do território a ser analisado e as disputas do local por parte dos europeus. Segundo Garcia o Rio da Prata é uma região fronteiriça sob o Império Espanhol, objeto de interesse dos portugueses e ocupados por uma população indígena que não se submetia ao governo espanhol, sendo considerados, por este motivo, como infiéis. Devido a disputa territorial os espanhóis lançaram mão das missões e para isso contou com a ajuda de nativos, chamando-os de missioneiros. Os missioneiros tinham o papel de defender as fronteiras impedindo que expedições portuguesas avançassem pelo território espanhol, uma vez que a população local por não se submeter aos espanhóis não se oporia a expansão portuguesa.

A partir deste quadro Garcia apresenta a visão dicotômica da historiografia acerca das relações estabelecidas entre os espanhóis com os guaranis missioneiros e os portugueses com os minuanos! Portanto, na historiografia os minuanos foram considerados inimigos dos espanhóis, enquanto que os missioneiros se tornaram inimigos dos portugueses. De acordo com a autora esse quadro apenas reafirmava o discurso colonial e os interesses políticos daquele momento histórico. Ser “amigo” de grupos nativos conhecidos por determinadas características, ou estereótipos, como guerreiros ou missionários, por exemplo, e propagar essa reputação era interessante politicamente em especial por se tratar de disputa de poder.

Para confirmar sua visão e sua hipótese de que as relações entre estes grupos não se deram exatamente dessa forma dicotômica, a autora busca em diversos relatos e obras indícios de que os nativos não eram meros participantes passivos dessa construção da História das Américas e que as relações não foram assim tão bem delimitadas e leais. Vale destacar algumas desses indícios apontados pela autora como relato do Padre Nusdorfer, para o qual os amigos nativos também tinham seus interesses particulares, pois mesmo participando de ataques avisavam seus familiares do risco de estarem em regiões onde estes ocorreriam, portanto não eram de total confiança dos portugueses. A autora também cita Bracco ao informar que os missioneiros dos espanhóis também tinham o hábito de se misturar com o grupo nativo que não se submetiam ao poder espanhol para cometer atos ilícitos e contrários a crença católica.

A autora também afirma que os estereótipos e classificações coloniais não era apenas uma forma de dominação desses nativos, ou seja, os nativos também se valiam dessas supostas características para conseguir melhorias nas condições de vida e as usava de acordo com seus interesses. Destaco como exemplo a citação que a autora faz de Almeida no qual minuanos propuseram ao governador português, que se tornariam cristãos, e não mais infiéis e, portanto de suma confiança, se o governo português trouxesse de volta a irmã e a sobrinha de três caciques do grupo à custa da casa real. Garcia relata outro momento, durante a guerra guaranítica decorrente do Tratado de Madri, em que os minuanos e missioneiros fizeram uma aliança com o intuito de impedir a demarcação do território.  No entanto os minuanos explicavam a aliança de outra forma destacando a violência dos missioneiros e a necessidade que tinham de alguns itens que foram ofertados pelos missioneiros, ficando assim como vitimas da situação. Possivelmente uma estratégia para não ficarem mal vistos pelos aliados portugueses.

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