Uma Ideia de Setor de formação
Por: Gabriel Simeone • 20/6/2018 • Trabalho acadêmico • 483 Palavras (2 Páginas) • 168 Visualizações
Uma ideia de setor de formação
Pensar a formação dos nossos militantes não deve ser tarefa de um setor especifico seja ele qual for. A formação dos militantes depende dos desafios que serão impostos a eles. Depende dos cenários que eles enfrentarão, dos inimigos, dos amigos que ele precisará fazer nesse caminho e nos que precisará deixar para trás. Em resumo, a formação dos militantes é resultado direto da estratégia de luta que o movimento escolheu para sí, dos desafios que espera encontrar nesse caminho. Os setores incluindo o de formação se encarregam de tentar preparar nosso movimento da melhor maneira possível para sobreviver e vencer.
O preparo militante.
Não é preciso mais do que um olhar rápido para perceber que não nos formamos em uma sala de aula. A enorme maioria dos companheiros do MTST foi formada na “escola da luta”. Dirigem ocupações, listas, trilhas, cozinhas, saraus e lutas aprendendo a caminhar caminhando. É dolorido, mas vem funcionando meio que bem.
Mas se vem funcionando, o que falta?
A prática é uma etapa necessária de todo e qualquer processo de formação que seja digno desse nome mas nem só dela depende uma boa formação militante.
Aprender na prática é ser forçado pelas necessidades imediatas a fazer coisas que não se achava preparado para fazer. O imediato cobra uma resposta como um estômago cobra comida, pode-se negociar com ele, enrolar um pouco mas ele fica lá, como uma realidade, fazendo um buraco em você e exigindo resposta. A necessidade força seus limites, te machuca e te obriga a avançar.
Assim somos quem somos.
Mas ter a necessidade imediata como único professor é também traí-lo. O sonho de todo professor é ver o aluno ultrapassá-lo, tornar-se maior que ele. Ter a demanda do momento como único estímulo ao aprendizado significa muitas vezes parar de avançar quando se dá conta dela. Vence-se a tarefa e se é vencido por ela, pois partir para outra significa outro sofrimento, passar por tudo aquilo novamente, ficamos em nosso espaço duramente conquistado que agora é confortavelmente, nossa zona de conforto.
O companheiro torna-se especialista em sua tarefa repetindo de um jeito meio igual, meio diferente as mesmas soluções que foi obrigado a aprender no passado.
A solução então seria não prender o militante em uma tarefa, fazer ele partir sempre para outra enfrentando sempre novas dificuldades e assim aprendendo novas lições infinitamente?
Talvez…
Essa solução tem um problema de ordem prática. Primeiro significa perder em qualidade de atuação pois sempre que um militante estiver se acostumando com uma tarefa ele muda pra outra...Segundo que nem todas as tarefas permitem um processo de “tentativa e erro” como único caminho de aprendizado, quero me deter aqui especificamente a tarefa de formação.
A prática aprimora o trabalho do formador mas não é ela que orienta o centro do trabalho mas sim a estratégia do movimento. Exatamente por estar balizada pela estratégia, a formação deve ser modulada exatamente para as nossas necessidades, imediatas ou não.
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