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A Prostituição Da Renascença E Na Reforma

Por:   •  30/6/2023  •  Resenha  •  1.211 Palavras (5 Páginas)  •  78 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

MATRÍCULA: 119230577

MATHEUS SILVA PEREIRA

PROSTITUIÇÃO DA RENASCENÇA E NA REFORMA

Trabalho apresentado à Disciplina Estudos de História Moderna, ministrada pelo Prof. Severino Cabral, como exigência de nota.

CAMPINA GRANDE

2023


RESENHA

ROBERTS, Nickie. Esplendores e miséria: a prostituição na Renascença e na Reforma. In: As prostitutas na história. Tradução (Magda Lopes) Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos. 1998.

 

O livro "As prostitutas na história" é de autoria de Nickie Roberts, mas foi traduzido para o português por Mada Lopes. Nickie é ex-prostituta e ex-stripper, em Londres e escreveu esta obra buscando trazer à tona histórias ocultas sobre a prostituição em vários recortes de tempo, na história, de modo que a figura da prostituta passa a ser vista pelo viés da profissional e não somente da sociedade misógina e preconceituosa.

É importante lembrar que apesar de existir uma série de estudos a respeito dessa temática, muitos deles mostram uma identidade do ponto de vista discursivo, algumas vezes, interdependentes, sempre marcadas pela presença do pode ou do estigma e a obra de Nickie busca mostrar uma realidade pouco explorada: a exploração sexual, a violência, a morte, de profissionais do sexo. Além das condições de vida e das diversas razões para a sujeição ao trabalho erótico remunerado.

O livro tem início com um recorte mitológico. Em que na história da mitologia grega a Deusa Demeter (da agricultura e da colheita) viajou ao inferno para resgatar a filha Perséfone, sequestrada por Hades, seu tio. Nessa viagem, a Deusa foi acolhida pelo rei Eleusis e decidiu transformar Tripólemo, filho de Eleusis, em um Deus, ensinando-o a arte da agricultura para que fosse propagada naquela parte da Grécia. Demeter manteve relações sexuais com o príncipe e concebeu uma semideusa, na qual chamavam de Putta, que significava, menina, em Latim. A menina tinha muita habilidade na poda das árvores e com o tempo, os agricultores passaram a adorá-la, realizando grandes festas durante o ritual das podas. Como era de praxe, Baco, o Deus do vinho e do êxtase sexual, era sempre convidado às comemorações, daí o nome “bacanal” para as festas regadas à bebida e prostituição. Mas, para realizar o “bacanal” era recolhida uma quantia em dinheiro aos participantes. E não diferente, nas festas à Deusa Putta, uma taxa também era cobrada. Daí, ao passar do tempo associou-se puta ao sexo por dinheiro.

Segundo Roberts, na pré-história a mulher estava no centro de toda atividade social e por isso era vista como uma incorporação viva de uma deusa, e algumas, consideradas como sacerdotisas, proporcionavam o elo entre a comunidade e sua divindade através de rituais que envolviam atividades sexuais.

No entanto, o nosso enfoque, se destina ao capítulo 7, que tem sob título "esplendores e miséria: a prostituição na Renascença e na Reforma", em que a autora usa a cidade de Veneza para falar das "prostitutas de luxo", já que com o renascimento e a supervalorização da cultura clássica, em que a mulher era educada para ficar confinada ao âmbito doméstico e os homens tinham uma maior liberdade, cada vez mais distantes dos dogmas da Igreja, já que Deus não era mais o "centro" de tudo, havia um "desenvolvimento" comercial em torno da prostituição como objeto, não somente do prazer masculino, mas do ponto de vista sentimental, uma vez que, os casamentos eram tidos como acordos comerciais e o sexo como procriação.

Assim, a autora usa Veneza como pano de fundo para falar das prostitutas de luxo. Mulheres que gozavam de vantagens financeiras e sociais, graças ao desenvolvimento econômico privilegiado da cidade e da Itália e respectivamente, um comercio pomposo em torno sexo. Algumas dessas mulheres tinha famílias respeitadas socialmente e outras, eram artistas: plásticas, bailarinas, atrizes etc., que não se limitavam apenas ao sexo, e por isso eram requisitadas, admiradas e disputadas entre políticos, artistas e comerciantes renomados.  

Daí, o fato de o pagamento ser maior que o "normal" e essas mulheres terem uma vida de luxo e beleza. Duas dessas, citadas no livro são: Tullia d’Aragona, que era filha de um cardeal e Veronica Franco, uma musicista talentosa e famosa. O que mostra a alta estratificação social de algumas dessas profissionais. O que nos permite enxergar que muitas dessas moças tinham uma vida privada que as afrouxava das amarras sociais pré-estabelecidas pelo padrão familiar e iam de encontro aos ideias pregados pela Reforma, que era reestabelecer a Igreja, diante dos escândalos que a envolvia.

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