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Análise Antropológica da carta de Pero Vaz de Caminha

Por:   •  18/5/2018  •  Dissertação  •  754 Palavras (4 Páginas)  •  747 Visualizações

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Universidade Estadual de Londrina

Nome: Luana Maria Albertoni                                                                        Turma: 2000

Antropologia e História

Com Base na carta de Pero Vaz de Caminha e do texto “A menor Mulher do Mundo” de Clarice Lispector, teça considerações às relações sobre o Eu (europeu) e o outro (povos indígenas, africanos).

No inicio do século XIV, com a vinda dos europeus ao novo continente emergiram diversos relatos sobre os povos “descobertos”. O primeiro contato entre as duas culturas diferentes é exposto por Pero Vaz de Caminha endereçada ao rei D. Manuel de Portugal.

Em sua carta, Pero Vaz escreve sobre o encontro com a raça desconhecida. Descreve a cautela do europeu atento para não causar nenhum estranhamento com o Índio, que de certa forma reage da mesma maneira.

“...Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.”

Quando levados a bordo, os desconhecidos foram recebidos cordialmente, Caminha descreve como os europeus entreviam os costumes dos outros, pela suas práticas e sua aparência exótica.

“...Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimas de cobrir ou mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, ce comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador”

Nesse encontro, o autor da carta escreve sobre a possibilidade da conversão do Índio, considerando a época em que a Igreja Católica buscava a expansão do Cristianismo, eles acreditavam que, levando a catequese aos índios estariam salvando as suas almas. Demonstrando a visão etnocêntrica do europeu.

“E portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa Fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. e imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como os bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.”

Passadas quatro séculos, Clarice Lispector escreve e relata como essa visão eurocêntrica ainda é presente. Em seu conto “A menor mulher do Mundo”, a autora descreve a “descoberta” de um explorador francês e sua reação ao encontro com o ser diferente à ele.

“...foi como se o francês tivesse inesperadamente chegado à conclusão ultima. Na certa, apenas por não ser louco, é que sua alma não desvairou nem perdeu os limites. Sentindo necessidade imediata de ordem, e de dar nome ao que existe, apelidou-a de Pequena Flor.

E, para conseguir classifica-la entre as realidades reconhecíveis, logo passou a colher dados a seu respeito”

Ao decorrer do conto, a autora exibe como o explorador usa a sua cultura para descrever e tentar interpretar o seu encontro. Quando a fotografia da Pequena Flor aparece no jornal, as reações dos leitores mostram o rebaixamento da figura incomum. Sensaçoes que vão da “aflição” à “pena”:

“... No coração de cada membro da família nasceu, nostálgico, o desejo de ter para si aquela coisa miúda e indomável, aquela coisa salva de ser comida, aquela fonte permanente de caridade...”

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