As Crises Sociais e Motins Populares em 1900 no Chile
Por: dessaune • 15/12/2021 • Resenha • 1.266 Palavras (6 Páginas) • 91 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Gabriela Damasceno Dessaune
No início do seculo xx os pobres no Chile viviam em uma inconstância. A crise econômica e a flutuação da moeda chilena elevaram os valores de subsistência do meio de vida desses cidadãos. Tanto os trabalhadores da cidade, entupidas de imigrantes e camponeses em busca de emprego, quanto os trabalhadores do campo em minas de salitre viviam em condições subumanas. Nas urbes, os salários baixíssimos, a falta de saneamento básico e a precariedade dos chamados cortiços equiparavam-se com a vida dura do mineiro no campo, vivendo em barracões indignamente, trabalhavam a troco de vales que poderiam ser trocados apenas nos armazéns da própria empresa.
Toda essa situação acresceu uma revolta nos trabalhadores que se viam de mãos atadas sem leis trabalhistas que os protegessem e por sua vez, o governo chileno não assumia uma posição ativa em relação a esses trabalhadores por não achar se tratar de algo de sua responsabilidade, já que as minas de salitre eram propriedades de corporações britânicas, assim como muitas outras empresas no país.
Em Valparaíso em 1903 os carregadores de uma companhia marítima inglesa se reuniram para pedir a diminuição em uma hora de trabalho no inverno, além de um aumento em seus salários atuais. A demanda é claro, nem chegou a ser cogitada. O movimento acabou ganhando forte apoio por parte de outros grupos de trabalhadores que possuíam suas próprias reivindicações e que juntos, pararam o cais.
Sindicatos foram formados e acordos entre pequenas empresas para reabertura dos portos foram feitas, no entanto, as grandes corporações se mantinham irredutíveis e optavam por contratar fura-greves e trabalhadores de outras regiões.
A situação acabou ficando irredutível, até que no dia 12 de maio trabalhadores se reuniram em frente ao píer na intenção de impedir a entrada destes trabalhadores informais, que acabaram rapidamente se unindo ao movimento, eles ganharam as ruas e em pouco tempo a cidade estava cercada de manifestantes.
Não foi uma revolta pacífica, trinta e cinco acabaram mortos e centenas feridos. O jornal “El Mércurio” foi atacado assim como vários outros comércios saqueados e a sede de uma das corporações incendiada. A polícia até então em contingente inferior não pode fazer muito até a chegada de reforços das forças armadas.
As empresas finalmente cederam as demandas dos trabalhadores e apesar dos esforços do poder publico as notícias da greve de Valparaíso acabou sendo largamente disseminada.
Outro movimento importante ao qual o texto relata foi a “Greve da carne” em 22 de outubro 1905, quando trabalhadores se reuniram, até então em uma manifestação pacifica, e marcharam em direção a sede da presidência da república a fim de entregar-lhes seu manifesto contra os aumentos abusivos ao preço da carne.
O Presidente não estava para recebê-los, no entanto, existem divergências sobre isso, mas boatos já haviam se espalhado entre os manifestantes da recusa do presidente a encontra-los. O que acabou levando a um enfurecimento por parte da população, que invadiram o palácio da república e levaram suas insatisfações para outros órgãos públicos que foram arrombados e depredados, assim como o comércio e as casas da elite.
O exército(em manobra militar fora da cidade) só retornaria no dia 27 de outubro, deixando a polícia em número inferior ao dos manifestantes, esse fato, fez com que o governo autorizasse a formação dos guardas brancos, membros da elite munidos de armas e poder para auxiliar no controle dos grevistas.
Os mortos estão entre 200 a 250 enquanto os feridos somavam mais de 500.
As autoridades preferiram culpar os agitadores anarquistas e aos sindicatos, sem tomar uma efetiva mudança sobre as estruturas sociais a que grande parte da população estava imposta, isso é claro, ao longo dos anos acabaria fomentando um sentimento anti-estado nos trabalhadores.
Quatro meses apos os eventos da “semana do vermelho” outro movimento irrompeu-se, desta vez entre os trabalhadores caldeireiros de Antofagasta, que exigem um aumento em seu horário de almoço de uma hora para uma hora e meia, o que era norma entre os trabalhadores nacionais.
Noticias de greves anteriores e a formação de sindicatos mais organizados, além da eleição de Recabarren, grande apoiador da causa, deram aos trabalhadores, maior senso de seus direitos laborais. Uma reunião de sindicatos então foi formada, levando a todos os empregadores um ofício com suas exigências nela.
Todas as respostas foram positivas, exceto as de uma empresa britânica que mesmo com a interferência da prefeitura da cidade, encontrava-se irredutível. Os trabalhadores então foram a greve, temendo ataques dos manifestantes, os líderes dos sindicatos acabaram presos e no dia 29 de fevereiro a cidade marítima de Antofagasta acordou sitiada pelo exército chileno.
Os caldeireiros conseguiram apoio de outros trabalhadores e partiram em manifestação pela cidade. A prefeitura então liberou aos guardas brancos a escolta pela cidade, estes acabaram disparando contra os trabalhadores durante uma manifestação e o policiamento presente achando se tratar de obra dos grevistas se atiraram também contra eles.
No dia seguinte os manifestantes seguiram pela cidade depredando prédios públicos, comércios locais e ateando fogo a empresa marítima espanhola “La Chupalla” como vingança pelos atos cometidos na noite anterior.
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