Fichamento de Obra Base Para Apresentação do Seminário
Por: Yuri de Oliveira • 31/10/2018 • Seminário • 2.847 Palavras (12 Páginas) • 188 Visualizações
Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Curso: História
Disciplina: Seminário Temático
Docente: Gabriela dos Reis Sampaio
Discente: Yuri Augusto de Oliveira
Fichamento de obra base para apresentação do seminário.
Obra:
Reis, João José. Rebelião Escrava no Brasil: A História do Levante dos Malês em 1835, 3º edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Objeto:
A Rebelião dos Malês.
Problema:
O Levante dos Malês foi uma rebelião estritamente religiosa, como observou Nina Rodrigues, ou sua estrutura foi mais complexa e esteve alicerçada em solidariedade étnica e coalizão cultural?
Contexto:
Bahia, Salvador e Recôncavo, entre 1807 e 1835. Um período marcado por crises econômicas, sociais e por profundas rupturas estruturais, como o processo de independência e levantes diversos, que ocorriam simultaneamente a conflitos, ora políticos e ora religiosos, do outro lado do Oceano Atlântico, na região da África Ocidental.
Temas:
Demografia da Bahia;
Estruturas sócio-ocupacionais;
Crises econômicas;
Revoltas entre 1804 e 1835;
Muçulmanos na Bahia;
Conflitos na África Ocidental;
Estrutura islâmica;
Lideranças islâmicas.
Fontes:
Bibliográficas – Verger, Mattoso, Schwartz;
Mapas de fogos;
Cartas privadas;
Inventários;
Cartas das Províncias para o Governo Imperial;
Jornais e ofícios do senado que datam de 1807 até 1835;
Devassas policiais;
Devassas do levante;
Documento de interrogatórios.
Tese:
A Rebelião dos Malês foi arquitetada pelos mestres islâmicos e seus discípulos mais próximos, porém ela não possuía o caráter jihadista que acreditava-se. Os revoltosos contavam com a participação de africanos pagãos contra os brasileiros, fato que elucida a comunhão étnica em um levante que tinha por objetivo a liberdade dos africanos escravizados.
A BAHIA EM 1835: Sociedade e Conjuntura Econômica.
Neste tópico, João Reis nos contextualiza da estrutura econômica e social da Província da Bahia, recorrendo a inúmeras fontes. As fontes censitárias levaram o autor desenvolver uma hipótese acerca da população de Salvador, esta teoria diz que a população da Bahia era composta em média por 65.500 pessoas, sendo 17.325 (26,5%) de africanos escravizados, 4.625 (7%) de africanos livres, 10.175 (15,5%) de brasileiros escravizados, 14.885 (22,7%) brasileiros de cor e 18.500 (28.2%) brancos brasileiros e europeus. Em resumo, a população africana representava 33,5% das pessoas na Bahia.
Buscando compreender as revoltas das primeiras décadas do século XIX, o autor dá vida à estrutura sócio-econômica da Bahia nos primeiros anos do século XIX, João José Reis dialoga com Katia Mattoso e nos apresenta uma estrutura, que, apesar de diversas barreiras econômicas e sociais, permite mobilidade social. A hierarquia apresentada pelo autor é ordenada através de grupos sócio-ocupacionais e é constituída por:
- Senhores de engenho, grandes negociantes, altos funcionários do Estado e da Igreja e oficiais militares com patente superior a sargento-mór.
- Funcionários intermediários do Estado e da Igreja, profissionais liberais, oficiais militares, comerciantes, mestres-artesãos enriquecidos, locatários de imóveis e de escravos e agiotas.
- Funcionários públicos menos, quitandeiros, profissionais liberais com mentos prestígio social, ambulantes e outros trabalhadores de rua, onde se encontram muitos libertos.
- Escravos, mendigos e vagabundos, as chamadas “classes perigosas”.
Desta forma, o autor apresenta uma tabela de renda, baseada em inventários dos períodos de 1800 a 1850, que nos informa sobre as lacunas econômicas entre as classes sociais. Na tabela podemos ler que 67% das riquezas pertencem aos 10% mais ricos, 5% destes possuem 53% das riquezas e que 2,3% destes possuem 37%. Os outros 60% da população têm 32% das riquezas e os últimos 10% da população, em uma perspectiva decrescente, detêm apenas 1% das riquezas.
Ainda contextualizando a estrutura econômica, agora avaliando através de uma perspectiva de mercado, compreende-se que a Revolução do Haiti, em 1780, derrubou uma forte concorrência da produção e venda de açúcar. Isto propiciou o aumento dos engenhos, da produção de fumo e algodão, o que teve como consequência o aumento do trafico transatlântico. Porém uma série de eventos que ocorreram nos primeiros anos do século XIX produziram uma profunda crise econômica e social.
A exportação do açúcar brasileiro perdia espaço, pois, em 1820 a produção do açúcar cubano ganhou destaque e no mesmo período a Europa começa a produzir açúcar de beterraba, o algodão brasileiro que era plantado nas regiões interioranas perdia em concorrência com o algodão dos EUA e a exportação de fumo cai com a legislação que “extinguiria” o trafico transatlântico. Além das crises na exportação, este período foi marcado por epidemias que atingiram o gado, reduzindo a oferta de carne e a quantidade dos animais de carga e tração (usados nas plantações de alimentos e nos engenhos), houve seca, alta dos preços causados por estes fatores aliado ao grande número de moedas falsas no mercado e redução do orçamento para a província da Bahia, gerando desemprego. Os resultados da soma destes elementos levaram a morte por fome, motins, revoltas militares e do funcionarismo o público.
AS REVOLTAS DA PLEBE LIVRE
As revoltas da plebe livre elucidam uma multipolarização social, dividindo a sociedade em monarquistas, federalistas e republicanos. Diversos foram os levantes dos homens livres (revolta dos plebeus, de soldados, de oficiais, de funcionários públicos e de presos políticos). Estes movimentos geralmente estavam caracterizados pelo caráter antilusitano, guiando ações como a execução de portugueses, roubo e invasão em suas propriedades. Dentro deste aspecto da Bahia no século XIX, Reis alega que negros, mulatos e africanos engrossaram as fileiras do federalistas por dois objetivos, buscar a liberdade e para aproveitar a oportunidade da vulnerabilidade do português e revoltar-se contra o branco.
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