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A Literatura no Brasil e Seu Caráter Humanizado na Formação da Uma Civilização

Por:   •  11/10/2022  •  Trabalho acadêmico  •  922 Palavras (4 Páginas)  •  102 Visualizações

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Literatura no Brasil e seu caráter humanizador na formação da uma civilização

Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que avalia o desempenho de estudantes em 79 países, trouxeram, em 2018, dados muito preocupantes quanto à capacidade de Leitura dos estudantes brasileiros. Cerca de 50% dos brasileiros não atingiram o mínimo de proficiência que todos os jovens devem adquirir até o final do ensino médio, revelando que eles estão dois anos e meio abaixo dos países da OCDE em relação ao nível de escolarização de proficiência em Leitura. Este é um índice que está estagnado desde 2009 e que deve nos trazer grande preocupação quando pensamos em nossa civilização. Leitura e literatura estão intimamente conectadas, o que é obvio, mas estamos falando de dois valores diferentes e que são fundamentais para construção de uma sociedade democrática. Esses dados mostram que nossos alunos têm a incapacidade de ler não somente um texto, mas também, de fazer a leitura do mundo.

Nesse contexto, faz-se necessário, e cada vez mais, pensar na literatura e como a literatura vem sendo passada e trabalhada nas escolas. Num tempo histórico em que as questões técnicas, pragmáticas ganham cada vez mais destaque, perguntas como “Qual a importância da existência da literatura?” e “Para quê ler literatura?” são muito constantes. Um dos problemas – o que, inclusive, reflete no baixo interesse dos alunos em ler – é a própria tentativa de definição da literatura para uma utilidade, pragmatismos ou funcionalidade. Se pensarmos literatura dessa forma, estaremos justamente abandonando o que de mais importante existe nela: a subjetividade, o caráter humanizador, aquilo que nos define como humanos. É na literatura que se abre a possibilidade de conhecimento do mundo e de si mesmo. Quando estamos diante de um texto literário, podemos ter a possibilidade de conhecer lugares, pessoas e realidades diferentes. A literatura é a possibilidade de imaginação, não só para que possamos vivenciar coisas, mas também para se possa criar realidades diferentes das que vivemos.

O ensino da literatura nas escolas não deve ser um ensino de textos, nem de autores, técnicas, estética ou de uma quantidade de coisas que se saiba, sem que isso de fato tenha um sentido ou um lastro de subjetividade para quem acumula esses saberes. Pensar, portanto, a literatura no seu caráter de educação e de formação, é pensar na formação de uma civilização. E, sendo assim, a literatura deve ser pensada como direito, e não como dever. Contudo, mesmo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (DCNs) – que representaram um marco para a educação brasileira, em que a Literatura está voltada à capacidade de pensamento crítico e à percepção estética, afastando-se da função gramatical tradicionalmente concebida –, o ensino da literatura não tem sido bem-sucedido. Ademais, podemos dizer que a noção de direito a literatura é interpretada mais como um dever, principalmente entre os alunos.

Antônio Cândido, um dos grandes expoentes da crítica literária brasileira, em seu texto “O Direito à Literatura” (2011), trata a literatura não como aquela específica dos textos, do cânone, do paradigma, dos 100 livros mais importantes e dos grandes clássicos, mas sim, da possibilidade de fabular, de imaginar. Uma sociedade que não tem essa possibilidade, de pensar o mundo diferente daquele que ele está vivendo, é uma sociedade que não consegue se criar politicamente para absolutamente nada. Infelizmente, podemos até dizer que vivemos um tempo de ausência de imaginação. A forma como as tecnologias digitais estão inseridas no nosso cotidiano vem, inclusive, tirando o espaço de possibilidade de lermos. O nosso tempo é da velocidade, do celular, das redes, dos podcasts, da TV Smart, Da super conexão digital e virtual. Isso, além de criar um ambiente com excesso de informação – que “vem de todos os lados” de tal forma que mal temos tempo para absorver e formular nossas próprias ideias e opiniões –, também afasta a possibilidade de parar o corpo e se concentrar na palavra escrita que estão nos livros, que é totalmente diferente da que está na tela, onde se perde a densidade do texto.

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