A REALIDADE SOCIAL ENCONTRADA NA COMPARAÇÃO DAS OBRAS VIDAS SECAS
Por: Higor Matos • 4/5/2021 • Projeto de pesquisa • 1.447 Palavras (6 Páginas) • 181 Visualizações
ANTI-PROJETO DO MESTRADO COM ISENÇÃO DE MENSALIDADE PARA PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE LAGES – GERED LAGES 2018.2/ EXERCÍCIO 2019
CENTRO UNIVESITÁRIO UNIFACVEST
Título
A REALIDADE SOCIAL ENCONTRADA NA COMPARAÇÃO DAS OBRAS VIDAS SECAS DE GRACILIANO RAMOS E CAPITÃES DE AREIA DE JORGE AMADO: UMA DISCUSSÃO DA REALIDADE BRASILEIRA.
Linha de Pesquisa
PRÁTICAS CULTURAIS E SOCIAIS NA LITERATURA
Nome do Acadêmico
Higor André Matos
Justificativa da proposta
O trabalho com a literatura clássica em sala de aula não é fácil, pois boa parte dos estudantes considera a literatura como um texto de difícil acesso e de raro entendimento.
Contudo, é necessário que o trabalho com a literatura clássica seja visto como uma forma de mudança da realidade, uma oportunidade de aprendizado tanto no que diz respeito ao conhecimento quanto ao que se insere nas atitudes diárias do individuo.
Ao se trabalhar com obras como Vidas Secas de Graciliano Ramos e Capitães de Areia de Jorge Amado podemos encontrar duas situações de realidade social encontrada até o presente momento. No primeiro, temos os retirantes que saem do meio da seca em busca de trabalho e moradia, uma vida melhor. Na segunda obra, encontramos meninos nas ruas em busca da sobrevivência através de roubos e assaltos.
Dentro das escolas públicas, sejam elas de centro ou periféricas, da área urbana ou rural, encontram-se alunos que vivem sob esses riscos de vulnerabilidade social e pode ser através da literatura que esse busque mudar a sua realidade.
Para tanto, pensa-se em um trabalho com a literatura que permita não apenas o acesso à cultura e a clássicos para estudo de vestibular, mas também para a mudança da realidade social, já que uma das funções da literatura é a reflexão crítica da situação que se lê e se vive.
O Problema a ser pesquisado
A situação do Brasil, mesmo após diversos programas sociais e culturais, pouco tem mudado a realidade das famílias brasileiras que vivem em situação de vulnerabilidade.
Dessa forma também se encontra duas tristes realidades nas obras Vidas Secas de Graciliano Ramos e Capitães de Areia de Jorge Amado. Um, vê-se a realidade de famílias pobres exploradas por famílias mais abastadas, de outro a criança sendo morta pelo abandono e a vida cruel das ruas ligadas a crime.
Na obra de Graciliano Ramos a obra se desenvolve apresentando ao leitor um ciclo em que uma família pobre, mesmo tentando buscar melhorias para a sua vida, não consegue superar àqueles que têm dinheiro, voltando sempre para a marginalização e vivendo sob as explorações.
No caso de Capitães de Areia, meninos abandonados que para sobreviverem buscam dos meios mais variados do crime, fugindo da polícia e expostos a situação de riscos tanto morais quanto relacionados à saúde.
Realidades parecidas ou semelhantes também são encontradas nas escolas públicas do Brasil, pois a situação da evasão escolar por conta de busca de emprego dos pais e, até mesmo, pela marginalização dos filhos pela busca de uma vida melhor através do crime ocorrem diariamente.
Fundamentação Teórica
Toda obra, seja ela de qualquer natureza artística, independentemente de seu tempo, nos faz ler o passado para compreender o presente, é que se lê também em:
Um romance, um poema, um quadro, um trecho de música são indivíduos, isto é, seres em que não se pode distinguir a expressão do exprimido, cujo sentido só é acessível por um contato direto e que irradiam sua significação sem abandonar seu lugar temporal e espacial. É nesse sentido que nosso corpo é comparável à obra de arte. Ele é um nó de significações vivas e não a lei de certo número de termos covariantes. (MERLEAU-PONTY, 2000, p. 162)
A partir disso, pode-se trazer as obras de Jorge Amado e Guimarães Rosa como formas de o leitor fazer a sua reflexão,compreender a sua realidade a partir das realidades contadas, mesmo que se considere os diferentes espaços, tempos e situações.
Na obra Capitães de Areia o autor aborda a questão do menor de idade que está em situação de abandono vivendo efetivamente as suas consequências como: o crime, o uso de drogas e a prostituição. Portanto, essa obra de 1937 traz como heróis os meninos abandonados e suas vivências.
Considera-se também que por ser um livro de relevância político social, o autor acabou sendo preso no período da Era Vargas. Contudo, em sua obra, Amado não defende o roubo, mas sim expõem claramente os porquês da busca pelo crime, ou seja, da busca pela sobrevivência.
Entre a realidade e a imaginação viveria, quase que sempre, o homem, recriando, reinventando a vida de sua gente – a realidade foi à fonte permanente de sua ficção, os personagens do romancista resultam da soma de figuras que fazem parte da sua experiência de vida. (SANTOS, 1993, p. 35)
Já na obra Vidas Secas, percebe-se a ideologia de que o homem é fruto de seu meio.
O que dá unidade aos elementos da trama é o tema, entendido como ideia comum, que constrói o sentido pela união de elementos mínimos da obra chamados motivos. O tema de Vidas Secas se confunde com o próprio título do romance, sendo ele constituído por aspectos (motivos) essenciais na configuração do estado de “secura” socioeconômica e psicológica em que vivem os retirantes das secas do Nordeste brasileiro (SOARES, 2001, p. 43).
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