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Audiencia

Por:   •  4/8/2015  •  Dissertação  •  560 Palavras (3 Páginas)  •  218 Visualizações

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Audiência com leite

Nos últimos cinco meses, vivo em perfeito estresse e descontentamento. Não tenho ideia do motivo pelo qual aceitei esse entediante emprego. Trabalho em uma grande empresa, sendo o responsável pela contratação e demissão dos funcionários, algo que não é muito agradável.

Quase todos os dias há entrevistas ou demissões e é sempre a mesma história. Durante as entrevistas as pessoas são mais reclusas, falam pouco e só o necessário e quase não se movem. No entanto, quando algum funcionário é convocado na minha sala, já sabe que será demitido. Antes que eu comesse a falar, desabam em lágrimas ou apelam para a agressividade, o que me obriga a chamar a segurança. Estes além de demitidos saem humilhados carregados pelos seguranças.

O despertador ao lado da minha cama soou alto e exigente, chamando-me para mais um dia de trabalho. Como em qualquer dia monótono dos últimos três meses. Levantei-me preparado para seguir na direção do centro comercial da movimentada Nova Iorque.

Mal cheguei ao décimo terceiro andar, avistei na mesa da Camila, minha secretária, pilhas de relatórios que provavelmente deveriam ser para mim. Cumprimentei-a com um singelo bom dia, o qual ela revidou e continuou:

- Sr. Evan,  o chefe mandou lhe entregar estes relatórios. Os da primeira pilha são os entrevistados de hoje e os da segunda são os que o senhor deverá avaliar e, escolher três destes  funcionários para demitir.

Entrei na sala, seguido pela Camila. Ela colocou os relatórios em cima da minha mesa e disse antes de sair que, a primeira entrevista começaria em meia hora. Dessa meia hora até meu horário de almoço não tive descanso. Almocei ali por perto, pois havia muitas entrevistas e três demissões para eu fazer ainda, e não poderia perder tempo.

Depois de realizar as demissões, pedia a Camila para mandar entrar o próximo a ser entrevistado. Para a minha surpresa não entrou uma pessoa, mas duas. Uma delas chamava-se Carolina, uma mulher muito bem vestida e educada, e a outra era sua filha, uma menina pequena. Pedi licença a elas, disse para ficarem a vontade, e fui falar com a Camila.

Perguntei-a como iria entrevistar aquela mulher com a sua filha junto e quem havia autorizado à entrada das duas, pois a entrevista é individual. Ela pediu desculpas e disse que havia sido um descuido dela, pois estava ocupada no telefone e nem olhou a mulher entrando com a criança, só disse para o próximo entrar e ela foi. Camila perguntou se queria que tirasse a menina, neguei, e fui entrevistá-la mesmo assim.

No começo ocorreu tudo, a entrevista fluía bem, e menina estava sentada quieta. Contudo, a menina começou a resmungar que estava com fome e a Carolina, de súbito, pegou a criança no colo e começou a dar de mamar para ela ali mesmo. Fiquei abismado, pois além  de uma menina daquele tamanho mamar na mãe, esta ainda faz durante a entrevista.  

Recusei-me a continuar a entrevistá-la, o que lhe causou espanto. Ela começou e gritar, xingar, fazendo um vexame. Chamei os seguranças e pedi que as tirassem dali. Antes dela ser retirada, chamou-me de preconceituoso machista e que iria me processar. Como se isso fosse dar a ela um emprego. O resto do dia ocorreu normal, o que me deixou, em partes, contente. Só o que me desanimava, era saber que amanhã tudo começaria novamente.

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