Comunicação Oral e Escrita
Por: Pedro Freire • 8/9/2016 • Dissertação • 1.211 Palavras (5 Páginas) • 610 Visualizações
Programa de aprimoramento 1 – Formação em liderança estratégica e gestão do desempenho
Módulo: Comunicação oral e escrita
- Introdução: Por que estudar a língua portuguesa?
Esse é um questionamento muito comum de se ouvir, principalmente vindo da boca de adolescentes, embora muitos adultos também o façam. Afinal, o que nos leva a estudar uma língua que já nascemos falando, e aprendemos diariamente, com a prática, até o fim de nossas vidas? Eis onde se esconde o maior equívoco que um falante nativo pode cometer: pensar que possui o total conhecimento de sua língua materna.
De fato, aqueles inseridos desde o nascimento em determinado meio linguístico desenvolvem com maior facilidade um nível elementar da comunicação. No entanto, para enriquecer seu uso é necessário que o falante conheça a língua em seus mais variados níveis, quase como um poliglota. Em outras palavras, o falante refinado é aquele capaz de utilizar a variação mais apropriada para o ambiente em que se encontra inserido. Um exemplo clássico de mau emprego de variantes é o candidato a gerente de uma empresa que, no momento da entrevista, utiliza gírias e colocações vistas como grosseiras, inadequadas para o ambiente de trabalho; ou o palestrante, que inicia seus dizeres com gradicido, forma marcada culturalmente como típica de pessoas pouco escolarizadas. Vê-se uma má utilização da língua portuguesa, instrumento decisivo na conquista de um espaço social para o brasileiro.
Manejar bem a língua é indispensável. Suas regras básicas de funcionamento vão além da gramática normativa: dependem do reconhecimento da norma padrão, bem como de suas diversas variantes, e principalmente quando empregá-las de forma correta.
Para tanto, nossa disciplina pretende trazer um apanhado sobre as principais dificuldades vividas no cotidiano do local de trabalho, seja na comunicação oral ou escrita. Interpretar e produzir textos, atentando-se para as regras normativas e senso crítico, será a meta almejada.
- Comunicação oral e escrita: as armadilhas da linguagem
Antes de adentrarmos o domínio da comunicação, é importante que compreendamos o que significa o termo linguagem, tido como “o sistema de elementos sonoros de que os homens se servem para comunicar seus sentimentos, volições e pensamentos” (BORBA, 1971), ou seja, para atuarem como membros de um grupo social.
É da riqueza de mecanismos presentes na linguagem que lançamos mão para interagir, e como utilizar uma ferramenta que não se conhece bem? Impossível.
Evidente que, a menos que o falante esteja familiarizado com os pormenores do emprego dos elementos linguísticos, pode-se encontrar problemas na comunicação, como no exemplo abaixo:
É domingo à tarde e a família está reunida para almoçar. O tio mais velho, professor de português, aproxima-se e começa a conversar com o sobrinho, sempre utilizando formas típicas da variação culta mais elevada, por vezes até mesmo vistas como arcaicas (ex.: mesóclise – “fá-lo-ei”). É provável que o tio seja tachado de chato e inconveniente pelos familiares, pois não soube empregar um registro mais adequado para o momento de informalidade.
Assim, é de suma importância reconhecer a diferença entre língua, norma culta/padrão e norma gramatical para compreender os contextos em que cada uma poderá ser empregada:
- A norma gramatical é aquela relacionada à gramática normativa, repleta de regras que determinam os empregos corretos e incorretos dos elementos da língua. Caracteriza-se por incorporar muitas regras que não fazem parte do uso no falar cotidiano. Deverá ser empregada em textos escritos de cunho mais formal.
- A norma padrão, por sua vez, está vinculada a um modelo geral de uso, ou standard. Segue prescrições representadas na gramática, mas é marcada pela língua produzida em certo momento da história e em uma determinada sociedade. É a que resulta da prática da língua em um meio culturalmente dominante - tomando-se como base para pessoas de maior escolaridade.
- Em constante mudança, é dentro da língua e de sua riqueza de formas que estão presentes as normas citadas acima, bem como as variações da norma padrão, ao exemplo das gírias. Diferentes formas de linguagem que hoje são desconsideradas pelo estipulado na norma padrão com o tempo podem vir a se legitimar. Um exemplo é a palavra você, derivada da expressão de tratamento formal vossa mercê, a qual evoluiu sucessivamente para vossemecê, vosmecê, vancê e, por fim, você. A tendência é que a evolução, prezando pela chamada economia de meios, continue, e você pode vir a se tornar apenas cê, conforme já ocorre no registro coloquial.
Exercício em sala:
Produza um texto diferente para cada situação:
1ª) Encontro informal com um velho amigo no shopping.
2ª) Entrevista de emprego.
3ª) Um e-mail formal, a ser encaminhado para a diretoria da empresa.
- A interpretação textual: para uma leitura mais refinada
A complexidade evidente do mundo encontra-se ao nosso redor. Vemo-nos obrigados pelo convívio diário a interpretar sinais físicos dos demais indivíduos, sinais de trânsito, bilhetes, memorandos, cochichos, bem como nossos próprios valores e costumes. Como nos distinguimos geográfica e socialmente, as diferenças são inevitáveis e, assim, determinam a maneira pela qual compreendemos a realidade. Ao ler um texto, inferimos nele nossas experiências e vivências, utilizadas no ato de interpretar.
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