LIVRO NÃO SE APEGA, NÃO
Por: Caroline Matos • 4/11/2016 • Trabalho acadêmico • 3.766 Palavras (16 Páginas) • 555 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
CAROLINE ALVES MATOS DA SILVA
NÃO SE APEGA, NÃO
Salvador
2014
INTRODUÇÃO
Há dois meses saí com uma amiga e resolvemos comprar livros. Ela tinha créditos acumulados no Vale-Cultura dela e fizemos a maior festa. Entre as obras escolhidas Não se apega, não foi uma das mais procuradas e quando finalmente encontramos pegamos como se fosse um tesouro. Minha amiga ficou com o único exemplar que havia na loja, mas como eu tinha terminado um relacionamento recentemente ela achou mais conveniente que eu começasse a leitura e depois passaria pra ela.
Eu leio vários livros de vez. Normalmente a cada dia leio uma obra diferente, mas quando eu me empolgo eu leio o mesmo até terminar. As vezes sinto saudade dos personagens e retomo a leitura dos outros que parei. A última vez que contei estava lendo dez. Já terminei alguns e até o final do ano pretendo terminar pelo menos a metade.
Escolhi este livro porque me identifiquei bastante. A autora Isabela Freitas fala de sua personagem usando uma linguagem bastante solta e descontraída, contando histórias engraçadas e muito parecidas com as que normalmente passamos na vida real.
O fato de Isabela, a autora, ser jovem me chamou muito atenção pelo fato de tanta experiência que ela conta através de sua personagem e a sagacidade com qual ela fala de cada lição aprendida. A impressão que se tem é de que a autora é muito vivida e experiente, mas na verdade Isabela é uma mineira, estudante de Direito de apenas 23 anos de idade que dá uma surra em muita gente desesperada que não sabe lidar com seus sentimentos e sai por aí fazendo besteiras e se magoando sem necessidade (não que haja necessidade em se magoar, me refiro às vezes que as pessoas dão a cara para bater e se magoam facilmente, de graça).
Neste ensaio pretendo discutir o como os jovens têm aprendido a lidar com o desapego e a liberdade que ele traz e ainda como a leitura tem um poder fundamental e transformador na vida de uma criança que desde cedo tem a oportunidade de mergulhar em mundos fantásticos de livros que contribuem diretamente na formação de seus costumes, comportamentos, caráter e forma de ver o mundo.
NÃO SE APEGA, NÃO
É possível perceber a paixão que a autora tem por pessoas e livros logo nas primeiras linhas de sua fala. É na dedicatória que encontra-se os responsáveis por essa paixão por gente e pelo mundo das letras. Isabela agradece ao pai por ensiná-la a amar os livros e à sua mãe por ensinar-lhe a amar as pessoas.
Antes de começar o livro propriamente dito, há duas páginas interessantíssimas que introduzem o livro que a autora intitula 20 regras do desapego. Nessas regras ela diz tanta verdade que é pouco improvável não se empolgar e querer ler as páginas seguintes quase que todas de uma só vez. Entre as regras, uma das que me chamou atenção imediatamente foi a regra número 4 que diz “Mudar as pessoas não é algo que esteja a seu alcance. As pessoas só mudam quando querem mudar. E, geralmente, elas não querem”. Essa frase me destruiu porque como eu havia saído de um relacionamento, pensava que a única forma possível de reatar seria após uma mudança. Não minha. Queria que o outro mudasse. Radicalmente. Minha frustração foi quando de forma curta e clara, a vida me mostrou através deste livro que não adianta nada eu querer que o outro mude algo que está errado e o outro não dar a mínima importância para tal mudança. Tive que compreender que as pessoas só vão mudar algo quando elas perceberem que do jeito que está não é bom e devemos ter paciência porque isso pode levar muito tempo.
Após as regras, a história que se segue é sobre o fim de relacionamento da personagem fictícia que leva o mesmo nome da autora, Isabela. Ela terminou seu relacionamento com Gustavo que, segundo ela, a decepcionou bastante por causa de seu ciúme que a sufocava de uma maneira que já não dava mais para suportar. Se sentiu amando sozinha, fazendo das tripas coração para manter um namoro que já não lhe valia mais a pena. Como era expansiva, tinha dentro de si o hábito de engrandecer as coisas e acreditar que as pessoas sempre poderiam melhorar, era só uma questão de tempo. Mas num dado momento a personagem percebeu que tudo na vida tem limite e havia chegado o seu. Percebeu que não valia a pena implorar para que um milagre caísse do céu enquanto se destruía para manter um relacionamento de pé.
Isabela explica de onde vem essa fragilidade que as moças têm, essa fé inabalável e inocente que nos faz acreditar que já nascemos sabendo amar. O fato de crescermos ouvindo histórias de príncipes e princesas contribuem diretamente para que o nosso coração esteja de portas abertas e com um tapete de boas-vindas.
Em A literatura e formação do homem, Antonio Cândido diz que a fantasia quase nunca é pura, ela sempre se origina a partir de algo. A singeleza que as garotas têm e que a personagem de Isabela também espera encontrar nos garotos está relacionada às histórias ficcionais, em sua maioria contos de fadas que ouvimos quando criança e gera em nós a construção de nossa personalidade e comportamento numa realidade completamente distinta da que idealizamos. As histórias, os contos fixam-se em nossas memórias que nem percebemos e por isso apresentamos algumas reações inesperadas que na perspectiva de um ser adulto, maduro e experiente não condiz com a nossa realidade.
A autora Maria Tatar em sua obra Contos de fadas aborda um pouco sobre o que Cândido fala em respeito da ligação das histórias em nossa mente. Muitas vezes somos bombardeados e nem nos damos conta. Os contos de fadas têm o poder de manter as histórias arquivadas através da nossa imaginação coletiva e quando algumas situações vêm à tona é como se já soubéssemos ou já tivéssemos passado por aquilo antes.
Tatar também traz a ideia de que os contos de fadas ajudam a moldar nossa vida. Eles chegam a ser tão importantes que são considerados sagrados por alguns. A autora Isabela com certeza os tem como sacros. Eu os tenho. As pessoas que tiveram a oportunidade de experimentar as delícias do mundo irreal, mas que ao mesmo tempo se fez tão real e secreto ainda que só existindo na mente, as consideram sagradas. Principalmente as moças.
Meninas normalmente fantasiam
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