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Literatura Língua Portuguesa

Por:   •  25/10/2023  •  Exam  •  2.803 Palavras (12 Páginas)  •  79 Visualizações

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O ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras tem exigido, cada vez mais, uma maior reflexão sobre a língua e seu funcionamento, pois a organização metodológica em sala de aula precisa ser adaptada continuamente à multiplicidade cultural com a qual a sociedade dialoga. Basta observarmos os notórios estudos surgidos a partir da década de 80 em torno da oralidade e da escrita, que passaram a contestar o pensamento vigente de que oralidade e escrita eram práticas dicotômicas, opostas. Esse pensamento, no entanto, mudou; houve o reconhecimento de que a fala e a escrita obedecem a comportamentos diferentes concebendo-se a relação de interação entre essas modalidades dentro do sistema linguístico. Essa relação é compreendida em forma de continuum das práticas sociais de produção textual, “na sociedade atual, tanto a oralidade quanto a escrita são imprescindíveis. Trata -se, pois, de não confundir seus papéis e seus contextos de uso, e de não discriminar seus usuários”. (MARCUSCHI. 2008, p. 22).

Tais reflexões em torno da oralidade e da escrita se mostram relevantes no contexto escolar, pois essas modalidades da língua são práticas discursivas dos alunos e são mobilizadas a fim de relatar as situações vividas em seu cotidiano, expor as suas ideias, defender o seu ponto de vista e argumentar. É, portanto, pela interação que essas práticas discursivas acontecem e possibilitam aos sujeitos envolvidos uma profunda troca de conhecimento e repertório para a construção de um capital cultural socialmente engajado.

Sob essa ótica, não há por que não aceitar que é papel fundamental da escola fomentar constantes espaços de interação comunicativa, solidamente embasado pela compreensão de que as práticas discursivas dos alunos - sejam elas orais ou escritas- precisam, antes de tudo, serem práticas de ensino-aprendizagem. O professor, nesse processo, precisa ser agente eficaz de transformação.

Nesse sentido, as metodologias aplicadas em sala de aula precisaram ser adaptadas novamente, então, uma pedagogia dos multiletramentos foi proposta com o intuito de romper com essa separação entre o mundo vivenciado pelas crianças e jovens e o universo escolar, “saindo da lógica do século XIX, da educação transmissiva” (ROJO, 2013, p.3).

Trazer à tona os debates sobre multiletramentos aos professores do ensino fundamental é garantir que o ensino de língua materna, seja na esfera pública ou privada, esteja engajado em perspectivas mais modernas e, portanto, eficazes, de ensino. Tais abordagens sobre multiletramentos já são, desde 1996, reivindicações pedagógicas feitas por professores e pesquisadores, para dar conta dos novos letramentos emergentes na sociedade contemporânea. Pois, reconhecemos a necessidade de incorporar na prática escolar a diversidade de mídias, de linguagens e de culturas introduzidas pelas novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, para - segundo Roxane Rojo -

abranger esses dois “multi” - a multiculturalidade característica das sociedades globalizadas e a multimodalidade dos textos por meio dos quais a multiculturalidade se comunica e informa, o grupo cunhou um termo ou conceito novo: multiletramentos (ROJO, 2012, p.13).

O presente projeto de formação continuada visa articular as discussões do campo teórico-acadêmico às propostas pedagógicas institucionais presentes, por exemplo, nas competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017b, p. 66). Assim, pode-se oferecer debates reciclados quanto às abordagens em sala de aula que considerem, mais especificamente, as competências da área de Linguagens presentes na BNCC e que versam sobre o ensino de língua materna como meio de garantir aos alunos do ensino fundamental o desenvolvimento das seguintes competências específicas:

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

1. Reconhecer a língua como meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem.

2. Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.

3. Demonstrar atitude respeitosa diante de variedades linguísticas, rejeitando preconceitos linguísticos.

4. Valorizar a escrita como bem cultural da humanidade.

5. Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequado à situação comunicativa, ao interlocutor e ao gênero textual.

6. Analisar argumentos e opiniões manifestados em interações sociais e nos meios de comunicação, posicionando-se criticamente em relação a conteúdos discriminatórios que ferem direitos humanos e ambientais.

7. Reconhecer o texto como lugar de manifestação de valores e ideologias.

8. Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com objetivos e interesses pessoais (estudo, formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.).

9. Ler textos que circulam no contexto escolar e no meio social com compreensão, autonomia, fluência e criticidade.

10. Valorizar a literatura e outras manifestações culturais como formas de compreensão do mundo e de si mesmo (BRASIL, 2017b, p. 66).

Portanto, a escola precisa possibilitar o contato com ampla variedade de textos, em práticas diversas de uso da língua e, para isso, são necessárias novas ferramentas e novas práticas para dar conta da multiplicidade de linguagens dos textos em circulação.

O professor não pode mais se ater à escrita manual e impressa, precisa trabalhar de outra maneira, pensar no funcionamento da língua na vida social contemporânea, logo, as metodologias de ensino devem incluir o uso de vídeos, áudios, tratamento da imagem, edição e diagramação (ROJO, 2012, p.21).

Para favorecer os multiletramentos em sala de aula, Rojo defende que a escola deve partir do repertório de mundo do aluno, da cultura local que este estudante leva para a sala de aula, que deve ser, não só valorizada, mas incorporada no ensino-aprendizagem. O que esse aluno vê na mídia de massa, o que é visto na internet, deve ser colocado em diálogo. Assim, entende-se que a escola não deve abandonar seu patrimônio, mas enriquecê-lo, visando ao futuro. Ou seja, pensar formação de uma cidadania plena para o trabalho, para a sociedade e para a vida pessoal, aplicando uma pedagogia de projeto e não uma pedagogia de conteúdos. (ROJO, 2013, p.2).

2. Objetivos

2.1 Objetivo

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