Metodologia Formação Leitor

Portifólio

Letras Português – Metodologia e formação do leitor

Aluna – Ana Paula dos Santos Leite

Cód. 8086433

Dessa forma, se entendemos a leitura como um ato de apropriação, invenção, produção de significados, não podemos limitar, mas, sim, ampliar possibilidades de leitura, pois, como nos diz Michel Certeau, “o leitor é um caçador que percorre terras alheias” (CERTEAU, apud CHARTIER, 1999, p. 77). Nesse caminhar pelo desconhecido, a melhor postura do professor é a dialógica, a fim de entender as opções dos alunos.

Levando em conta o excerto anterior e o que você aprendeu no decorrer da Unidade 2, faça um texto, de no mínimo uma lauda, explicando qual seria a melhor forma de ensinar a ler na perspectiva discursiva. Para tanto, selecione um texto (conto, música, poema) e proponha atividades de leitura dentro dessa perspectiva.

Ensinando a ler na perspectiva discursiva.

A perspectiva discursiva oferece possibilidades de desenvolver capacidades linguísticas por meio de situações que tenham significados reais. Temos uma necessidade social de ampliar o conhecimento com textos e falas reais por isto esta perspectiva desafia os alunos na busca pelo conhecimento. A simples exploração textual tende a produzir os erros de uma pedagogia tradicionalista. Porem no processo de ensino e aprendizagem o texto deve ser usado de forma contextualizada e criativa.

Uma das possibilidades da perspectiva discursiva é criar a sede do saber e de entender e dar sentido ao texto através de relatos e promoção de debates.

A leitura discursiva promove que o aluno se torne um leitor ativo, criativo, sempre atento a saber o que o sentido do texto pode ser outro mas não qualquer um.

Trabalhar o enfoque discursivo se torna um movimento importante por parte da escola pois rompem com discursos e práticas que reproduzem sentidos estabilizados que não contribuem para o desenvolvimento escolar e individual do aluno.

Um exemplo de um poema que promove a perspectiva discursiva o poema -O bicho- escrito em 1947, de autoria de Manuel Bandeira. Na obra de Bandeira, predominam a liberdade de conteúdo e de forma, o retrato do cotidiano, a sua própria história de vida, o humor, a indignação com a realidade do homem e a idealização de um mundo mais justo. Na época o Brasil estava em uma fase de crise social, política e econômica. E Manuel bandeira através deste poema teve uma visão crítica a realidade dos problemas enfrentados pelo povo

“O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

O poema nos toca porque diz e desenha, com clareza e precisão, uma situação que permanece, que testemunhamos diariamente, perto de cada um de nós — nas cidades, nas ruas, nas calçadas, em muitos lugares.”

Nesta textualização um sujeito descreve uma cena comum que teria visto. Em relação de sujeito, espaço e tempo, temos momentos e planos subsequentes, na cena do poema, que produzem continuidades paralelas: