O Artigo Literatura
Por: 99121374 • 30/3/2021 • Artigo • 3.060 Palavras (13 Páginas) • 89 Visualizações
UNIR – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA[pic 1]
CAMPUS DE VILHENA
DELL – Departamento de Estudos Linguísticos e Literários
Disciplina: Literatura Brasileira IV
Camila Alves de Carvalho de Oliveira
Espaço e Personagens:
Menino de Engenho
VILHENA
2016
[pic 2]
Camila Alves de Carvalho de Oliveira
Espaço e Personagens:
Menino de Engenho
Análise literária apresentada à disciplina de Literatura Brasileira IV, Curso de Letras, campus Vilhena.
Docente responsável pela disciplina Profª. Doutoranda, Maria do Socorro Gomes Torres.
Àrea de concentração: Literatura Brasileira
Linha de pesquisa: Letras e Educação.
VILHENA
2016
Espaço e Personagens: Menino de Engenho
Camila A. de C. de OLIVEIRA[1]
Resumo: A análise tem por objetivo estudar Menino de Engenho, de José Lins do Rêgo, que foi publicado em 1932. A finalidade é focalizar a análise em dois objetos: espaço e personagem.
Palavras-chave: Personagem. Espaço. Menino de Engenho.
O Modernismo Brasileiro teve seu auge com a Semana de Arte Moderna, contudo, já rondavam o país as ideias modernistas muito antes da Semana de 1922. Crescia a vontade de revelar um país com suas próprias origens, com favelas, seu povo sofrido, marginalizado, sem questões relacionadas ao romantismo. Segundo Mayra Pavan a nova era moderna surgiu em 1902 com a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, obra que expôs a Guerra de Canudos. Ainda, em 1911, com a obra Triste fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto, de contorno crítico bem-humorado, originou a temática do nacionalismo. E em 1910, Monteiro Lobato surgiu mostrando o Brasil de Jeca Tatu e do Sítio do Pica-pau amarelo.
Pavan ainda relata que no início do Século XX, na Europa, as vanguardas apresentavam um novo conceito de arte. E foi através dos intelectuais que viajaram para lá que esse novo conceito de arte se instalou no Brasil. Em 1912, por exemplo, Oswald de Andrade fez sua primeira viagem pela Europa e impressionou-se com um movimento chamado Futurismo de Marinetti. Voltando ao Brasil, escreveu “Último passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde.” O poema não teve muita aceitação por parte do público.
No Modernismo as artes plásticas também tiveram uma participação especial, em 1913 com a exposição expressionista de Lasar Segall, e, em 1917, com a primeira exposição de Anita Malfatti. A exibição de Anita Malfatti foi tão extraordinária para o Modernismo Brasileiro que, para muitos, o modernismo iniciou no Brasil com essa exposição e foi completado na Semana de Arte Moderna.
Com o conhecimento das correntes de vanguarda e o anseio de consolidar uma arte moderna brasileira, apreciando o nacional e abolindo as imitações europeias, permitiram o início do Modernismo no Brasil.
O Modernismo Brasileiro foi dividido em três fases: 1ª fase (de 1922 a 1930) -- Em seu início, os Modernistas eram contra tudo o que estava organizado. A Semana de Arte Moderna compendiou bem esse estilo da 1ª fase, expondo ironia, polêmica e originalidade. Conforme Mário de Andrade, os modernistas não conseguiam definir o que almejavam, contudo sabiam o que não queriam. E o que eles não queriam? Seguir com o modelo do conservadorismo cultural, que vinha fortificando no Brasil nas escolas literárias que anteciparam o Modernismo. Eles queriam romper com os paradigmas (padrões) impostos. Nessa etapa, os temas nacionais eram frequentes e a vida em seu cotidiano muito valorizada. Além disso, a Literatura evitava a linguagem culta, aproximando-se da linguagem popular. Teve Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha principais representantes.
2ª fase (1930) -- Nessa fase, a literatura veio mais adulta, sem os exageros que abalizaram a Semana de Arte Moderna. A arte era engajada e procurava cogitar a realidade brasileira. A linguagem nutriu-se próxima da popular e as obras mostraram-se em prosa e poesia. Esta privilegia o sentimento humano, enquanto aquela, a crítica social. Apresentou os principais nomes da prosa: Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Érico Verissimo. Na poesia: Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Murilo Mendes.
3ª fase (1945) -- A terceira fase do Modernismo foi assinalada pela liberdade. Os artistas dessa época não desejavam estar obrigados a nada. Repudiaram os ideais da Semana de Arte Moderna, assim, não se forçavam a aproximar sua obra da realidade brasileira, nem queriam ser coagidos a aproximar a linguagem com a popular. Os representantes dessa fase procuravam refletir a psicologia humana e teve como principais representantes: Clarice Lispector, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Vinicius de Moraes.
Introduzido como primeiro romance de José Lins do Rêgo, Menino de engenho, é uma obra regionalista publicada no ano de 1932. Um período em que se preocupava em expor a realidade nordestina juntamente com os problemas ocorridos nas senzalas e com os donos de engenhos. Elaborada na intenção de escrever a biografia do avô materno, o qual era o mais bem representado na realidade nordestina deste período, opta por criar uma personagem fictícia chamada Carlinhos, que assim como José Lins, vivencia memórias da infância no espaço canavieiro.
O romance é narrado em primeira pessoa, pelo narrador-personagem. Este é, portanto, uma “primeira pessoa interpretativa” que “comenta os fatos, ou os deforma, imprimindo-lhes conscientemente um colorido subjetivo” (CARVALHO, 2012, p. 46). Assim o autor narra a história de acordo com os acontecimentos vividos na infância, descreve as travessuras, aprendizados, tristezas e alegrias, por fim mostra ao leitor e o aproxima da vida do menino triste que alcança o regozijo no ambiente que o encantava.
O tempo se desenvolve cronologicamente, o narrador: o menino Carlinhos está com “uns quatro anos” no inicio da narrativa e “tinha uns 12 anos” quando acaba a narração (REGO, 2009, p. 33 e 142). Deste modo, o autor segue a ordem dos fatos, traz ao leitor uma forma mais breve da história, sem interrupções ou adiantamentos que comprometam o entendimento, pois o tempo no romance “provavelmente constitua o ingrediente mais complexo e o mais relevante: de certo modo, tudo no romance forceja por transformar-se em tempo, que seria, em última instância, o escopo magno do romancista” (MOISÉS, 1974, p. 453).
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