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REPRESSÃO E MORAL NOS CONTOS DE FADAS: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS DUAS VERSÕES DE CHAPEUZINHO VERMELHO

Por:   •  19/5/2016  •  Artigo  •  1.308 Palavras (6 Páginas)  •  513 Visualizações

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REPRESSÃO E MORAL NOS CONTOS DE FADAS: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS DUAS VERSÕES DE CHAPEUZINHO VERMELHO¹

Resumo

A história das narrativas populares que vieram a se tornar contos de fadas é complexa e intrigante. Ao longo dos séculos, relatos folclóricos, lendas e mitos foram transmitidos geração após outra e no decorrer desse trajeto, estes vêm sofrendo significantes alterações. Nesse artigo veremos aspectos textuais, particularidades e modificações nas duas versões da obra Chapeuzinho Vermelho, onde também serão expostas questões relativas ao nosso cotidiano, e escritas, valorizando a transposição da linguagem das mesmas, que por sinal, foram feitas a pouco menos de 3 séculos. Trata-se da evolução modificada do mesmo conto em diferentes épocas, com diferentes autores. No entanto, também iremos perpassar pelas diversas faces do mesmo, intercalando e comparando aspectos necessários, como a moral, e a repressão. Segundo Freud,

“A teoria da repressão é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. É a parte mais essencial dela e, todavia nada mais senão formulação teórica de um fenômeno que pode ser observado quantas vezes desejar...” (FREUD; S.A História do Movimento Psicanalítico, p.26)

Dito isto, para melhor entendimento, apoiar-nos-emos nas versões publicadas por Charles Perrault e pelos irmãos Grimm.

Palavras Chave: contos de fadas, literatura infantil, chapeuzinho vermelho.

Introdução

O presente trabalho visa expor características da obra estudada, assim como também aspectos relevantes, que influenciam diretamente no estudo comparativo das duas versões apresentadas. Dito isto, será pertinente avaliar fatores que levaram a sociedade de um modo geral, a atingir tal nível de alteração dos fatos, principalmente relacionados às obras. Já que a literatura infantil vem tendo seu valor cada vez mais reconhecido como ponto de convergência de valores, ideias e aspirações que definem a cultura e a civilização de cada época, também serão mencionadas. É importante ressaltar que essa literatura, leva os leitores (crianças e adultos) a interrogarem a si mesmos e o mundo em que vivem, devido às famosas, morais das histórias. Veremos então, a relação destas obras com o meio em que habitamos, assim como também o modo pelo qual podem despertar em nós leitores a percepção de mundo que só passamos a ter, após a leitura destes. Mediante essa reflexão, passemos a diante.

Desenvolvimento

Desde os primórdios, os contos de fadas eram escritos para crianças, constantemente para elas. É necessário levar em conta que as histórias de fadas, bem como a considerada literatura infantil de forma geral, são primeiro Literatura, antes de ser enquadradas nesse subgênero (COELHO, 1980). Com o passar dos tempos, estes sofreram inúmeras mudanças, com isso passa-se a vê-los de forma diferente. Esses contos geralmente nos fazem refletir, sobre assuntos decorrentes em nossas vidas, nos trazem questionamentos relacionados ao que vivenciamos no cotidiano, e que influenciam nossas ações.

Essa ação “que merece ser chamada de específica, reporta-se as condições que podem ser nomeadas como necessidade de vida” (FREUD, 1895 a/ 2003:176-177).

Isto acontece principalmente nos dias atuais, onde temos uma diversidade de pessoas com opiniões e modos de agir divergentes a partir determinados assuntos. Logo, esse tipo de texto também tem como alvo o público adulto. Diante disso, é relevante homogeneizarmos aspectos que envolvem o comportamento das pessoas atualmente a partir das reflexões que as obras nos trazem.

A obra dos irmãos Grimm foi decisiva para moldar nossa concepção de Literatura Infantil e impulsionar os estudos, tendo contribuído para diversas áreas, dentre as quais a filologia, a antropologia e a literatura comparada. Chapeuzinho Vermelho e tantos outros personagens de contos de fadas nos acompanham desde as nossas primeiras impressões de infância. São parte integrante de nossa cultura e formação como leitores; fundamentais para estimular a nossa capacidade de imaginação. No entanto, a versão criada pelos irmãos Grimm tem entrelinhas um apelo e caráter psicológico. Este muitas vezes não é identificado por adultos, porém facilmente internalizados por uma criança. No decorrer do texto é detectado um paradoxo, o de uma jovem menina, que consegue assimilar instruções dadas pela mãe, a seguir pela estrada sem sair dessa, todavia, é facilmente convencida pelo lobo a optar por outro caminho, no qual ele sugere que ela observe flores e ouça o canto dos pássaros (mesmo com a indicação contrária da mãe). A partir do momento em que a menina sai para levar doces para a avó, ela acaba deixando o lar voluntariamente; não teme o mundo externo e sim reconhece sua beleza, aí está o perigo.

“Se o mundo fora do lar e do dever se torna atraente demais, poderá acontecer uma volta a um comportamento baseado no princípio do prazer”. (Bettelheim Bruno; A-Psicanalise-Dos-Contos-de-Fadas).

É de suma importância ressaltar que na maioria das vezes encantadas pelo mundo lá fora, crianças

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