Resenha Crítica O Alienista
Por: Kildare Sousa • 19/8/2020 • Resenha • 812 Palavras (4 Páginas) • 209 Visualizações
Simão Bacamarte é um extravagante médico de 34 anos que decide retornar ao Brasil após
consolidar sua carreira na Europa, chegando em nosso país, decide se mudar para a cidade de
Itaguaí no interior do Rio de Janeiro para se dedicar ao estudo da ciência, ele resolve morar
com D. Evarista, uma moça de 25 anos, que escolheu como sua esposa pelo fato da possibilidade
de gerar filhos robustos e inteligentes, deixando de lado qualquer fator emocional pela cônjuge,
com isso é possível perceber um pouco da personalidade do Doutor, que era um homem
extremamente racional que baseava cada decisão da sua vida nas teorias científicas que
estudava diariamente, sentimentos e afetos eram deixados de lado e só o raciocínio lógico era
visto como prioridade.
Com o tempo, ele começa a se interessar pela mente humana, em especial o estudo da loucura
e das graves doenças mentais, Bacamarte observava que o hábito da sociedade de Itaguaí era
de não tratar os doentes, e sim escondê-los das outras pessoas, com isso o médico solicitou à
câmara da cidade o direito de cuidar deles em um casarão conhecido como Casa Verde, que
funcionaria como uma espécie de manicômio onde o Simão poderia desenvolver seus estudos
sobre distúrbios mentais , logo após algum tempo, a situação começa a ficar fora de controle já
que o Dr. Bacamarte começou a enxergar a loucura em praticamente tudo, qualquer
peculiaridade que um indivíduo em questão tivesse era motivo para ser internado, seja em
emprestar dinheiro por exemplo, ou ser indeciso em fazer escolhas simples.
Ao decorrer da história é possível acompanhar uma série de eventos que, por um lado
envolvem bastante humor, mas por outro demonstram a ambição pelo poder e conhecimento,
apesar da obra em questão ser de 1882, ela consegue tratar de diversos assuntos de sua época e
da atualidade, o primeiro ponto perceptível nesse livro é a crítica que o autor faz ao estudo na
ciência no seu tempo, ou seja no século XIX, existe uma clara ironia com a forma de pensar
extremamente racional, que ignorava aquilo que era subjetivo e priorizava uma suposta análise
imparcial sobre tudo, Dr. Simão Bacamarte é um personagem que vivia pela ciência e agia
desesperadamente pelo conhecimento e sabedoria, achando que seguindo por esse caminho da
razão, ele poderia chegar a um certo tipo de solução universal de tudo que existe, e cada passo
era extremante planejado e baseado na lógica, isso é visível pela forma com que ele
diagnosticava os doentes, ou em ações mais pessoais como a forma que ele escolheu sua esposa
citada anteriormente. Provavelmente Machado de Assis buscava criticar o uso excessivo da
ciência em sua época, fazendo com que as pessoas enxergassem o mundo de forma mecânica.
Outro ponto em questão no livro é a questão da loucura, mesmo para pessoas com pouco
conhecimento prévio sobre a mente humana é possível perceber que a proposta do autor foi
questionar onde está a linha que divide os loucos dos equilibrados. Machado de Assis criou
Simão Bacamarte como a representação do fanatismo dos cientistas de sua época, que
colocavam a ciência em um pedestal, reduzindo a importância
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