Resenha Crítica O Visconde Partido Ao Meio
Por: JosiPires • 18/4/2023 • Trabalho acadêmico • 628 Palavras (3 Páginas) • 120 Visualizações
RESENHA CRÍTICA
O VISCONDE PARTIDO AO MEIO
CALVINO, Ítalo. O visconde partido ao meio. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2011, 141 páginas.
Por Filipe Rocha Lima
Ítalo Calvino nasceu em Santiago de Las Vegas, em Cuba, no dia 15 de outubro de 1923. Ele se graduou em Letras e associou-se ao Partido Comunista Italiano até o ano de 1956, combatendo duramente o fascismo ao longo da Segunda Guerra Mundial. O livro O visconde partido ao meio, publicado pela primeira vez em 1952, faz parte da trilogia denominada por Ítalo Calvino “Os nossos antepassados”, juntamente, com os livros “O cavaleiro inexistente” e “O barão nas árvores”.
O livro em questão é a história do visconde Medardo di Terralba, um jovem e corajoso tenente, que fazia parte do exército cristão. Numa guerra contra os turcos, leva um tiro de canhão no peito, mas sobrevive, ficando literalmente partido ao meio. A divisão feita pelo tiro transcendeu a divisão física e fez com que a metade direita fosse a materialização do mal e a esquerda o reflexo do bem. A metade da direita foi resgatada por médicos que eram integrantes do exército cristão e retornaram a sua terra natal, Terralba. No entanto, a parte da esquerda foi encontrada e cuidada por monges e posteriormente também retornou a Terralba.
O lado esquerdo de Medardo caracterizado pela bondade vive em união com o natural e faz da razão de sua vida a disseminação do bem diante de todos a sua volta e exposição da bondade jamais vista. Entretanto, o outro lado é tomado pelo egoísmo, sentimento de vingança, perversão e não sendo capaz de discernir diante de seus atos de crueldade. O autor demonstra o antagonismo humano e suas influencias diante da sociedade através da ficção. O que leva ao questionamento de como conciliar lados tão opostos. Os reflexos dessa situação possibilitam a percepção sobre a relevância das ações humanas diante do ambiente ao qual ele faz parte.
O livro O visconde partido ao meio expõem o choque em que vive a sociedade pós-moderna. Os conflitos existentes entre os valores equivocados de uma sociedade com ideais corrompidos por um sistema político e econômico e as ações que são relevantes para o processo de evolução do homem como ser social. Essa situação pós-moderna e exemplificada pelo bem e mal dos lados antagônicos do visconde Medardo di Terralba. A reação das pessoas que convivem com ambos os lados da personagem demonstram a necessidade de um equilíbrio humano e como o homem é um ser moldado a viver de acordo com as imposições do sistema que rege.
A dificuldade em conviver com os extremos obriga a existência de uma conciliação e equilíbrio. Embora, a dificuldade de se estabelecer uma harmonia entre os opostos se faça presente sempre que se depara com situações que exigem atitudes especificas para cada tipo de situação. A instabilidade se instala no ser humano, pois as suas emoções diretamente ou indiretamente refletem em suas ações. Os ambientes, as pessoas que surgem e as situações vividas acabam gerando novas prioridades e consequentemente novas atitudes. Isso é exemplificado quando o visconde percebe que há a necessidade da junção de ambos os lados para formação de um equilíbrio que só foi repensado diante do surgimento de um grande amor.
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