Resenha temática naturalização da violência
Por: Felipe Santiaggio • 23/6/2019 • Resenha • 1.095 Palavras (5 Páginas) • 224 Visualizações
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
DISCIPLINA: LEITURA E ESCRITA NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA
DOCENTE: DIEGO CHIAPINOTTO
RESENHA TEMÁTICA
ACADÊMICOS: Felipe Tainan Santiago Maranhão e Morgana Turcatti
Naturalização da violência
Julgamos como violência o simples ato de agredir física e/ou moralmente outra pessoa, porém ela é uma ação que busca um objetivo e que se não for conseguida através de forma forçosa, dificilmente se conseguirá. Entretanto, essa tal de violência muitas vezes está disfarçada de bem feitorias, ela está tão banalizada, que o ser humano já não sabe mais diferenciar o certo do errado, assistimos por diversas vezes na televisão matérias de pessoas que fazem “justiça” com as próprias mãos acreditando que estão fazendo o que julgam melhor para a sociedade, sem nem questionar essa mesma sociedade se é a favor ou contra aquela ação. Nossas crianças ao assistirem esses programas, já crescem em uma cultura de violência e entendendo que aquilo que se mostra ao público é o correto a se fazer. A violência não precisa necessariamente ser algo visível aos nossos olhos, aquele político que lavou dinheiro para benefício próprio e deixou de investir em segurança, educação e saúde, direitos básicos para a sociedade, está cometendo um ato de violência tão grande quanto àquele ato físico. A violência parece uma queda de vários dominós que caem de forma sincronizada, quando alguém derruba o primeiro e depois continua um por um a cair, porém sem um fim. GANDHI, M. diz: “Eu sou contra a violência porque parece fazer bem, mas o bem só é temporário; o mal que faz é que é permanente”.
A banalização da violência é um artigo publicado por Tânia Rohde Maria, médica pediatra, no jornal Zero Hora e na seção “Em dia” do dia 19 de outubro de 2013. Nele, podemos observar que nossa sociedade já começa ensinando nossas crianças de forma errada, com entretenimento que por nós pode não ser algo violento por estarmos acostumados em nosso dia-a-dia à certas atitudes e achar aquilo normal de tão banalizado que está esse assunto, mas para uma criança, que está conhecendo o mundo pode ser algo totalmente diferente e ela também por acreditar que aquilo seja normal, vai crescer já em uma sociedade que a cada dia se torna mais violenta e podemos já perceber crianças e adolescentes envolvidos em crimes e também muitos suicídios, para uma geração tão nova.
A violência é uma das principais causas de morte no mundo todo. Estudos realizados entre a década de 80 e 90, aonde houve grande exposição da mídia sobre as crianças, mostram como essa violência exibida pode se tornar um fator de risco no comportamento de crianças. Com a variedade de meios de comunicação, aonde o acesso a diversas informações é muito fácil, hoje podemos observar muitas crianças e adolescentes praticando violência e, não somente física, mas também verbal. Foi demonstrada clara associação entre a visualização de filmes violentos e o comportamento agressivo. Esse padrão é repetido na maioria das pesquisas. Os pais e a Indústria discordam muitas vezes do que avaliadores definem como o que é apropriado para crianças e adolescente, mas se apenas respeitassem a classificação de faixa etária da programação para seus filhos já seria um grande passo contra essas violências. “Temos de encontrar um jeito inteligente de incorporar avanços da tecnologia sem perder o que nos faz seres superiores.” (MAIA, 2013).
O artigo cientifico “As múltiplas faces da violência no mundo contemporâneo”, foi escrito e apresentado originalmente na mesa-redonda “As ciências humanas e a violência: abordagens, perspectivas e debates.” Por Roberto Radünz, professor no Departamento de História e Geografia da Universidade de Caxias do sul (UCS) e da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Radünz busca trazer à tona as diversas faces da violência que muitas vezes estão ocultas, e associa-las ao comportamento da sociedade. O comportamento psicossocial muito é influenciado pelo que se vê e pela sociedade em que se está inserido, e o que temos é uma tendência a partir dessa influência de banalizar e dessensibilizar a violência.
Vasculhando a história encontra-se entremeado à ela diversos fatos que mostram que apesar de não serem expostos são recorrentes em uma linha do tempo analítica. “A violência é multifacetada e atualmente mostra seus diversos rostos. Como processo, ela acompanha o desenvolvimento da história mostrando uma capacidade de adaptação aos novos tempos” (RADÜNZ, 2007, p. 39-40). A violência é historicamente utilizada para moldar uma sociedade com a intenção de adquirir poder, privando direitos e estabelecendo privilégios para conter e obter do povo um comportamento pré-moldado que convenha aos interesses do estado, são exemplos a pena de morte, as cadeias ultra violentas e as guerras. Segundo Radünz (2007, p. 43) “A medida em que a Segunda Revolução Industrial avançava, não o fazia sem o instrumento da violência, que vinha acompanhada de argumentos legitimadores”. Os exemplos desse processo histórico vêm com a violência sendo utilizada para “civilizar” o mundo aos padrões do homem branco, corrigindo condutas utilizando de ferramentas de abuso e horror.
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