A Alfabetização e Letramento
Por: ccsk13 • 20/3/2019 • Trabalho acadêmico • 1.412 Palavras (6 Páginas) • 290 Visualizações
Alfabetização e Letramento: uma discussão atual.
Discutir os conceitos de alfabetização e letramento e a sua importância para a elaboração do planejamento, pelo professor, das situações didáticas sobre as quais o aluno deve exercer a atividade para o avanço no processo de aprendizagem da leitura e da escrita
A história da alfabetização no Brasil sofreu mudanças conceituais e metodológicas consideráveis em sua trajetória. Sendo a alfabetização considerada como a aprendizagem do sistema convencional de escrita, e, para que o aluno atingisse o domínio do sistema alfabético e ortográfico, foram discutidos, durante mais de um século, os métodos de alfabetização, quanto à sua eficiência para atingir esse objetivo.
Até a década de 1980 houve uma disputa entre qual o melhor método -os métodos sintéticos ou os métodos analíticos - para que a criança pudesse aprender o sistema de escrita.
Para Soares (2004) o pressuposto era de que:
[...] a criança, para aprender o sistema de escrita, dependeria de estímulos externos cuidadosamente selecionados ou artificialmente construídos – e sempre com o mesmo objetivo – o domínio desse sistema, considerado condição e pré-requisito para que a criança desenvolvesse habilidades de uso da leitura e da escrita, isto é, primeiro, aprender a ler e a escrever, verbos nesta etapa considerados intransitivos, para só depois de vencida essa etapa atribuir complementos a esses verbos: ler textos, livros, escrever histórias, cartas, etc. (p. 98)
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: caminhos e descaminhos. In: Revista Pátio, n. 29, fev. 2004.
Houve uma mudança paradigmática, após os estudos sobre a psicogênese da língua escrita realizados por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984) , trazendo alterações fundamentais a respeito da concepção do processo de aprendizagem, minimizando essa dicotomia entre a aprendizagem do sistema de escrita e práticas efetivas de leitura e de escrita.
Rompendo com a concepção de língua escrita como código, o qual se aprenderia considerando atividades de memorização, as autoras defenderam uma concepção de língua escrita como um sistema de notação que, no nosso caso, é alfabético. E, na aprendizagem desse sistema, elas constataram que as crianças ou os adultos analfabetos passavam por diferentes fases que vão da escrita pré-silábica, em que o aprendiz não compreende ainda que a escrita representa os segmentos sonoros da palavra, até as etapas silábica e a alfabética. (ALBUQUERQUE, 2007, p. 15-16)
ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Conceituando alfabetização e letramento. In: SANTOS, Carmi Ferraz e MENDONÇA, Márcia (orgs). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. - Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
A partir da década de 1990, um outro conceito – letramento - começou a ser vinculado ao conceito de alfabetização. Porém, segundo Kleiman (1995, p. 17): “A palavra “letramento” não está dicionarizada. Pela complexidade e variação dos tipos de estudos que se enquadram nesse domínio, podemos perceber a complexidade do conceito”.
No entanto, Kleiman (2005, p. 5-6) coloca que:
“Letramento” é um conceito criado para referir-se aos usos da língua escrita não somente na escola, mas em todo lugar. Porque a escrita está em todos os lados, fazendo parte da paisagem cotidiana:
- No ponto de ônibus, anunciando produtos, serviços e campanhas;
- No comércio anunciando ofertas para atrair clientes, tanto nas pequenas vendas como nos grandes supermercados;
- No serviço público, informando ou orientando a comunidade.
E poderíamos ir multiplicando os locais onde ela aparece: na igreja, no parquinho, no escritório...
KLEIMAN, Angela B. Preciso "ensinar" o letramento? Não basta ensinar a ler e escrever? (2005) In: . Acesso em 28 set. 2014.
A escrita na paisagem cotidiana
A escrita, portanto, aparece em todos os lugares numa sociedade moderna e complexa, pois não há como resolver as situações do dia-a-dia apenas falando. Há a necessidade da escrita. À medida que as atividades sociais, culturais e profissionais necessitam mais da escrita, não basta apenas alfabetizar é necessário desenvolver habilidades e competência para o uso da leitura e da escrita em práticas sociais – letramento.
A escrita, alfabetização e letramento, segundo Tfouni (2.000) encontram-se “ligados entre si”, mas “nem sempre têm sido enfocados como um conjunto pelos estudiosos” (p. 9). Salienta que “a relação entre eles é aquela do produto e do processo: enquanto os sistemas de escrita são um produtocultural, a alfabetização e letramento são processos de aquisição de um sistema de escrita”. (p. 9)
Tfouni estabelece a diferença entre alfabetização e letramento, quando diz que:
A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidade para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual. (2.000, p. 9)
TFOUNI, Leda Verdiani. Escrita, Alfabetização e Letramento. In: TFOUNI, Leda Verdiani Letramento e Alfabetização. - 3ª ed.- São Paulo: Cortez, 2.000.
E, por outro lado, a autora coloca que:
O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita. Entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escritura de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedades ágrafas. Desse modo, o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado, e, nesse sentido, desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no social. (2.000, p. 9-10)
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