A Criança a Linguagem Oral e Escrita

MANOELA – 02 ANOS (RABISCOS)

Ao iniciar o estudo dos desenhos produzidos pela menina Manoela de apenas 02 anos, disponibilizamos uma folha de papel A4 em branco, um giz de cera mais grosso (nas cores: verde, azul, vermelho, preto, branco, amarelo, laranja e verde) e lápis de cores (nas cores verde, azul, vermelho, preto, branco, amarelo, laranja e verde).

Procuramos estabelecer um ambiente tranquilo e seguro para a realização da atividade, optamos por ir ate a casa da mesma, pois devido a idade e ambientação da menina Manoela seria mais viável, o local encontrado na casa para a produção dos desenhos, foi na mesa da sala de janta, por apresentar mais espaço para que Manoela pudesse realizar livremente seus desenhos e sentisse segura.

Pedimos à Manoela que escolhesse primeiramente um dos lápis de cores disponíveis para iniciar seus desenhos, e após a finalização do desenho 1, disponibilizamos para Manoela os lápis de cera, e uma nova folha em branco para a produção do desenho 2.

Durante o desenvolvimento do seu desenho, pudemos observar a felicidade de Manoela ao ver os lápis em sua frente, à mesma estava plenamente realizada ao ver os materiais livres disponíveis a sua frente, o resultado de produção dos desenhos de Manoela nos causou muita emoção e assimilação dos conteúdos vistos, pois pudemos ter a experiência de vivenciar a prática sendo confrontada a teoria que pesquisamos para a realização da análise dos desenhos,  seguindo o que Oliveira (2018, p. 57), nos diz:

“A expressão infantil se inicia pela exploração e se organiza pouco a pouco conforme a sensibilidade do professor aponta para elas certos procedimentos e lhes disponibiliza materiais, de maneira a não aprisionar seu processo criativo nas mesmas fórmulas”

O desenho de Manoela nos demonstra que nos humanos, não nos expressamos apenas por meio da oralidade, e que somos seres de que fato se comunicam por meio de múltiplas linguagens e o desenho torna-se um canal substancial na comunicação interpessoal durante os anos inicias de nossa existência. De acordo com Derdyk (1994, p.20): “O desenho como linguagem para a arte, para a ciência e para a técnica, é um instrumento de conhecimento, possuindo grande capacidade de abrangência como meio de comunicação e de expressão”.

Manoela ao desenvolver os seus desenhos demonstrou muito prazer e bem estar, logo é percebido que sua produção é livre e denota que não há uma intencionalidade em apresentar um desenho direcionado a alguma representatividade e significação, foi perceptível para nós enquanto espectadores, que o  desenho de Manoela estava sendo realizado de modo involuntário, apenas guiado pela emoção e prazer em realizar os movimentos com os lápis e o giz de cera.

O ponto de observação comum entre os dois desenhos produzidos por Manoela, é que ambos evidenciam movimentos gráficos divertidos, e de modo aleatório em forma de rabiscos, sem nenhum padrão de lógica a priori, e sem intuito de representar alguma coisa especifica, seus tracejados foram tomando direções diversas, que ultrapassou até mesmo os limites do papel A4, adentrando a superfície da mesa, o gesto muito utilizado por Manoela foi o zigue-zague que consistia em realizar movimentos de um lado a outro da folha, tanto horizontal quanto vertical, como se ela estivesse percorrendo de um lado a outro da folha espontaneamente.

A análise interpretativa dos desenhos de Manoela, representados por meio de seus rabiscos, nos mostra que não trata-se apenas de meros  rabiscos,   ele reflete a forma ela  ver o mundo e as pessoas com a qual ela convive e tem significados que apenas ela entende e sabe explicar, nesta fase inicial de sua vida.

Lowenfeld e Brittain 1970, descrevem que os desenhos passam por muitas fases, sendo a primeira delas a fase das garatujas que vai de 2 até 4 anos e se dividem em três categorias: as desordenadas, controladas e as nominadas.