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A Infância E O Desenvolvimento Educacional Ao Longo Dos Tempos

Por:   •  9/9/2024  •  Artigo  •  1.278 Palavras (6 Páginas)  •  27 Visualizações

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A INFÂNCIA E O DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL AO LONGO DOS TEMPOS

Vimos, no decorrer do desenvolvimento da sociedade tal qual como conhecemos hoje, que as crianças são seres em desenvolvimento, em franco processo de absorção da realidade que as cerca e da busca por sentido e conexões humanas ao longo de sua jornada. Porém, por tempos, as crianças não eram enxergadas como seres dotados de características próprias. Altas taxas de mortalidade infantil, pelas precárias condições de saneamento e vida, persistiram até meados do século XII. A perda era naturalizada, e as crianças, então, eram seres emocionalmente “descartáveis”. Com o crescimento das cidades, a expansão do comércio e a consolidação de um modelo político-econômico-social, ainda que as brincadeiras fossem reservadas à infância, esta ainda era vista como um estágio a se passar para chegar à idade em que o indivíduo pudesse, então, participar da atividade produtiva do núcleo social ao qual nasceu.

As reformas religiosas trouxeram um novo olhar sobre a criança e sua aprendizagem, e o cristianismo passou a desempenhar um papel importante na educação, numa tentativa de formalizá-la e adaptar métodos de ensino, facilitando a aprendizagem, ainda que sob preceitos religiosos. Atualmente, as crianças são protegidas por lei e reconhecidas como sujeitos sociais, cidadãos. A educação está comprometida conscientemente com o trabalho quanto às necessidades dos educandos, perpassando a compreensão, o conhecimento e o reconhecimento do outro enquanto sujeito ativo e ator de suas realidades, na construção dialética do mundo e da imbricação de significados ao mesmo.

Temos, então, metodologias ativas no processo de reconhecimento do educando enquanto cidadão, e reconhecimento das suas formas de enxergar e viver o mundo, valorizando sua história, ancestralidade e perspectiva da realidade, empoderando o educando e enriquecendo o ambiente e o processo pedagógico, tornando-o dialógico.

Tais metodologias entendem o corpo, a expressão corporal e o gestual como sendo as primeiras formas de reconhecer-se no mundo; logo, o livre expressar-se pelo movimento natural e a ludicidade acompanham o desenvolvimento integral do ser. Como traz Anne Almeida: "O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano" (ALMEIDA, 2009). Faz-se então do brincar, do jogo, da brincadeira, do teatro, da dança, da música, enfim, da esfera lúdica, ferramentas de ensino, instrumentalizando-o na busca pela produção de conhecimento, aprendizagem e desenvolvimento integral do educando. No lúdico, segundo Piaget, é que há o desenvolver das percepções, onde acontecem as experimentações e se desenvolvem os instintos sociais. O autor (1971) ainda compreende o jogo como instrumento favorecedor do progresso intelectual, auxiliando no desenvolver linguístico, afetivo, social, cognitivo e moral. Já Vygostsky (1991) traz a necessidade do lúdico como atividade de ressignificação de perspectivas do sentir e pensar relativo a cada educando, fazendo parte e sentido na vida dos mesmos.

Projetos na área da expressão corporal trabalham diretamente com a noção de companheirismo, ajuda mútua, união, criatividade, raciocínio, lógica, concentração, percepção do espaço/tempo, lateralidade, equilíbrio, ritmo, etc., caso sejam propostas estruturadas e mediadas por educadores comprometidos e atualizados (em relação a estudos e discussões acadêmicas da área em questão), pensadas com base na observação das necessidades e interesses, características sociais, cognitivas e psicomotoras dos grupos/faixa etária dos educandos. Entende-se o brincar no sentido pedagógico de maior aporte na questão educacional como sendo uma função ora lúdica (livre), ora educacional (direcionada), escolhida de acordo com as necessidades do momento e objetivos da educação.

O jogo, então, favorece a elaboração de estratégias múltiplas para a resolução de problemas propostos ou encontrados, bem como para a análise de dificuldades com a visão analítica crítica (educador), a qual permite fazer avaliações diagnósticas sobre a integração das áreas de desenvolvimento e aprendizagem. O guiar, direcionar, se dá pela criação de roteiro da atividade que possibilita a observação de comportamento, linguagem, afetividade, etc., dos educandos, para melhorar o processo pedagógico, ainda que se admita mais riqueza no processo que no objetivo (pré)estabelecido.

De acordo com Almeida:

Por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e sente a necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em postura de adversário, a parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões testando limites. Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como atenção, afetividade, o hábito de permanecer concentrado e outras habilidades perceptuais psicomotoras. Brincando a criança torna-se operativa. (ALMEIDA, 2009).

Tal ferramenta metodológica encontra-se no território dos sentimentos, na afetividade, onde, então, há espaço na relação educativa para o reconhecimento de sentimentos, estímulo ao desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo, lógico, social, emocional, etc., por ser uma atividade essencial na dinâmica humana (psicofisiológica). "As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo" (ALMEIDA, 2009), de forma que se tornam imperativas no desenvolvimento infantil.

As características próprias de cada criança se traduzirão nas áreas cognitivas, social, afetiva, linguística e psicomotora. Elas precisam de estímulos, e o desenvolvimento é simultâneo, se dando na interação da criança com o meio, mediada pelo educador. Segundo Rau, através da criatividade que a pessoa descobre o seu "eu", por entrar em contato direto com a subjetividade, e com suas emoções de forma mais crua e real possível, expressando seus sentimentos e pensamentos – sendo possível pela esfera lúdica, pelo livre brincar, pela dança e teatro, pela música, etc., ou simplesmente por uma mudança na postura afetiva do educador. O duo entre fantasia e realidade, no lúdico, significa e ressignifica a percepção da realidade, de modo que a representação do real e a encenação do mesmo adquirem funções (dentre outras) de autoconhecimento e conhecimento do outro (empatia), pois

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