A Psicogênese da Língua Escrita

De acordo com o artigo em questão de Oneide Mendonça, “Psicogênese da língua escrita: contribuições, equívocos e conseqüências para a alfabetização”, o termo psicogênese pode ser compreendido como a origem ou a história da aquisição de conhecimentos e funções psicológicas de cada pessoa. Processo que ocorre ao longo de todo o desenvolvimento, desde os anos iniciais da infância, e aplica-se a qualquer objeto ou campo de conhecimento.

No campo da aquisição da escrita, para Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, na pisicogênese as crianças já chegam a escola com hipóteses sobre o código escrito e as criam durante o processo de alfabetização. Essas hipóteses são substituídas a medida que são ampliados os conhecimentos que as crianças tem sobre as letras e as silabas, além das autoras defenderem que o conhecimento se baseia na atividade do sujeito em interação com o objeto de conhecimento, ou seja, através da construção de conhecimento baseadas nas hipóteses já existentes do aprendiz.

Segundo Ferreiro e Teberosky, a ampliação do conhecimento segue uma linha regular que passa por três períodos: pré-silábico começando pela distinção entre o modo de representação icônica (imagens) ou não icônica (letras, números, sinais); evoluindo o Período silábico, onde ocorre a construção de formas de diferenciação, controle progressivo das variações sobre o eixo qualitativo (variedade de grafias) e o eixo quantitativo (quantidade de grafias). Chegando a fonetização da escrita, quando aparecem suas atribuições de sonorização, iniciado pelo período silábico e terminando no alfabético.

Com o objetivo de reduzir os altos índices de analfabetização, na década de 1980, foi iniciado um trabalho de treinamento dos Supervisores de Ensino e de novas propostas pedagógicas capazes de reverter o fracasso escolar constatado. Porém, na tentativa de revolucionar o método tradicional utilizado na época, as cartilhas, houve uma má interpretação da Pisicogênese da língua escrita que geraram conseqüências e equívocos, alguns podem ser observados até nos dias de hoje.

Segundo Mendonça, a alfabetização deve ser significativa, ou seja, contextualizada para que seja facilmente compreendida e absorvida pelo aprendiz. Neste ponto podemos nos aprofundar em um doas maiores problemas do processo de alfabetização do Brasil. Sabemos que letramento e alfabetização são conceitos e técnicas diferentes, que teoricamente deveriam ser trabalhadas em conjunto para que se tenha um verdadeiro conhecimento da utilização do código de escrita. Porém sabemos também, que um dos grandes equívocos que cometidos na alfabetização no Brasil, é resultado da concepção equivocada e das práticas adotadas da má interpretação da pesquisa de Ferreiro e de Teberosky sobre a psicogênese da língua escrita.

Pode-se observar que outro equivoco cometido no processo de alfabetização é o fato de a mesmas ser apoiada na literatura infantil com o objetivo de contextualizar o trabalho. Porém nem todas as classes sócias tiverão ou poderão ter acesso aos mesmos matérias, o que irá gerar uma contextualização forjada. Outro ponto muito importante a ser comentado, é o absurdo de que a criança aprenderá a escrever vendo o professor escrevendo na lousa. Nós educadores, mais do que ninguém, sabemos que a aprendizagem é muito mais fácil de ser compreendida e absorvida quando a mesma faz sentido ao aprendiz. Como justificar o aprendizado e principalmente a alfabetização se o aprendiz está fazendo papel de “escriba”, sem ao menos compreender um pouco da complexidade do que realmente significa escrever.

Outro equivoco da época, foi o fato de que o professor faz um papel de “mediador” neste processo de alfabetização, o professor responderia aos questionamento feitos pelos alunos. Porém sabemos que o processo de alfabetização exige metodologias e cronogramas sistemáticos para que um bom resultado