A Psicologia da Educação
Por: Nashira Gaia • 14/11/2020 • Trabalho acadêmico • 4.386 Palavras (18 Páginas) • 200 Visualizações
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BRASÍLIA
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1. A delimitação conceitual do campo da Psicologia do Desenvolvimento
Tradicionalmente o estudo do desenvolvimento humano focou o estudo da criança e do adolescente, ainda hoje muitos dos manuais de psicologia do desenvolvimento abordam apenas esta etapa da vida dos indivíduos (Bee, 1984; Cole & Cole, 2004).
O interesse pelos anos iniciais de vida dos indivíduos tem origem na história do estudo científico do desenvolvimento humano, que se inicia com a preocupação com os cuidados e com a educação das crianças, e com o próprio conceito de infância como um período particular do desenvolvimento (Cairns, 1983; Cole & Cole, 2004; Mahoney, 1998).
No entanto, este enfoque vem mudando nas últimas décadas, e hoje há um consenso de que a psicologia do desenvolvimento humano deve focar o desenvolvimento dos indivíduos ao longo de todo o ciclo vital. Ao ampliar o escopo de estudo do desenvolvimento humano, para além da infância e adolescência, a psicologia do desenvolvimento acaba por fazer interface também com outras áreas da psicologia. Só para citar algumas áreas temos: a psicologia social, personalidade, educacional, cognitiva (MOTA, 2005, p. 106).
As mudanças no desenvolvimento são adaptativas, sistemáticas e organizadas, e refletem essas situações internas e externas ao indivíduo que tem que se adaptar a um mundo em a um mundo em que as mudanças são constantes (Papalia & Olds, 2000).
Variáveis internas podem ser entendidas como aquelas ligadas à maturação orgânica do indivíduo, as bases genéticas do desenvolvimento. Recentemente, os processos inatos que promovem o desenvolvimento humano voltam a ser discutidos por teóricos do desenvolvimento humano (Cole & Cole, 2004).
As variáveis externas são aquelas ligadas à influência do ambiente no desenvolvimento. As abordagens sistêmicas de investigação do desenvolvimento humano há muito chamam atenção para a importância de se entender as diversas interações que ocorrem nos múltiplos contextos em que o desenvolvimento se dá. Incluindo-se nesta discussão uma análise do momento histórico em que o indivíduo se desenvolve (MOTA, 2005, p. 107).
Através da identificação dos fatores que afetam o desenvolvimento humano podemos pensar sobre trabalhos de intervenção mais eficazes, que levem a um desenvolvimento harmônico do indivíduo. Sendo assim, os conhecimentos gerados por essa área da psicologia trazem grandes contribuições para os trabalhos de prevenção e promoção de saúde. Aqui a concepção de saúde adquire uma perspectiva mais ampla e engloba os diversos contextos que fazem parte da vida dos indivíduos (MOTA, 2005, p. 107).
2.Evolução histórica da Psicologia do Desenvolvimento
Biaggio e Monteiro (1998) estudando a evolução histórica da psicologia do desenvolvimento humano sistematizam o estudo do desenvolvimento humano em fases, cada fase englobando um período de mais ou menos dez anos. Propomos a seguir uma atualização desta divisão acrescentando também uma análise do período formativo da psicologia do desenvolvimento (Cairns, 1983).
2.1. Primeira fase (1920-1939 aproximadamente)
Este foi um período de grande investimento no estudo do desenvolvimento da criança, embora tenha se publicado os primeiros estudos sobre envelhecimento (Hall, 1922 citado por Cairns, 1983) e adolescência (Hall, 1904 citado por Cairns, 1983).
2.2. Segunda fase (1940 – 1959 aproximadamente)
Esta fase foi grandemente influenciada pela depressão de 30 e pelas Guerras que levam a uma escassez de investimentos em pesquisa. O interesse nesta época ainda se concentra no estudo da criança, especialmente no estabelecimento de relações entre variáveis que afetam o desenvolvimento (Cairns, 1983).
2.3. Terceira fase (1960-1989 aproximadamente)
A Revolução Cognitiva atinge a psicologia do desenvolvimento. Vários aspectos da cognição são investigados dentro da Abordagem do processamento de informação. Há um crescente interesse pela psicobiologia e pelas bases biológicas do comportamento (MOTA, 2005, p. 109).
2.4. Quarta fase (1990- dias atuais)
Novos paradigmas na psicologia do desenvolvimento emergem. O caráter interdisciplinar da disciplina, a importância de se discutir e incorporar nas pesquisas os diversos contextos em que os indivíduos se desenvolvem, inclusive a dimensão histórica do desenvolvimento começa a ser discutida (Dessen & Costa Jr, 2006; Seidl de Moura & Moncorvo, 2006).
- A aprendizagem e a afetividade
A afetividade está sempre presente nas experiências empíricas vividas pelos seres humanos, no relacionamento com o ‘outro social’, por toda a sua vida, desde seu nascimento (ALENCASTRO, 2009, p. 17).
Sabe-se que a aprendizagem é um processo que, uma vez iniciado com o nascimento, só finda com a morte. Isso significa que em qualquer etapa, em qualquer situação, ou em qualquer momento, o indivíduo está aprendendo, sendo que, à medida que aprende varia seu comportamento, seu desempenho, sua ótica, seus enfoques (ALENCASTRO, 2009, p. 17).
Por isso a afetividade e a aprendizagem estão relacionadas entre si, deste a nascença do ser humano, tendo como princípio sua vivencia.
O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará (WADSWORTH, 1997, p. 23).
Na medida em que os aspectos cognitivos se desenvolvem, há um desenvolvimento paralelo da afetividade. Os mecanismos de construção são os mesmos. As crianças assimilam as experiências aos esquemas afetivos do mesmo modo que assimilam as experiências às estruturas cognitivas (PIAGET, 1982, p.17).
A afetividade é o suporte da inteligência, da vontade, da atividade, enfim, da personalidade. Nenhuma aprendizagem se realiza sem que ela tome parte. Muitos alunos há cuja inteligência foi bloqueada por motivos afetivos; outros há cuja afetividade não resolveu determinados problemas, apresentando falha no comportamento. A afetividade constitui a base de todas as reações da pessoa diante da vida de todos os seus acontecimentos, promovendo todas as atividades (HILLAL, 1985, p. 18).
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