A Síntese de Letramento

            Na aprendizagem da leitura e escrita, o professor deve conciliar os dois processos (alfabetização e letramento), assegurando a aprendizagem e possibilitando seu uso nas práticas sociais. É fundamental ao trabalho do professor com sua prática ao letramento, o trabalho com gênero textual. O docente deve prezar por ações que fazem parte do cotidiano do aluno, adequando às aulas ao nível de letramento de seus educandos. Mesmo que o aluno não esteja alfabetizado ou tenha um nível baixo de alfabetização, possui um determinado nível de letramento, de acordo com sua experiência no mundo grafocêntrico no qual vivemos.

            O que se pretende com um ensino em gêneros textuais é que o aluno tenha a oportunidade, na escola de explorar diversos gêneros que fazem ou não parte de suas interações sociais. Não é possível trabalhar todos os gêneros, mas no ambiente escolar, pode-se apresentar e ensinar muitos dos gêneros nos quais estão inseridos e com os quais agem socialmente. A escola representa o principal meio de contato com o universo da escrita, para muitos alunos da EJA.

            Conforme a Proposta Curricular Nacional para a Educação de Jovens e Adultos (2001), na alfabetização, é desejável que seja oferecida ao aprendiz uma amostra dos diversos gêneros e tipos de textos, que circulam em diferentes esferas ou contextos sociais. É muito importante apresentar essa variedade de textos, ter acesso a textos literários e valorizar práticas vivenciadas pelos alfabetizando além da sala de aula. Assim desenvolvem produções textuais próprias, desenvolvem a competência discursiva e ampliam a capacidade de produzir e interpretar textos.

            Segundo Marcuschi, “O trabalho com gêneros textuais é uma extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos, no dia-a-dia” (MARCUSCHI, 2006:35). Portanto, a diversidade de gêneros ajuda na ampliação do universo cultural e no contato constante com o mundo letrado.

            De acordo com um trabalho realizado com as turmas de (PROEF 1),situado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Esse projeto contribui para a inclusão, por meio de alfabetização de pessoas jovens adultas e idosas.

            Foram trabalhadas algumas atividades como: cartas, charges e tirinhas. Enfim, foram inseridos diversificados gêneros textuais nas práticas didáticas com a turma. Todas as atividades possibilitaram aos alunos reconhecerem a dicotomia discursiva dos textos orais e escritos, a estrutura e a linguagem utilizada em cada gênero. A aprendizagem se faz através da participação, do diálogo, da troca de experiências, de significados e da colaboração entre todos. Nesses ambientes há uma permanente preocupação com o pleno desenvolvimento dos sujeitos e com o preparo para o exercício de sua cidadania. Nessa sociedade que vivemos em que muitas pessoas são excluídas, seja por motivo de credo, cor ou situação social. O conhecimento junto á aprendizagem com o domínio da leitura e da escrita, traz um alento, uma realização, uma exclusão na sociedade.

Referências Bibliográficas

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKTHIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo, Martins Fontes, (1979). 1992.

BAZERMAN, Charles. Gênero agencia e escrita. São Paulo: Cortez, 2006.

BRASIL, Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1997. Vol. 2.

FREIRE, Paulo. Educação com prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.

MARCUSCHI,Luiz Antônio. “Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação”. In: Gêneros textuais: reflexões e ensino/ Acir Mário Karwoski, Beatriz Gaydeczka, Karim Siebeneicher Brito (org.). 2. Ed. ver. E ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. P.23-55.