A TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Por: 08971926996 • 30/5/2020 • Artigo • 1.923 Palavras (8 Páginas) • 196 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
BRUNA HELOIZA KACHAROWSKI PEREIRA CASTANHO
UTILIZANDO UEPS NAS AULAS DE CIÊNCIAS EM UMA ESCOLA DO CAMPO DE ENSINO FUNDAMENTAL
CURITIBA
2019
Resumo
O presente artigo tem como objetivo construir e analisar, a partir dos estudos e conhecimentos construídos na disciplina Teoria da Aprendizagem Significativa, uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativo, tal qual compreender em linhas tênues os principais aspectos da teoria e aperfeiçoar o ensino por projetos em uma escola do campo. A TAS é um referencial teórico que incentiva a valoriza os conhecimentos prévios dos alunos e traz a proposta de que o sujeito seja construtor de seus próprios conhecimentos, sendo o professor um "facilitador" deste processo. Para este trabalho, foi elencada uma sequência de atividades de ciências organizadas em UEPS baseadas na teoria a fim de avaliar a significação dos conhecimentos apresentados e as dificuldades encontradas na realização deste modelo de atividade.
Palavras- chave: Aprendizagem Significatica, ensino, aprendizagem, prática docente.
- INTRODUÇÃO
O propósito deste artigo é trazer através de pesquisas bibliográficas de referenciais da Teoria da Aprendizagem Significativa, as relações entre ensino e aprendizagem, analisando as condições para que a Aprendizagem Significativa ocorra e desenvolver uma sequência de atividades em forma de Unidades de Ensino Potencialmente Significativo (UEPS) para uma escola do campo na disciplina de ciências. As atividades foram pensadas para um período de dez aulas, acontecendo uma vez por semana durante as aulas de ciências, numa escola municipal de nível I, localizada na zona rural da região metropolitana de Curitiba, em uma turma bisseriada de segundo e terceiro anos, sendo 14 alunos em faixa etária de 7 a 9 anos, todos moradores da comunidade onde se situa a escola e filhos de trabalhadores do campo. A construção da UEPS ainda tem por objetivo levantar questões que auxiliem nos futuros planejamentos desenvolvidos pela escola e pela professora, a fim de aprimorar a relação entre ensino e aprendizagem.
Nas escolas de modo geral é comum ouvir falar que "o professor deve ser mediador da aprendizagem", "os conhecimentos trazidos pelo aluno devem ser valorizados" e até mesmo o termo “aprendizagem significativa”, afirmações que remetem à TAS. No entanto, ao observar mais atentamente as metodologias de trabalho utilizadas pelos profissionais, percebe-se que a TAS não se aplica e que estes termos são utilizados sem conhecimento aprofundado, gerando discursos como: "o conteúdo não importa, o que importa é o raciocínio do aluno", "não se pode corrigir o erro do aluno!"; "não se deve ensinar a tabuada!"; "o aluno deve ser deixado livre para agir", (Chakur et al., 2004). No que se refere ao cotidiano escolar é possível perceber que os professores, para não reproduzir o modelo tradicional, realizam aulas que envolvem dinâmicas, alunos em grupo e projetos, mas muitas vezes este trabalho não leva o aluno a construir seus conhecimentos, apenas o faz reproduzir de modo mais participativo, pois fora baseado num planejamento pobre em fundamentação teórica.
As teorias de cognição para a educação são de grande contribuição, principalmente pelo fato de valorizar a criança enquanto sujeito no triângulo aluno-professor-conteúdo, entretanto, no que diz respeito as mudanças sugeridas pela TAS, é necessário trabalhar questões que vão além dessa relação, que envolvem toda a dinâmica escolar e a estrutura da escola. O professor precisa abandonar seu papel tradicional de detentor do conhecimento e se tornar um facilitador da aprendizagem. O aluno também, por sua vez, recebe a tarefa de elaborar ideias, perguntar, formular hipóteses, discutir, pesquisar, não somente repetir, mas se questionar.
Toda essa dinâmica também implica em questões de conflito, pois o professor pode deixar de apresentar conhecimentos aos alunos, por não seguir exatamente a um cronograma pré-estabelecido com os conteúdos escolares esperados para cada etapa, e os alunos, ao terem essa autonomia para construir seus conhecimentos nem sempre chegam ao resultado esperado pelo professor. Outra questão conflitante são os conhecimentos que não são lógico-matemáticos e que dificilmente serão construídos pelo sujeito se não forem a ele apresentados, como as datas comemorativas e os fatos históricos, conhecimentos estes que a escola também tem a responsabilidade de passar às novas gerações, e que muito são condenados por se tratarem de memorização, o que nos leva a perceber que em alguns momentos o professor precisará levar a informação pronta ao aluno se for algo de memória importante aos estudantes, mas sem permitir que a memorização seja mais importante que a aprendizagem.
Trabalhar à luz da TAS permite que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado através da experimentação, da pesquisa, da dúvida. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo. Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive, vão sendo formados esquemas que lhe permitem agir sobre a realidade de um modo muito mais complexo do que podia fazer com seus reflexos iniciais e constrói um mundo de objetos e de pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações sobre o que irá acontecer.
De acordo com Becker (2003), ao considerar o conhecimento como matéria-prima do trabalho do professor, um dos seus principais desafios é que o aluno entenda, por reflexão e tomada de consciência própria, como realiza determinadas tarefas, ou seja, como as situações propostas pelo professor podem promover a compreensão sobre o fazer. Logo, as práticas pedagógicas desenvolvidas na escola devem promover o desenvolvimento na medida em que o aluno participa das atividades, proporcionando situações em que o aluno compreenda os procedimentos e construa seus próprios significados.
Ao tentar solucionar um problema, a criança irá recorrer aos seus conhecimentos anteriores, e chegará a uma resposta inicial, porém provisória, e deverá realizar modificações de seus sistemas de conhecimento para chegar a uma resposta. Assim, “o trabalho do professor consiste, então, em propor ao aluno uma situação de aprendizagem para que elabore seus conhecimentos como resposta pessoal a uma pergunta, e os faça funcionar ou os modifique como resposta às exigências do meio” (BROUSSEAU, 1996, p. 49).
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